A Eritréia pode ser considerada uma das piores nações para a prática jornalística. O país africano mantém, atualmente, 30 jornalistas presos, sem julgamento – o que o equipara à China e ao Irã no número de profissionais detidos. ‘Os prisioneiros da Eritréia não são apenas vítimas da crueldade, mas também da indiferença, consentimento ou esforços tímidos dos ‘parceiros’ internacionais do país. O governo tornou-se a desgraça da África’, afirma a organização internacional Repórteres Sem Fronteiras.
Segundo a organização, as três maiores ondas de prisão na última década ocorreram em setembro de 2001, novembro de 2006 e fevereiro de 2009. Quatro jornalistas presos em 2001 não resistiram às condições da prisão e morreram. ‘Oito anos após o presidente Issaias Afeworki ter dado um curso trágico a este país, é hora de mudar de direção mais uma vez e concordar em liberar os jornalistas presos ou levá-los a julgamento segundo as leis internacionais. Contamos com o governo sueco, que atualmente preside a União Européia, para obter concessões de Issaias, especialmente para o jornalista que tem dupla nacionalidade sueca e eritréia’, pediu a RSF.
O jornalista a qual a organização se refere é Dawit Isaac, fundador do (hoje proibido) semanário Setit, preso em 23/9/01. No começo deste ano, Isaac foi levado para um hospital militar, mas está de volta à penitenciária de Embatkala, em Ghinda. Autoridades mantêm em sigilo seu estado de saúde, mesmo com campanhas internacionais pedindo por sua libertação. Em maio, o presidente respondeu a um jornalista sueco que não se importava onde Isaac estava preso, que ele nunca seria julgado e que o governo não negociaria com a Suécia.
Em agosto, dezenas de civis que trabalham para os Ministérios da Informação, Defesa, Relações Internacionais e Segurança Nacional foram forçados pelas autoridades a fornecer as senhas de suas contas de e-mail. Informações da Repórteres Sem Fronteiras [17/9/09].