Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornalista americana é libertada no Iraque

Foi libertada nesta quinta-feira (30/3) a jornalista americana Jill Carroll, seqüestrada em janeiro no Iraque. A notícia da soltura foi dada pela agência italiana ANSA, após anúncio feito pelo político iraquiano Tareq al-Hashemi. ‘Ela foi libertada esta manhã, falou com o pai e está bem’, afirmou David Cook, chefe da sucursal de Washington do diário Christian Science Monitor, para onde Jill trabalha como repórter freelancer.


Jill foi deixada em frente ao escritório do Partido Islâmico Iraquiano, maior partido sunita do país, em Bagdá. Segundo al-Hashemi, secretário-geral do partido, ela entrou e entregou a funcionários um papel escrito em árabe, identificando-a. Al-Hashemi disse que a jornalista já entrevistou líderes do partido, mas não sabe dizer por que ela foi entregue em seu escritório. O editor do Monitor Richard Bergenheim, a quem Jill reportava quando foi seqüestrada, disse que não houve nenhum tipo de negociação e que o jornal nunca teve contato com os captores. O embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, afirmou em uma coletiva de imprensa em Bagdá que nenhum acordo foi feito pelo governo dos EUA pela libertação.


Em entrevista transmitida pela TV iraquiana, Jill afirmou que foi bem tratada pelos seqüestradores. Ela disse que foi avisada por eles, ao acordar, que seria libertada. ‘E foi isso o que aconteceu. Eles não me disseram o que estava acontecendo’, completou. A repórter contou que ficava presa em um quarto e podia tomar banho em um chuveiro próximo, mas não soube dizer a localização de seu cativeiro. Ela disse também que, certa vez, pôde assistir à televisão e teve acesso a um jornal, mas não sabia se havia negociação sobre sua libertação. ‘Tudo o que posso dizer agora é que estou muito feliz de estar livre e quero ficar com a minha família’, ressaltou.


Brigadas da Vingança


A jornalista foi levada em 7/1 em Bagdá quando seguia para uma entrevista com o político sunita Adnan al-Dulaimi. Seu tradutor iraquiano foi morto na ação. Os seqüestradores, que diziam ser de um grupo chamado ‘Brigadas da Vingança’, ordenavam a libertação de todas as prisioneiras iraquianas até o dia 26/2, ameaçando Jill de morte caso o pedido não fosse cumprido. Após o prazo final, eles não fizeram mais contato.


No fim de janeiro, o Exército americano libertou cinco prisioneiras iraquianas, mas negou que a ação tivesse ligação com a ordem dos seqüestradores da repórter. Durante os quase três meses em que ficou em cativeiro, Jill apareceu em três vídeos entregues para emissoras de TV. Em um vídeo exibido no início de fevereiro pela emissora kuaitiana al-Rai, Jill afirmava que estava bem, mas pedia que fosse cumprida a ordem de seus captores. ‘Tenho pouco tempo. Por favor, façam isso rápido’, dizia ela na gravação. Informações de Julia Day [The Guardian, 30/3/06], Associated Press [30/3/06], Kirk Semple e John O´Neil [The New York Times, 30/3/06].