Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O que Dirceu não disse

Deparei com uma sucessiva plêiade de artigos, reportagens, notícias, manchetes, comentários e ilações, pertinentes ou intempestivas, sobre o supostamente polêmico pronunciamento que o ex-ministro Zé Dirceu fez, na Bahia, a um grupo de petroleiros. A tal fala, no auge do processo eleitoral deste 2010, representa uma síntese do que ele chamou de Projeto do PT, quando se delineia um quadro sucessório com disputa acirrada, de forças democráticas indiscutivelmente maturadas à custa de cicatrizes ainda muito doloridas, deixadas pelo período ditatorial militar, de intensa repressão à liberdade de expressão, relativamente recente da história do Brasil.


Evidentemente que li com atenção, e permaneço acompanhando com interesse profissional, o desenrolar desse episódio, uma vez que mantenho relações cordiais com o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, do qual, acho importante esclarecer, nunca fui militante.


Entretanto, por manter um interesse literário, já que gostaria de um dia escrever uma biografia desse político chamado José Dirceu de Oliveira e Silva, biografia esta que ele classifica de ‘pirata’, apesar da vasta quantidade de material que acumulo nos últimos anos através de contatos que fomos estabelecendo, sem compromissos oficiais, ao longo de seis ou sete anos, e este episódio ocorrido na Bahia, às vésperas do pleito nacional, despertou-me observação especial.


A ‘síndrome’ do erro


Decidi obter a transcrição do tal discurso pronunciado pelo Zé para avaliar melhor, ao meu juízo, o quanto de verdade ou de manipulação se saiu ecoando por aí, já que cada lead baseado em frases soltas, fora de um contexto geral, sempre foi um artificio atrativo e oportuno para os que desejam botar lenha na fogueira, tendo em vista interesses de toda a ordem, considerando que forças políticas e poderes econômicos jogam com possibilidades trabalhadas na chamada mídia global, na já consagrada mídia alternativa e ainda na crescente mídia formada pelas redes sociais, fenômeno moderníssimo proporcionado pela comunicação antenada da internet mundial.


Hoje, finalmente, o ex-ministro mencionou, em seu blog, a retratação publicada na Folha de S.Paulo a respeito do referido caso. Eis o post: ‘A Folha de S.Paulo se retrata’:




‘Demorou quase três semanas para que a Folha de S.Paulo se retratasse e publicasse hoje uma `Errata´ informando a seus leitores que eu não falei a respeito de liberdade de imprensa, o que ela distorceu e me atribuiu numa palestra no Sindicato de Petroleiros de Salvador no dia 13 pp. Hoje, em seu caderno Poder, na página 3 de Opinião, na coluna `Erramos´, o jornalão assumiu seu erro.


Coloco aqui, na íntegra, o que a Folha publicou porque os leitores que não são seus assinantes não têm acesso pela net ao texto publicado: `Opinião (19.set, pág. A2):


Diferentemente do publicado no editorial `A mesma síndrome´ e na análise `Texto da Casa Civil já é peça simbólica da radicalização do final da campanha´ (Eleições 2010, 15/9), José Dirceu não disse, durante encontro com petroleiros na Bahia, que há `excesso de liberdade de imprensa´ no país. A frase incorreta constava de relatório sobre o encontro distribuído à imprensa pelo PT da Bahia’ (publicado em 30-Set-2010).


O marketing negativo do inconsciente coletivo


Minha preocupação em avaliar o texto original tem a ver, evidentemente, com a importância da liberdade de expressão, o direito de informação, a livre imprensa e seu papel histórico de manutenção dos direitos humanos fundamentais, o de externar livremente o que se pensa em termos de ideologia, propostas, caminhos para atingir metas, a importância do voto livre, a necessidade de aprendizado constante por parte de sociedades como a nossa e tantas outras ditas de terceiro mundo ou de países emergentes que lutam por reconhecimento e elevação de qualidade de vida para seus cidadãos,tudo isso permeia cabeças como a dele, e a de toda a nossa geração.


Pois recebi dele, primeiramente, um email do qual tomo a liberdade de destacar um trecho:




‘Fique tranquila, estou bem, vou lhe mandar depois a transcrição da fita, com as perguntas do público, alguém diz que existe excesso de liberdade, eu contesto e digo que jamais podemos afirmar isso, que fomos nós que conquistamos a liberdade e aí falo do monopólio e da negação do direito de resposta e da proteção a imagem, do partidarismo da mídia etc. etc. bjs. Zé’


Mas estas palavrinhas educadas não foram suficientes para me tranquilizar. Tenho visto e acompanhado o quanto a nossa imprensa (na qual me incluo, nos meus 40 anos de atividades) peca pela correria na busca de conclusões estigmatizadas, fáceis de serem transmitidas ao público acostumado a manchetes simplórias e sensacionalistas, assuntos que assumem a bola da vez, pedacinhos de julgamentos a priori feitos em tribunais midiáticos que, a posteriori, apesar das retratações que um dia chegam sob o comando da justiça, na verdade não conseguem apagar o marketing negativo que se entranhou no inconsciente coletivo, fruto de uma necessidade humana de assimilar histórias novelescas, intrigantes, que tenham mocinhos e principalmente bandidos, judas, genis, criaturas que são escolhidas para o apedrejamento à la madalena, de efeito muito mais do bíblico, efeito este que carece de um sem número de processos de reparação de danos pessoais, injúrias, calúnias etc.


