Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Modelo decadente

Vejo que o problema da televisão brasileira é sempre ter a Rede Globo como referência. Quase nada que a Globo faz pode ser visto como modelo de televisão. Entendo que as outras emissoras devem esquecer o fantasma da Globo e tentar fugir desse modelo decadente e apelativo de televisão. A população precisa de uma programação instrutiva, informativa e séria. Chega de imparcialidade hipócrita. Nós queremos que as emissoras sejam parciais, mas parciaIs com a verdade, com a notícia pura. Precisamos que aa outras emissoras criem uma nova forma de se fazer televisão.

Antônio Carlos A. Ferreira, advogado, São Luís



Falta de opção

A Globo só tem essa audiência toda devido à falta de opções do que assistir, porque os programas do Globo são horríveis. Mas os dos outros canais também, porque estão tentando derrubar a Globo copiando-a, investindo em novela e outros programas do tipo. Acho o Big Brother ridículo, e muitas pessoas que conheço assistem porque não têm mais nada para assistir: esses canais nunca conseguirão derrubar a Globo com essa programação. (…) Se todos pudessem ter TV por assinatura os canais abertos quebrariam, porque há uma diferença imensa no tipo de programação. Depois que coloquei TV por assinatura aqui em casa nunca mais assisti aos canais abertos. Não faço idéia de que novela a Globo está passando, quem são os integrantes do BBB, nada sei da programação dos canais abertos. (…)

Higor Torres



Cataclismo censurado

Venho assistindo a documentários sobre um futuro cataclismo climático no planeta. Por que o assunto não é divulgado/debatido na TV aberta?

Wagner Augusto Moreno, taxista, São Paulo



Todos lêem e nada muda

Lendo a reprodução do artigo ‘Pesquisa aponta princípios que os programas devem ter’, de Daniel Castro [remissão abaixo], fico imaginando: como pode a mídia ‘não ser apelativa’ e ao mesmo tempo ‘ser atraente’? Como ‘ter fantasia’ e ‘mostrar a realidade’? Como ‘despertar o senso critico’ e ‘preparar para a vida’?

Surgem os dilemas da classe média, cada vez mais confusa e perdida em seu ‘novo’ papel imposto pela ‘nova’ vida democrática com o advento do governo Lula. Não basta votar e cobrar. Vai ter que participar. É tudo o que ninguém desejava. Na nossa democracia ‘de auditório’, todos são espectadores e ninguém quer ter que quebrar a cuca para debater as alternativas possíveis. Para nossa sonolenta classe média e medíocre elite pensante, os dias atuais são um martírio.

No artigo usa-se a linguagem dos rankings, bem característica dos norte-americanos, sempre falha e incompleta, desgastada pelos inúmeros rankings que já nos acostumamos a ver nos periódicos do país. Determinar a ‘ordem de importância’ dos elementos listados é outra mania ‘global’ de pensar, linear, limitada, desconsiderando suas múltiplas conexões (e, pior, há os elementos não-listados, pois a lista nunca será perfeita, toda amostragem tem o seu viés… e a classe média paulistana tem muito viés se comparada às classes urbanas da mesma São Paulo, sem falar das demais cidades brasileiras).

O ‘selo de qualidade’ é outra mania da indústria, que tudo ‘rotula’ para consumo. A escola com selo de qualidade, o carro com selo de qualidade, a TV com selo de qualidade… como se isso garantisse a qualidade do ser humano que ‘consome’ esses ‘produtos’. O ser humano se banaliza cada vez mais e depois fica perplexo diante dessa maré de desgraças cotidianas, rotuladas agora como ‘barbárie’. Nada mais ‘natural’ num mundo em que o ser humano é ‘embalado para consumo’, com tantos ‘selos de qualidade’. Como lidar com as ‘peças falhas’ dessa linha de produção cultural?

Os programas de debates e entrevistas para crianças são a ‘cereja desse bolo’ de consumo cultural. Todos querem estar no Jô ou na Gabi (os mais intelectuais, no Provocações de Abujamra). Os adultos buscam sua celebridade de 15 minutos. Agora querem levar isso ao universo infantil. Triste! Pobres adultos que vivem sua insignificância e querem fazer de seus filhos os notórios insignificantes de amanhã.

Criticam-se as novelas por criarem ilusão… mas o que são as novelas? Entretenimento. Vejam os filmes de Hollywood, os quais a mídia global mais e mais copia. Pura diversão, mesmo com fatos e dramas da vida real. Basta ver agora o Jesus de Mel Gibson. É recorde de bilheteria! Outra heresia dessa mesma lista de consumo cultural das classes médias: ‘Confirmar valores’. Os mesmos pais que sonegam o Imposto de Renda todos os anos agora querem confirmar valores! É dúbia a natureza dessa valoração feita pelos pais. Criar falsos mandamentos é tão grave quanto não tê-los. Eu diria, é pior.

Chega de listas, basta de estatísticas. Todos as lêem e nada muda! É a inércia da informação e da comunicação. E a classe média reflete essa ‘barbárie mental’ a que estamos submetidos. Onde está o pensamento crítico dessa linha de pesquisas e listas de mandamentos? Assusta-me o teor ‘absolutista’ das reportagens veiculadas. É hora de amadurecer e refletir. É hora de crescer como nação. A hora é essa.

Emerson Mathias Pinto, economista, São Paulo