Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Juliana Borges e André Campos

‘Liberdade de imprensa e não interferência de poderes externos nas redações sempre foram duas das principais bandeiras defendidas pelos meios de comunicação brasileiros. Tanto é que, toda vez que uma pessoa ou empresa consegue impedir na Justiça a publicação de determinada reportagem – a chamada censura prévia ou judicial, prática cada vez mais freqüente no país -, a mídia costuma fazer ampla cobertura do assunto.

A censura, porém, que nasce dentro das revistas, jornais, emissoras de rádio e TV, permanece cercada do mais completo silêncio. Casos de assuntos e reportagens abafados devido a interesses políticos e econômicos das empresas jornalísticas são realidade em todas as grandes redações. No entanto, esse tema recebe contornos de tabu e segue sem ser discutido nem mencionado.

Existe ainda no jornalismo uma outra forma de censura, anterior àquela imposta pelos patrões e pelos interesses econômicos. É a praticada pelo próprio jornalista, que, consciente ou inconscientemente, barra assuntos que possam desagradar a seus superiores apenas para não criar problemas. Independentemente da origem e das causas, a censura priva a população do livre acesso à informação e, por isso, deveria ser discutida abertamente na sociedade brasileira.

Em janeiro de 1993, o jornal ‘Notícias Populares’ decidiu ‘revelar o maior segredo do país’, numa série de reportagens sobre os acontecimentos do dia em que um trem passou por cima da perna do cantor Roberto Carlos.

Apenas três matérias da série de oito foram para as bancas. Na quarta, a capa do jornal estampou um quadrado preto onde se lia ‘censurado’. Os advogados do cantor conseguiram na Justiça proibir o diário de publicar quaisquer outros detalhes de sua vida.

Na década de 90, esse foi um caso isolado na Justiça brasileira. Porém, a partir de 2000, o número de liminares que impediam a publicação de reportagens se multiplicou. A revista Problemas Brasileiros levantou alguns casos semelhantes e constatou que a censura prévia é um grande ponto de discórdia entre juristas, advogados e jornalistas.

Regime de riscos

Os desentendimentos começam com a própria designação ‘censura prévia’. Enquanto alguns repelem essa prática, outros nem mesmo consideram censura o ato de impedir a publicação de uma reportagem por meio de ação liminar. É o que afirma, por exemplo, o desembargador Jirair Meguerian, que, em outubro de 2002, concedeu uma liminar que proibiu o jornal ‘Correio Braziliense’ de publicar qualquer matéria com citações de trechos de uma gravação telefônica que envolvia o então governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, num escândalo de grilagem de terras. Segundo ele, esse ato – que ele chama de ‘vedação’ – é não apenas válido, como balizado pela Constituição.

Luiz Antônio Marrey, procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo, discorda de Meguerian. Ele não só utiliza o termo ‘censura prévia’ como combate essa prática publicamente. O procurador é taxativo: ‘É claro que existem muitas matérias irresponsáveis no jornalismo brasileiro, mas isso não justifica a adoção de censura prévia. A democracia é um regime de riscos, e é sempre melhor assumir o risco da sanção a posteriori’.

Quando se fala em censura judicial, o eixo de discussão se estabelece em torno de dois princípios básicos previstos no artigo 5º da Constituição Federal: a liberdade de expressão e o direito à privacidade e à defesa da honra.

Aqueles que são expressamente contra essa prática acreditam que o primeiro valor predomina sobre o segundo. ‘A liberdade de imprensa é um direito coletivo, enquanto a defesa da honra é um direito individual. Os interesses de um único indivíduo não devem prevalecer sobre os da sociedade’, defende Taís Gasparian, uma das sócias do escritório Rodrigues Barbosa MacDowell de Figueiredo Advogados, que presta serviços a diversas empresas jornalísticas e repórteres.