‘Meu pai era positivista e conservador’


O texto me chegou, levei umas boas horas estudando a transcrição de tudo que o Zé falou na Bahia, ele me escreveu autorizando usar o que julgasse necessário da sua fala que virou alvo de possível instrumento político a ser utilizado, tanto contra como a favor do tal Projeto do PT, uma vez que os opositores dali podem retirar com intenção o que lhes aprouver, em manipulação já velha conhecida de quem trabalha com edição e sabe como isso acontece, com frequência, infelizmente.


Mas, também, com a isenção que me proponho ao ler, reler e transcrever trechos da dita palavra que o ex-ministro Zé Dirceu dirigiu aos petroleiros, realmente sinto-me no dever de destacar pontos que tornam inconsistentes os tantos comentários facciosos e até fantasiosos que pude ler por aí, na chamada grande mídia, nesta hora de eleições e disputas de poderes e interesses.


Vejamos como ele iniciou sua fala:




‘Eu quero agradecer a vocês, ao comitê e a essa oportunidade, essa honra de estar aqui hoje. Na verdade, política é pra ser feita com paixão, né? Política sem paixão… E nós somos o que somos hoje por isso, porque fizemos sempre política com paixão.


‘Para combater a ditadura militar nos anos de 1965 a 1985, durante 20 anos, era preciso ter muita paixão. Todos aqui que organizaram movimento sindical, fizeram resistência à ditadura no setor do petróleo, no setor da petroquímica, das estatais, sabem o que foi o regime militar, o que foi a ditadura.


‘A política entrou na minha vida pelo meu pai. Meu pai era udenista, meu pai era um homem conservador, mas um homem muito liberal nas ideias. Meu pai sempre foi muito tolerante, nunca teve preconceito, combatia o racismo a ferro e fogo. A minha cidade era uma cidade de quilombos em Minas. Minas Gerais e a Bahia são os dois estados brasileiros de mais forte influência negra. Meu pai também era um homem liberal nas relações sociais, sempre respeitoso em relação à igualdade com a mulher. Católico, mas progressista, na igreja ele sempre combateu a supremacia do autoritarismo, da hierarquia clerical, ele sempre foi quase que anticlerical, leitor do Estado de S. Paulo. Meu pai era positivista.


‘Eu fui educado no positivismo, educado no Tesouro da Juventude, que é um livro, é uma enciclopédia francesa e foi traduzida no Brasil, e tem uma introdução de Oliveira Lima. E tive o privilégio de estudar com padres franceses, metahamitas. Metahans é uma cidade francesa, do sul da França, perto de Tarvis, São Miguel de Scariotti. Havia lá, antes de Lourdes, a peregrinação. A grande peregrinação católica francesa era em Metahans, depois é que surgiu Lourdes.


‘E eu convivi com meu pai fazendo política, sendo candidato, perdendo eleição. Quando eu cheguei em São Paulo, fui trabalhar no escritório do deputado, porque meu tio era prefeito de uma cidade pequena do interior de São Paulo, meu tio chamava Antonio Fumero e revendia fumo goiano, passava pelo sul de Minas e ia parar em São Paulo, por muitas décadas.’


‘Nunca houve guerrilha no Brasil’


Por esta introdução, intimista e confessional, verifiquei que todo o discurso prosseguiu em tom de sinceridade e auto-avaliação de político experiente, dirigindo-se a uma classe de atuação importante e decisiva no encaminhamento de um Brasil que alcança patamar de independência na produção de petróleo e gás, fato decisivo para a hegemonia sobre rumos nacionais importantes.


Zé foi, digamos assim, se abrindo aos ouvintes naquele dia, utilizando inteligentemente a rara oportunidade de ter diante de si uma plateia atenta e multiplicadora de ideias, consequentemente. Seu ofício de politico, como ele se define, fazendo política com paixão, implica permitir-se ir além, nas suas considerações, como a seguir:




