Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Folha pede a cabeça do
secretário Saulo Abreu


Reproduzido do blog Entrelinhas, 13/07/06


A edição desta quinta-feira da Folha de S. Paulo não deve ter sido bem digerida no ninho tucano. O jornal perguntou de forma bastante direta aos principais candidatos ao governo paulista se eles demitiriam o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, em função do agravamento da crise no Estado. Aloizio Mercadante e Orestes Quércia responderam que sim – o petista fez graça e disse que jamais teria nomeado Saulo para o cargo.

O candidato do PSDB ao governo paulista, ex-prefeito José Serra, não respondeu o que faria. Em política, há evasivas que acabam ganhando mais poder destrutivo do que uma resposta franca. No caso de Serra, corre nos bastidores tucanos a versão de que também ele jamais teria nomeado Saulo para tomar conta da segurança paulista. O candidato, no entanto, não tem coragem suficiente para expor suas divergências com o atual comando da secretaria de Segurança Pública (e com muitos outros secretários nomeados por Geraldo Alckmin) e fica nas evasivas. Não consegue dizer com clareza o que mudaria porque, em tese, defende a continuidade da gestão tucana, agora momentaneamente pefelista, com a substituição de Alckmin por Cláudio Lembo. E também não consegue defender com entusiasmo a postura adotada por Saulo, da qual diverge.

O secretário de Segurança, de sua parte, partiu para a ofensiva e colocou uma parcela da culpa dos acontecimentos na imprensa, mais especificamente na Folha de S. Paulo. Segundo Saulo, a divulgação de uma suposta lista de 40 presos que seriam transferidos para um presídio de segurança máxima foi o estopim da nova onda de ataques. O secretário, no entanto, teve dificuldades para sustentar a versão, pois o jornal foi para a gráfica com a tal lista depois que os ataques já tinham começado. A menos que o PCC tivesse algum jornalista infiltrado na Folha, portanto, a lista não seria de conhecimento das lideranças da organização.

De toda maneira, não deixa de ser interessante notar que a Folha não apenas conseguiu expor a divergência entre Serra e Saulo como deu um abre de página com título defendendo a demissão do secretário, o mesmo que horas antes havia culpado o jornal pelo início dos ataques criminosos.