Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

O bordel é logo ali

Em um ato de coragem, assistindo ao Fantátisco, acabo deparando com as cenas escatológicas ocorridas na Câmara de Vereadores do município de Redenção, sul do Pará.

Para quem não acompanhou a história, no dia 19 de abril, o que era para ser um congresso de cabeleireiros acabou em danças em traje sensual, bebidas misteriosas e até strip tease. E, com a maior cara lavada, a apresentadora do evento tentou explicar a situação.

‘Aquilo era brincadeira. Aquilo dentro de lá era suco de pêssego. As meninas que estavam lá, tudo preparado, era brincadeira. Isso, em evento de beleza sempre tem. Nem sabia que numa Câmara não podia ficar sem camisa.’

O que restou desse episódio? Pergunta clichê, assim como sua resposta. Restou a polêmica, como conseqüência natural, e uma sindicância, na intenção de apurar responsabilidades.

Porém, como brasileiro – um povo calejado – já deve estar cansado de saber, a sindicância vem com a intenção apenas de um desencargo de consciência, uma satisfação para a opinião pública, vinda daqueles que não se lixam… mas no fim, depois de tudo devidamente apurado, qual será a punição? Existe alguma punição adequada para o estrago feito? Seja qual for a explicação para o ocorrido, equívoco ou má-fé, a questão é o desrespeito àqueles que compareceram ao evento.

O que será Brasília?

Faltou o senso mínimo de civilidade para entender o significado do local onde estavam. Um lugar de onde se espera o mínimo de respeito daqueles que o freqüentam.

Isso me fez pensar no quanto a política brasileira tem ficado bem próximo do que chamamos de casa-da-mãe-Joana. Os políticos já têm má fama, já são chamados de vendidos, de joguetes… Já dizem que é o lugar das negociatas e tramóias, das farras com o dinheiro público e com a boa fé do povo, da prostituição de supostas ideologias em nome de propinas e favores… E agora mais essa.

Já levaram as expressões ao pé da letra usando a Câmara de Vereadores como bordel: ato que partiu do próprio povo, daqueles que deveriam cobrar por respeito. O que mais falta? Se a própria sociedade faz isso, o que será Brasília então?

Melhor não descobrir.

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Jornalista, criadora do blog Limão em Limonada http://limaoemlimonada.blogspot.com, São José do Barreiro, SP