Por outro lado, os que defendem esse tipo de intervenção judicial nos meios de comunicação argumentam que cabe à Justiça evitar possíveis abusos da mídia. ‘O equilíbrio entre a liberdade de informação e a defesa da honra pressupõe a atuação do Poder Judiciário. Não como censor, mas como verificador do que seja de interesse da coletividade’, afirma o desembargador Nívio Gonçalves.

Em 22 de outubro de 2002, ele proibiu o ‘Jornal de Brasília’ de publicar qualquer reportagem que envolvesse o nome do político Geraldo Magela com o recebimento de dinheiro para regularização de condomínios. Cinco dias antes, Gonçalves tinha se pronunciado contra a decisão de censura do colega Meguerian ao ‘Correio Braziliense’, no episódio já mencionado. No seu entender, no caso do ‘Jornal de Brasília’, havia indícios expressivos de que o periódico exorbitara de seu dever de informar.

Situações como essa oferecem munição aos críticos da censura prévia, que vêem incoerência em decisões de membros do Judiciário relativas à questão. Além disso, o atual estágio do relacionamento entre a imprensa e a Justiça indica que pode haver muito mais do que uma simples discussão jurídica em jogo. Segundo levantamento do site Consultor Jurídico, realizado em cinco grandes empresas jornalísticas do país, os juízes destacam-se como a classe profissional com o maior número de processos contra jornalistas e veículos de comunicação.

Chico Otávio – repórter do jornal ‘O Globo’ proibido em 2001 pela Justiça de publicar matéria que apontava fraudes em negócios particulares do então governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho – acredita que a atual situação de intenso atrito da imprensa com a lei está gerando também um perigoso quadro de autocensura nas redações.

Em dezembro de 2002, o juiz Antônio Dimas concedeu uma liminar que proibia a revista ‘Você S/A’, da Editora Abril, de publicar matéria sobre irregularidades no mercado de recolocação profissional. A requerente da ação, a Dow Right Consultoria em RH, exigia que a reportagem só fosse veiculada se incluísse um texto assinado pela empresa com a sua versão sobre o caso, numa espécie de direito de resposta imediato. ‘É uma regra básica da Abril não mostrar as matérias antes que sejam publicadas, então não aceitamos as condições’, afirma Maria Tereza Gomes, diretora de redação da ‘Você S/A’. ‘A versão da Dow Right só iria enriquecer a reportagem’, rebate o juiz.

Dimas baseou sua decisão apenas na possibilidade de a reportagem ferir interesses de uma empresa. Para ele, não cabia, num primeiro momento, o julgamento do mérito da questão. Em março de 2003, a ‘Você S/A’ conseguiu, na Justiça, o direito de publicar a reportagem na íntegra, sem interferência da Dow Right. Em setembro, a empresa abriu um processo contra a Editora Abril.

Para os opositores da censura prévia, a preocupação com o aumento dos casos vai além das conseqüências isoladas que eles podem trazer para empresas jornalísticas e sociedade. O medo maior é que novas decisões que proíbam a publicação de reportagens ajudem a legitimar a prática dessa modalidade de interferência do Estado nos órgãos de imprensa. O caso de Roberto Carlos abriu precedente para esse tipo de pensamento, e ocorrências semelhantes colaboram para reafirmar essa idéia.

Escândalos abafados

Mais complexa e velada que a judicial, a censura que ocorre dentro das redações é também mais difícil de ser discutida. Primeiro porque, quase sempre, seu autor tem meios de ‘justificá-la’, já que qualquer assunto pode ser barrado num veículo sob a alegação de que não condiz com sua ‘linha editorial’. Segundo, porque não é fácil de ser comprovada. E, por fim, porque pouquíssimos profissionais do meio estão dispostos a abrir o jogo. Com receio de perder o emprego, a grande maioria evita falar publicamente do assunto. Problemas Brasileiros entrou em contato com jornalistas de diferentes publicações e encontrou três dispostos a contar suas histórias.

