Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Indicadores de uma catástrofe anunciada

Se existisse imprensa quando o Todo Poderoso alertou Noé para o Dilúvio, a reação não seria tão frenética como a da última sexta e sábado (2 e 3/2) quando foi divulgado, em Paris, o relatório sobre os efeitos desastrosos do aquecimento global.


As previsões são tão claras, tão transparentes e cientificamente tão comprovadas que não sobra outro caminho senão levá-las a sério. A certeza quase absoluta de que o homem é o grande responsável pela transformação do clima agrava-se ainda mais quando se constata que todos são igualmente culpados, diligentes parceiros na preparação da catástrofe. Inclusive nós, brasileiros.


Estamos acabando com os pulmões da Amazônia, com o que sobrou da Mata Atlântica, estamos acabando com o Pantanal e estamos desertificando os pampas. E, no entanto, há mais de 30 anos o Brasil reinventou o álcool-combustível, uma revolução verde capaz de neutralizar os efeitos perniciosos da queima da gasolina.


Segunda marcha


Os jornais e revistas de sábado e domingo, com o sói acontecer no primeiro fim de semana do mês, estavam carregados de anúncios de carrões espetaculares. Os fabricantes ofereciam câmbio automático, motores possantes, um deles prometia um notebook como brinde e, outro, jurava que seria capaz de colocar uma loura ao lado do motorista.


O sistema flex de combustível – o bicombustível, criação brasileira – não entusiasmou fabricantes e concessionárias, nem mesmo entusiasmou os jornalistas que preparam as informações dos cadernos de automóveis e de classificados. Como se estivéssemos no melhor dos mundos, engrenamos uma segunda e partimos velozmente em direção do apocalipse.