Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Ernesto Rodrigues

‘O telespectador Daniel Pacheco enviou email no qual diz que não concorda com a transmissão da missa de Aparecida, nas manhãs de domingo, pela TV Cultura, por considerar o fato ´inaceitável e inconstitucional` em uma TV pública que ´recebe dinheiro de um estado laico´. Argumenta ainda que o Brasil ´é uma democracia laica e não uma teocracia cristã ou católica´.

Ele não revela, em seu email, se segue alguma religião, mas sugere que o que chamou de ´outras seitas` e os ateus ´deveriam ter os seus próprios programas´. Não deixa muito claro, portanto, se defende a eliminação do que entende ser uma irregularidade ou a extensão dessa irregularidade para outros credos. Ainda assim, a questão que ele levanta merece um posicionamento por parte da direção da TV Cultura.

Quem toca?

O telespectador Victor Hugo da Costa Pires se diz um feliz apreciador de música e dos concertos clássicos exibidos pela TV Cultura. Ele se queixa, porém, com toda razão, de um problema que pode ser resolvido facilmente.

Diz que, se não começa a assistir ao concerto desde o início, nunca fica sabendo o que está sendo executado, quem está regendo a orquestra e quem compôs a música. É mais do que justificável, portanto, a inserção regular de caracteres com essas informações, durante os concertos.

Conheça os pontos positivos e negativos da programação exibida na última semana. Saiba quais atrações da TV Cultura ganharam destaque e as que ainda podem melhorar.

Canja preciosa

(Metrópolis, 4 de agosto)

O emocionante momento com Frederika von Stade, cantando ´La vie en rose` na Sala São Paulo, foi uma prova do poder que a televisão tem de transformar fragmentos de um espetáculo em um outro tipo de conteúdo que, mesmo sendo obviamente muito mais curto, de vida breve e limitado, tem um valor em si.Afinal, se não podemos ir à Sala São Paulo, temos uma noite de segunda-feira aquecida por alguns segundos de arte e beleza. Isso é televisão. Boa televisão. E, é sempre bom lembrar, gratuita.

Despedida

(Repórter Eco, 6 de agosto)

A despedida seguida de homenagem à apresentadora Flávia Lippi, depois de 16 anos de Repórter Eco, foi bonita, pertinente e, acima de tudo, emocionante.

Receita certa

(Metrópolis, 6 de agosto)

Um dia de surpresa e variedade visual: a crônica de aniversário do grupo Massaroca, os esqueletos inusitados da exposição Animatus, os grafites eletrônicos do grupo Graphic Research Lab no céu noturno de São Paulo, a inauguração do novo cenário com as telas e o perfil de João de Souza, o clipe de Big Boi e o episódio do sofá fedorento, o melhor até agora da série ´Conversas de elevador´, de Felipe Reis. Com um conteúdo desse, o resultado do Metrópolis não poderia ter sido outro: um bom programa de televisão.

65 horas de discussão

(Opinião Nacional, 7 de agosto)

A equipe do Opinião Nacional merece parabéns, por fazer o único programa de debates da TV aberta brasileira e por sua impressionante estatística de 66 horas de discussão sobre praticamente todos os temas que mobilizam a sociedade brasileira, com a participação de 355 convidados e 1500 telespectadores cadastrados. A exibição de uma reportagem com o retrospecto do primeiro ano do programa, aliás, mostrou muito bem a diversidade e a riqueza do conteúdo apresentado, com um detalhe importante: mostra o quanto o Opinião Nacional tenta se aproximar da sociedade e se afastar do perfil de outros ´debates` da TV que se tornaram palanque de políticos, em certos canais. Nada contra os políticos, mas o fato de o programa ter tido apenas 45 políticos entre os 355 convidados do ano é uma prova incontestável de que o olhar do Opinião Nacional está na direção desejada certamente pela maioria dos cidadãos-telespectadores.

Mata a cobra…

(Jornal da Cultura. 4 de agosto)

O saudável esforço da repórter para resumir, em sua passagem, os destaques da participação dos ex-ministros Delfim Netto e Bresser Pereira no debate organizado pelo Estadão, continha uma temeridade: ela disse que os dois consideram a política econômica do governo ´suicida´, mas a matéria não tinha falas em que os dois usavam esse fortíssimo adjetivo. Declarações contundentes como essa precisam, sempre que possível, ser mostradas. Como a matéria fez, aliás, na fala em que Delfim disse faltar, ao governo brasileiro, a inteligência que, segundo ele, existe nos outros governos do planeta.

Armadilha de reprise

(Vitrine, 5 de agosto)

Uma armadilha de reprise que poderia ser evitada: no final da reportagem sobre o grupo Pó de Minoga, o telespectador é informado de que a exposição pode ser vista ´até amanhã´. Só que ´amanhã´, no caso, significava domingo, dia 3, e a reprise estava sendo exibida no dia 5, terça-feira.

O que foi feito dele?

(Jornal da Cultura, 5 de agosto)

Uma das curiosidades imediatas que vêm à mente nas reportagens com astros e personalidades do passado diz respeito à vida atual do entrevistado, suas atividades e o lugar onde vive. Era o caso de William, ex-levantador da seleção de vôlei nas Olpimpíadas de 84 e personagem da série do JC sobre os jogos. No caso de William, infelizmente, o telespectador ficou na curiosidade…’