Conhecido por seu temperamento explosivo, Claudio Tognolli, repórter especial da rádio Jovem Pan e colaborador dos sites Consultor Jurídico e Observatório da Imprensa, já trabalhou em diversos veículos da mídia. Fala abertamente de grandes tabus do jornalismo, escândalos abafados e matérias censuradas. ‘Por isso, sou vetado em algumas empresas jornalísticas. Mas, como sempre tenho em mãos um material diferenciado, consigo me manter vivo na profissão’, diz. Em sua carreira, Tognolli já teve algumas matérias censuradas.

Um dos casos aconteceu na ‘Veja’, em 1987, quando a revista era dirigida por Elio Gaspari e José Roberto Guzzo. ‘Recebi uma lista de nomes de pessoas que lavavam dinheiro na Bolsa de Valores de São Paulo, em uma operação chamada Day Trade (compra e venda de ações no mesmo dia). Entre os personagens envolvidos estavam integrantes da família Mesquita (dona do Grupo Estado) e um genro do ACM (Antonio Carlos Magalhães), que era sócio da construtora OAS.’ Segundo Tognolli, a matéria chegou até a ser paginada, mas não foi publicada. ‘Não me falaram o motivo, mas ele sempre acaba vazando. Descobri que foi derrubada por ACM’, conta o jornalista. ‘Em um ano que trabalhei na ‘Veja’, vi o político na sala dos diretores no dia do fechamento da revista pelo menos três vezes.’ Procurados pela reportagem, Gaspari alegou não conceder entrevistas e que, por isso, não comentaria o caso, e Guzzo, que estava fora do país, como informou sua secretária, não entrou em contato com a revista.

Tognolli afirma que, no mesmo período, recebeu também uma proposta de suborno de um entrevistado, numa situação que ainda o levou a ter membros de sua família ameaçados. ‘Investiguei um caso de fraude no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e um dos envolvidos, Milton Milreu, tentou me comprar. Ele disse que me daria US$ 10 mil para eu não publicar a matéria. Deixei em aberto porque queria voltar e gravar o cara me dando a grana. Mas meu editor falou para eu esquecer o assunto. A matéria nunca saiu.’

Georges Bourdoukan, um dos criadores do ‘Globo Repórter’ e chefe de reportagem do programa nos anos 70, conta que conviveu com a censura. Não só a militar, mas também a empresarial. Tráfico de órgãos, poluição em Cubatão (SP) e a prisão do então líder sindical Lula são algumas gravações que deixaram de ir ao ar.

A ousadia em tratar certos assuntos acabou cobrando seu preço. Em meados da década de 80, no auge de sua popularidade, a direção da Rede Globo tirou o ‘Globo Repórter’ do ar por alguns meses e demitiu sua equipe. ‘Foi pressão das multinacionais ligadas à área de produtos químicos. Imagina só o que é acabar com um programa que dava 70 pontos de audiência’, exclama. ‘Fizemos uma série de reportagens ecológicas onde mostrávamos que os chamados defensivos agrícolas eram, na verdade, veneno. As empresas se juntaram, conversaram com a emissora e acabaram com o ‘Globo Repórter’. Na mesma época, foi criado o ‘Globo Rural’, com todo esse pessoal patrocinando’, explica Bourdoukan. Armando Nogueira, diretor do Núcleo de Jornalismo da Globo na época, e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que era o responsável pela programação da emissora, foram procurados e não se manifestaram sobre o assunto.

Não foi só na Rede Globo que o jornalista teve problemas com a censura. Ele afirma que, quando trabalhou na TV Cultura, em 1974, havia orientação da Fundação Padre Anchieta para não serem veiculadas imagens de pessoas negras ou feias. ‘Por feio, entenda-se pobre.’

Bourdoukan, que abandonou a profissão de jornalista por opção e hoje é escritor, tem uma visão muito crítica sobre a censura na mídia. ‘Não existe liberdade de informação no sistema capitalista’, afirma.

