Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornais lucram com menina desaparecida

O caso da menina britânica Madeleine McCann, que desapareceu há seis meses quando passava férias com os pais em um resort em Portugal, continua sem solução. A falta de novidades – boas ou ruins – não intimida os tablóides ingleses, que, para manter a história em destaque, apelam para qualquer novo dado, por menor e mais irrelevante que seja.

A notícia de que o médico Gerry McCann, pai de Madeleine, voltou ao trabalho foi alardeada pelo Evening Standard. Especulações sobre o paradeiro da menina também ganham espaço privilegiado. ‘Eu vi Maddy [apelido de Madeleine] ser levada por um táxi’, anunciou o tablóide rival The Mirror há alguns dias. E, por fim, suspeitas de envolvimento dos pais no desaparecimento da menina parecem ser o tema favorito. ‘Bomba no DNA de Maddy: novos resultados colocam pais na berlinda’, declarou o Standard.

Madeleine, de quatro anos, desapareceu de seu quarto em um hotel na Praia da Luz, no início de maio. Os pais alegam que a deixaram dormindo, junto com dois irmãos menores, para ir jantar com alguns amigos. Até agora, a polícia portuguesa apontou três suspeitos: Robert Murat, um britânico que vive na Praia da Luz, e os pais de Maddy, Gerry e Kate. Todos negam a acusação.

Troca de farpas

Fora isso, o caso teve pouco desenvolvimento concreto. Apesar da falta de informações quentes, a história continua a render muito assunto aos tablóides britânicos e também a jornais em Portugal e em todo o mundo. A insistente cobertura jornalística tem, de fato, contribuído com a circulação dos jornais no Reino Unido – já que, a esta altura, a população parece bastante interessada em todos os aspectos do caso e em todos os passos do casal McCann. Também em Portugal, os jornais dizem que a história tem sido ‘positiva’ para as vendas. ‘É uma palavra terrível para se usar em um caso trágico como este, mas a verdade é que vendemos mais jornais’, diz Leonardo Ralha, editor do jornal português Correio da Manhã.

Ainda que nos primeiros meses os jornalistas britânicos e portugueses estivessem em harmonia, solidários com a dor da família McCann, o tom da cobertura e dos comentários mudou. Hoje, a imprensa inglesa acusa a polícia portuguesa de negligência e falta de vontade em solucionar o caso. Já comentaristas portugueses têm acusado Gerry e Kate de não ser emotivos o bastante; a habilidade do casal como pais também é questionada. Já os McCann, que de início colaboravam com a imprensa, aparentemente com o objetivo de divulgar o caso e ajudar nas buscas, afastaram-se dos jornalistas depois que passaram a ser considerados suspeitos do crime. Informações de Eric Pfanner [The New York Times, 12/11/07].