Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalistas querem fim do estado de emergência

Jornalistas dos principais jornais e emissoras de TV de Bangladesh se reuniram na terça-feira (13/5), em Dhaka, para debater as ameaças sofridas pela mídia local. Eles pedem o fim do estado de emergência no país e o respeito à liberdade de imprensa.


O estado de emergência foi declarado em Bangladesh em janeiro de 2007, após semanas de protestos violentos nas ruas por causa de reformas eleitorais. O país é hoje liderado por um governo interino apoiado pelos militares. Os jornalistas reclamam que o trabalho da imprensa sofre interferência constante de agências militares e civis. ‘A mídia tem trabalhado com direitos limitados e sob pressão das regras de emergência’, declararam os profissionais de imprensa no encontro.


Bangladesh tem um histórico de intimidação da mídia, mas o descontentamento dos jornalistas locais cresceu no último ano por causa da interferência diária de agentes de segurança. Segundo Shyamol Dutta, editor do jornal Bhorer Kagoj, o estado de emergência atrapalha as atividades regulares do jornalismo.


Lista negra


Editores contam que costumam receber telefonemas com ordem para não publicarem determinadas notícias, enquanto emissoras de televisão recebem alertas para não convidar certos comentaristas para programas de debate. Por conta disso, muitos veículos aderiram à autocensura. ‘Os jornalistas críticos às atividades do governo foram colocados em uma lista negra para os programas de TV’, conta Iqbal Sobhan Chowdhury, editor do jornal Observer. ‘Eu sou um deles’.


Além disso, de acordo com informações de grupos especializados em direitos da mídia, profissionais de imprensa em Bangladesh são rotineiramente ameaçados ou agredidos por escrever sobre violência política, corrupção ou crime organizado. Pelo menos 11 repórteres foram mortos nos últimos dez anos. No encontro desta semana, os jornalistas decidiram criar um comitê formal para lidar com os problemas que enfrentam.


O governo interino prometeu a realização de eleições na terceira semana de dezembro. Informações de Julhas Alam [AP, 14/5/08].