Anéis e dedos

‘A censura oficial acontece bem menos do que as pessoas imaginam. Eu mesmo sofri duas ou três vezes. O que ocorre cotidianamente é a censura pequena, imposta pelos editores, justificada por outros motivos, que todo dia diz ‘não’ a pautas importantes’, relata o jornalista Leonardo Sakamoto, que há cerca de dois anos e meio criou a ONG Repórter Brasil, uma agência de jornalismo que procura retratar populações, pessoas e lugares do Brasil ignorados pela grande imprensa. ‘Cansei de ouvir que pobre não era pauta, que falar de miséria não era do interesse editorial da revista. É claro que isso é uma forma de censura’, afirma ele.

Para Sakamoto, não apenas as empresas jornalísticas, mas também os próprios profissionais da mídia, que adotam uma postura passiva, são responsáveis por essa situação: ‘Se os repórteres não aceitassem ter suas matérias censuradas e brigassem pela publicação de assuntos que julgam importantes, haveria uma mudança nos grandes temas. Mas a maioria dos jornalistas prefere ceder os anéis para não perder os dedos e deixa passar quase tudo. Se um não fizer o trabalho sujo, tem dez querendo fazer no lugar dele’.

Sakamoto conta que, em 2001, o programa que apresentava na TV USP – ‘Delta Pi’ – foi censurado pela Coordenação de Comunicação Social da universidade. O órgão, vinculado à reitoria da Universidade de São Paulo e responsável pela programação da emissora, proibiu que um debate sobre o Provão fosse ao ar. Insatisfeito com a decisão, o jornalista demitiu-se da emissora.

O atual cenário de crise econômica que atinge a indústria da comunicação torna ainda mais relevante discutir a censura. Para Otavio Frias Filho, diretor de redação da ‘Folha de S. Paulo’, as dificuldades financeiras enfrentadas atualmente podem afetar a autonomia jornalística de veículos da mídia.

A relação entre anunciantes e o que é publicado na mídia é outro grande entrave para a consolidação da independência editorial de um veículo. ‘Para sobreviver, o patrão precisa do anúncio. E, ao aceitá-lo, ele necessariamente vai fazer concessões’, observa Bourdoukan. Bernardo Ajzenberg, ombudsman da ‘Folha de S. Paulo’, tem opinião diferente. ‘Não vejo isso acontecer, por exemplo, na ‘Folha’, a não ser muito episodicamente’, diz. Para ele, a própria competição por leitores e audiência evita essa realidade. Frias afirma que, ao menos em seu jornal, vigora uma rígida separação entre redação e publicidade.

Na verdade, por mais que se queira buscar a livre informação como ideal, a imprensa, para sobreviver, depende de um bom relacionamento com forças econômicas e políticas. Por essa razão, certamente terá sempre enormes dificuldades para se ver livre de influências externas, ainda mais quando todas as grandes empresas da mídia estão endividadas.

A questão, porém, é mais complexa do que parece à primeira vista e não pode ser encarada sob uma ótica romântica, que transforma patrões em senhores maquiavélicos e repórteres em vítimas de opressão. A censura nas redações é diária. No entanto, pode ser muito mais sutil e velada do que a oficial. Como afirma Sakamoto, ignorar a existência do pobre e do excluído é um exemplo de censura disfarçada. E de um tipo ainda mais grave. Porque pior do que barrar um assunto na imprensa é nem considerar que ele existe.

Receita portuguesa

Para evitar que a mídia informativa submeta seu conteúdo a interesses políticos e empresariais, alguns países europeus investiram no desenvolvimento de legislação mais democrática e com mecanismos que permitam maior participação da sociedade civil.

Em Portugal, emissoras de rádio e TV são obrigadas, através da ‘lei de antena’, a disponibilizar espaços na grade horária para organizações profissionais, de proteção do meio ambiente e de defesa do consumidor, entre outras. Além disso, a lei portuguesa determina que o conselho editorial dos jornais tenha metade dos membros indicada pelos jornalistas que trabalham no veículo. ‘É um mecanismo que ajuda a garantir pautas com preocupação informativa, e não só relacionadas aos interesses econômicos do jornal’, afirma Vidal Serrano, promotor de Justiça de São Paulo e autor da tese ‘A Proteção Constitucional da Informação e o Direito à Crítica Jornalística’.

