Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Mídia local é objeto de censura e violência

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) destaca a relação do governo com a mídia na Venezuela como um dos maiores problemas do setor no continente. De acordo com a organização, que debateu o tema em um fórum em Caracas no fim da semana passada, o recente fechamento de emissoras de rádio venezuelanas faz parte de um plano maior do presidente Hugo Chávez para calar progressivamente as organizações de mídia privadas do país. ‘Nossa grande preocupação é o que Chávez está fazendo na Venezuela, sendo seguido pelo presidente do Equador, Rafael Correa, a fim de transformar uma mídia livre e independente em uma mídia sob ataques e ameaças constantes’, declarou Robert Rivard, editor do jornal americano San Antonio Express-News e presidente do Comitê de Liberdade de Informação e de Imprensa da SIP.

Em agosto, o governo da Venezuela forçou 32 emissoras de rádio e duas emissoras de TV a saírem do ar, alegando que suas licenças de funcionamento não haviam sido renovadas. Segundo os planos do governo, mais 29 emissoras de rádio seriam tiradas do ar. Chávez nega que esteja tentando eliminar vozes críticas na mídia. A emissora Globovisión, que se opõe abertamente ao presidente, passou a ser alvo de diversas investigações que, segundo autoridades, podem levar à revogação de sua licença. Um inquérito criminal aberto este mês tenta determinar se o canal tentou incitar uma rebelião ao exibir uma mensagem de um telespectador que supostamente pedia por um golpe. Desde 2007, quando a licença da emissora RCTV foi revogada pelo presidente, a Globovisión passou a ser o único canal crítico ao governo na TV aberta.

Além da preocupação com a censura, a SIP chama também a atenção para manifestações de violência contra jornalistas venezuelanos. No mês passado, 12 profissionais de imprensa foram agredidos por um grupo de partidários de Chávez. Eles se opunham à nova lei de educação do país, que traz uma cláusula que permite sanções contra artigos jornalísticos que incitem o ódio. Também em agosto, um grupo formado por cerca de 30 militantes pró-governo, armados, invadiram as dependências da Globovisión em Caracas, lançando bombas de gás lacrimogêneo. Com informações de Ian James [Associated Press, 17/9/09].