Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Em defesa dos profissionais

Já passou da hora de jornalistas, relações-públicas e, principalmente, publicitários saírem em defesa de suas profissões após o tsunami das CPIs e de Marcos Valério, que, aliás, é empresário, e não publicitário. Nas empresas e organizações públicas e privadas esse efeito se faz sentir de maneira, digamos, mais abrupta.

A exemplo de parlamentares que se dizem honestos e estão com vergonha de usar em recintos públicos o broche na lapela que os identifica, nós, comunicadores empresariais, também já estamos passando por constrangimentos e assédio moral devido a esta catástrofe que não causamos, muito pelo contrário.

Pára-quedistas de volta

Para fazer da comunicação a peça estratégica que é na engrenagem do cotidiano ou da boa gestão empresarial, todos sabemos que precisamos primeiro de informação e depois de qualidade nos meios de divulgação. Queremos sempre o melhor porque o que vendemos não é mídia impressa nem eletrônica, mas a imagem e a marca de nossas empresas e instituições.

Hoje voltamos a ser vistos como os sujeitos que só pensam em gastar – a comunicação como despesa, e não como investimento. Esquecem que, ao escolher caminhos de excelência, estamos investindo na solidez de uma comunicação bem feita, seja a favor de um produto ou de um bem como a responsabilidade socioambiental e o trato com as comunidades.

Já estão colocando de volta em nossos lugares profissionais de outras áreas, os pára-quedistas que pensam saber fazer comunicação. E não se assustem se em breve voltarmos a ser meros produtores de ‘jornaizinhos’ e ‘festinhas de fim de ano’, com um bem-organizado caderninho de datas e aniversários. Ora, em torno do mercado publicitário gravitam dezenas de outras atividades afins, de gráficas a fábricas de brindes, e as agências, a gente sabe, agenciam, não estão faturando 100% do que lhes é pago por serviços prestados. Os publicitários não podem ser taxados de ladrões e ficar por isso mesmo. Afinal, nossa propaganda é uma das melhores do mundo e isso se consegue com talento, criatividade e, claro, investimento no que há de melhor.

Verdadeiro desmanche

Os jornalistas têm cumprido o seu papel principal de defesa da sociedade, mantendo-a informada. Não fosse nossa imprensa livre não estaríamos conhecendo os novos podres poderes da República. No entanto, não rebatem críticas a determinadas coberturas consideradas tendenciosas e já se acostumam com o cheiro das pizzas. E nem se colocam à frente de uma mobilização dessa mesma sociedade que informa para que se faça justiça no país com a mesma vontade e opinião que tiveram, por exemplo, ao defender o Sim e o Não no referendo.

Os RPs seguem a mesma trilha, combinando a perplexidade e a conformidade entre um evento e outro, e assim vamos todos vendo nossas profissões serem agredidas, difamadas e novamente relegadas a segundo plano nas organizações porque ‘somos todos iguais ao Marcos Valério e suas agências’. Até quando agüentaremos esta pecha? Passa da hora, urge uma reação efetiva mostrando por que somos profissionais que podem e devem mudar empresas, organizações e sociedades para serem melhores, para que tenham uma imagem positiva e uma marca forte.

Claro que isso não vem acontecendo em todas as organizações, mas no setor público e estatal já se verifica um verdadeiro desmanche de processos de comunicação empresarial estratégicos, e em alguns setores privados também. Seja lá ou cá, temos a responsabilidade de defender a comunicação e seus profissionais. Que seja agora! Senão, a reboque da crise virão o descrédito da mensagem, a desvalorização das pessoas, a desvaloração dos serviços e, pior de tudo, a chacota, o desemprego e a perda de espaço.

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Jornalista