O número de políticos que possuem concessões de rádio e TV é um exemplo da falta de garantias que a legislação brasileira oferece para a independência informativa da mídia nacional. Levantamento feito em 2001 pela assessoria técnica do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados revela que políticos detêm 77% das concessões de rádio e TV do país. Segundo a procuradora Eugênia Fávero, ‘os critérios subjetivos utilizados no processo de cessão das concessões permitem essa distorção’.

Em contraposição ao silêncio existente no Brasil em relação à censura, países vizinhos ao nosso possuem espaços de discussão que contribuem para a reflexão e desmistificação do problema. O Instituto Prensa y Sociedad, com sede no Peru, montou amplo foro de debate online sobre a censura empresarial e política e a sua ocorrência em diversos países latino-americanos. O instituto também coleta informações sobre casos de censura empresarial a ser investigados. Denúncias podem ser enviadas para o site da instituição (www.ipys.org).’



FSP, NOVO OMBUDSMAN
Folha de S. Paulo

Novo ombudsman da Folha assume e quer priorizar qualidade’, copyright Folha de S. Paulo, 4/04/04

‘Além de atuar como o canal de comunicação entre o leitor e o jornal, função básica do ombudsman, o jornalista Marcelo Beraba, 52, que assume amanhã esse cargo, tem um objetivo mais ambicioso: colaborar para a melhoria da qualidade da Folha, num ‘momento difícil’, que, segundo ele, está sendo vivido pela imprensa em geral.

‘As dificuldades são reflexo da crise econômica que se abateu sobre o país’, diz Beraba. ‘Os veículos estão fragilizados enquanto produto. A crise econômica afetou o quadro de profissionais e pode atingir a qualidade. Isso vem acontecendo, embora haja um grande esforço no sentido contrário’, afirma Beraba.

Para o novo ombudsman, o espaço que será ocupado por ele na Folha a partir de amanhã deverá servir de fórum para que temas como internet e noticiário em tempo real sejam debatidos, ‘inclusive com a participação do leitor’.

Jornalista há 33 anos, Beraba é o sétimo profissional a ocupar o cargo de ombudsman desde 1989 -ano em que a função foi criada pela Folha, primeiro jornal a adotá-la no Brasil. Foi antecedido por Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete e Bernardo Ajzenberg.

O ombudsman encaminha à Redação as reclamações dos leitores, critica o jornal em sua coluna de domingo e redige, diariamente, uma crítica interna. Seu mandato é de um ano, renovável por mais dois, e ele não pode ser demitido por seis meses após deixar o cargo. Suas sugestões não têm caráter deliberativo.

Marcelo Beraba é formado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), iniciou sua carreira no jornal ‘O Globo’, em 1971, como repórter de Cidade e de Polícia.

Foi repórter, chefe de reportagem e diretor da Sucursal da Folha no Rio de Janeiro entre 1984 e 1988. Em São Paulo, ainda na Folha, foi editor de Cotidiano, em 88, e editor de Política e do caderno diário sobre a primeira eleição direta para presidente da República desde 1961, publicado durante o ano de 1989.

Entre 1991 e 1996, foi secretário de Redação da Folha, responsável pela área de produção. Em 96, voltou para o Rio, como editor executivo do ‘Jornal do Brasil’, onde ficou até 98, quando retornou a São Paulo como editor executivo do ‘Jornal da Globo’, da TV Globo.

Em setembro de 99, assumiu mais uma vez o cargo de diretor da Sucursal da Folha no Rio, onde permaneceu até o último dia 15.

É presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e foi diretor do Comitê de Liberdade de Expressão e do Comitê Editorial da ANJ (Associação Nacional dos Jornais).

‘Toda minha experiência em jornalismo’, diz Beraba, ‘foi adquirida na vivência interna da produção de um jornal. A perspectiva de passar a ser o defensor do leitor altera muito a forma como vinha atuando até agora, embora o jornalista sempre tenha em mente o interesse de quem o lê.’

Para o novo ombudsman, sua crítica terá como base a preocupação com a melhoria do produto, ‘que é aquilo que em última instância interessa ao leitor’.’



FSP CONTESTADA
Painel do Leitor, Folha de S. Paulo

‘Painel do Leitor’, copyright Folha de S. Paulo

‘2/04/04

Foto polêmica

‘Lamentável a escolha da fotografia dos americanos mortos na Primeira Página de ontem. O que a Folha quis mostrar aos seus leitores? Que é ousada o suficiente para publicar a imagem de atrocidades? A foto nada acrescenta ao relato escrito, que por si só já é suficientemente chocante. Os leitores ganharam engulhos pela manhã e a prova de que não há limites para o mau gosto e o desrespeito à vida.’ Ana Carolina Pereira de Carvalho (São Paulo, SP)’



3/04/04

Elogio

‘Magnífica a Primeira Página deste jornal em 1º de abril de 2004. Se houver um prêmio, e deveria haver se não houver, para ‘a melhor Primeira Página’ do ano, com certeza essa seria uma das finalistas. Em cima, os corpos mutilados de americanos, massacrados pela barbárie e brutalidade de um povo que há muito perdeu o sentido das mais básicas noções de convivência humana. Logo abaixo, a foto das cruzes daqueles que morreram na quarentona revolução de 1964 que o governo atual, como todos os demais que o antecederam após o regime militar, insiste em esquecer e desmerecer continuamente. É verdade: ‘Terrorismo é igual em qualquer lugar! Por que no Brasil é diferente?’.’ Luiz Antonio Beluzzi (Apiaí, SP)

Finanças municipais

‘Sobre a prestação de contas de 2003, a Secretaria de Finanças esclarece que, na reportagem publicada (Cotidiano, 1º/4), foi omitida a informação da diferença entre déficit orçamentário e financeiro. O valor de R$ 590 milhões refere-se ao déficit orçamentário, um problema contábil e para o qual existiam R$ 484 milhões disponíveis no nosso caixa em 31/12 último. Do ponto de vista concreto, o que espelha a real situação do município é o saldo financeiro -a diferença entre os pagamentos devidos e o dinheiro para pagá-los-, que, no nosso caso, foi negativo em pouco mais de R$ 106 milhões. Aproveitamos para alertar que os quadros comparativos publicados mostram que o governo anterior teria fechado o ano de 2000 em superávit. Mas vale lembrar como se chegou a esse resultado: no último momento de seu governo, todos os empenhos foram cancelados, inclusive os liquidados, obrigando a administração Marta Suplicy a renegociar integralmente milhões de reais relativos a centenas de materiais e serviços já entregues e não pagos pelo governo anterior.’ Bárbara Bortolin, assessora de imprensa da Secretaria Municipal de Finanças (São Paulo, SP)



31/03/04

Contrato

‘Ao contrário do que informou a Folha na reportagem ‘Governo tucano dispensa licitação’ (Brasil, 15/3), o governo de Rondônia não paga R$ 29,00 por refeição servida na rede hospitalar pública e os custos apresentados se referem a 12, e não a seis meses, como foi erroneamente reportado. A Folha ainda comete equívocos ao considerar que três refeições diárias são servidas aos pacientes, quando na verdade são cinco, e por desconsiderar as servidas para acompanhantes e plantonistas. É um desjejum, almoço, dois lanches e jantar. Além disso, há ainda os pacientes que recebem alimentação especial (sondas e mamadeiras), implicando custos maiores. Os valores de cada refeição conforme contrato e nota fiscal de empresa prestadora de serviço são: almoço e jantar a R$ 6,43, mamadas a R$ 4,90, lanches e desjejum a R$ 3,70 e sondas a R$ 21,70. O governo também contesta a comparação dos custos de refeição dos pacientes com os apenados do presídio Urso Branco, na capital. São situações diferentes. Nos hospitais, os valores pagos variam conforme o tratamento, específico em cada caso. Em relação à dispensa de licitação, ela ocorreu em razão de o Tribunal de Contas ter suspendido o processo para correções do projeto básico. Como se trata de um serviço que não pode sofrer descontinuidade, foi realizado contrato emergencial até que se efetive a nova concorrência pública.’ Ivo Cassol, governador de Rondônia (Porto Velho, RO)

Resposta do jornalista Tiago Ornaghi – A validade do contrato (por seis meses) foi confirmada pelo secretário da Saúde de Rondônia, Miguel Sena Filho. O valor de cada refeição (cerca de R$ 29) foi calculado pela reportagem com base na informação de que eram três refeições diárias para um total de 678 pacientes, ainda segundo Sena Filho. Sobre a dispensa de licitação, o secretário alegou ‘caráter emergencial’, conforme constava do texto.

Engano publicitário

‘O esperto é apanhado com a mão na botija e se desculpa dizendo que a repreensão pública o ajudará a aperfeiçoar seu comportamento. Atribui seu ato de esperteza a um deslize venial, um ingênuo erro humano desses que nossa bondade paterna é capaz de perdoar. É a boca torta da enganação insistindo no vício de enganar. É demais supor que um profissional com a experiência, a vivência e a ‘espertência’ de um Duda Mendonça se engane assim. Que ele e sua equipe não estejam ‘aperfeiçoados’ ainda o suficiente para distinguir o que é correto e o que é enganoso na escolha de textos ou de imagens para a produção de uma peça publicitária. Ele cometeu um erro e diz que aceita o corretivo dizendo que vai melhorar. É a boca torta do engano, que, ao se desculpar por outro engano, insiste em nos enganar ao se desculpar.’ Sérgio Augusto de Castro (São Paulo, SP)

Pesquisa

‘Útil e louvável a pesquisa Datafolha sobre a avaliação da Prefeitura de São Paulo e o próximo pleito eleitoral. Os resultados devem servir para uma avaliação séria sobre o estado da opinião pública neste momento. Apenas uma questão, sem dúvida menor, merece esclarecimentos e levanta interrogações: qual é a razão que levou o Datafolha a pesquisar um candidato que publicamente declarou que não disputaria a eleição, no caso José Serra, e ignorou a candidatura de Michel Temer, publicamente anunciada pelo PMDB? Por que em nenhum cenário o nome do candidato do PMDB foi pesquisado? A pesquisa incluindo o nome de Michel Temer provocaria alguma modificação nos resultados anunciados?’ Ítalo Cardoso, deputado estadual e presidente do Diretório Municipal do PT-SP (São Paulo, SP)

Nota da Redação – Os cenários foram pesquisados com base em critérios jornalísticos. As candidaturas ainda não foram oficializadas em convenções partidárias e ainda há muitas incógnitas. Existe também uma limitação de ordem técnica para o número de cenários investigados, o que gera a exclusão de alguns possíveis pré-candidatos.

Esclarecimento

‘Com respeito à reportagem ‘Outras administrações do PT são acusadas de favorecer empresas’ (Brasil, 28/3, pág. A8), a Prefeitura Municipal de São Carlos faz as seguintes considerações: 1) A denúncia do vereador de oposição não tem fundamento, uma vez que a empresa Sinalronda sagrou-se vencedora de três processos de licitação, nos quais concorreu com diversas outras empresas e firmou com a Prefeitura de São Carlos três contratos para fornecimento de materiais de sinalização urbana. Ou seja, a referida empresa não forneceu serviços relacionados à fiscalização de trânsito, implantação de radar ou similar, a justificar a ilação de que tenha participado da imaginosa indústria da multa.’ Carlos Alberto Ferreira Martins, secretário municipal de Governo (São Carlos, SP)