‘Mas se nós olharmos o Brasil e a minha própria história, nós vamos ver que começamos tudo de novo. Não de zero, porque tem a memória, tem a experiência, tem os que tombaram, tem uns que conseguiram resistir, mas no Brasil a política sempre foi um monopólio das classes dominantes. E até a cultura e a educação, também. A grande revolução que o PT faz, tá aí a importância do Lula, e isso, como bem disse nosso presidente aqui, confirma com um governo que essa revolução depois nós fazemos com o governo, é inverter. Nós retomamos o fim da história. Quantas vezes o movimento sindical brasileiro foi destruído pela repressão e os partidos políticos que representavam as classes trabalhadoras foram destruídos pela repressão? Em 37, nós tivemos golpe de Estado e em 64, outro: os sindicatos sofreram intervenção, as ligas camponesas foram dissolvidas. Quatorze mil entidades sindicais sofreram intervenção. Houve dezenas de milhares de sindicalistas se exilaram dentro do país porque iam ser presos, torturados e saíram pro exterior. Isso aconteceu com o movimento estudantil. Os partidos foram extintos, ficaram a Arena e o MDB. Mas isso já tinha acontecido outras vezes no estado do Brasil. Vamos lembrar que o movimento sindical se constituiu em 17, a primeira central sindical, as primeiras greves, uma de São Paulo, que foi uma greve geral, as primeiras lutas foram reprimidas, inclusive com a deportação de dezenas de milhares de lideranças anarquistas, sindicalistas, socialistas européias que tinham migrado para o Brasil e organizado o movimento sindical. O movimento sindical era tão influenciado pela migração que os jornais de São Paulo em 17, na greve, eram escrito em espanhol, em galego, em catalão, não só em português, porque parte dos trabalhadores industriais eram estrangeiros. São Paulo era uma cidade onde mais da metade da população não falava português: ou falava italiano, ou falava espanhol. Era uma influência muito grande da imigração. Em 70 anos de República, nós vivemos 35 anos de ditadura, isso cobrou um preço ao movimento sindical, cobrou um preço às instituições políticas, da democracia brasileira, cobrou um preço à formação da burocracia civil e estatal brasileira, cobrou um preço a formação de partidos políticos. Mas nós retomamos o fim da história, primeiro reorganizando o movimento sindical, depois o movimento estudantil, reorganizando a vida político-partidária do País, depois as instituições com a Constituição de 88 e demos consequência ao movimento social e político que tinha começado. Porque os movimentos social e político resistem. O movimento estudantil e sindical, em 68, com a ocupação de Contagem pelas Forças Armadas nas fábricas de Osasco, o movimento sindical recua. Tal era o grau de repressão quando você coloca tanques dentro de uma fábrica, metralhadora ponto 50, bazuca e morteiro… Evidentemente, um pai de família não vai estar nisso. E o movimento estudantil conseguiu reverter, resistir à repressão, mas depois foi liquidado quando vem o Ato Institucional Número 5 e a repressão já contra também as organizações político-militares que começaram a fazer ações armadas, porque nunca houve luta armada no Brasil, nunca houve guerrilha no Brasil. O Brasil teve ações armadas e tentativas de constituir colunas guerrilheiras, focos guerrilheiros que foram fracassados, desde a maior, que é a do Araguaia (PCdoB), à menor, que foi aquela tentava de entrar pelo Uruguai com tropas militares que estavam exiladas, do coronel Jefferson que o brizolismo estava envolvido, além das tentativas da PPR, LN e tudo isso que nós conhecemos.’


‘O senhor tem que cuidar é do PT’


Impossível transcrever aqui todo o seu discurso, mas ele prossegue num histórico detalhado sobre o processo de lutas da sua (nossa) geração contra um sistema econômico-político–social viciado, que foi sendo minado por uma consciência emergente das classes pobres e trabalhadoras ascendendo a poderes, lugares de expressividade social, participação comunitária e partidária, processo este que levou décadas, mas que aconteceu , a olhos vistos e a história pode registrar e relatar, como um movimento real da vida brasileira, no caso, resumida num discurso que o Zé Dirceu proferiu aos petroleiros, quase numa catarse psicológica , o que explica, em parte , tantas reações, e dá ensejo, com certeza, a muito mais ilações de ambos os lados , situação e oposição , para o momento nacional, conjugando idéias, ações, debates e efeitos na vida nacional, índices positivos que o Brasil alcança e ainda pretende atingir, nas próximas décadas.


Zé Dirceu não poupou palavras, mas foi coerente, busco ater-me ao texto, fiel transcrição do que ele realmente disse:




‘O importante é que de 2002 a 2010 nós acumulamos de novo força. Mas será que nós acumulamos? E se nós continuarmos as mudanças? O que nós precisamos? Eu vivi a pré-ditadura, antes do governo João Goulart, vivi a ditadura como protagonista, pois já era uma liderança importante estudantil, vivi a luta armada, a clandestinidade, vivi o exílio e depois tive o privilégio de viver os grandes momentos da vida política do Brasil como dirigente político: a criação do PT, a campanha das Diretas, a Constituinte, o impeachment do Collor, a eleição do Lula. Nós temos uma experiência de organização político-partidária e de luta social anterior ao movimento sindical da década de 70, então nós temos formações diferentes, histórias diferentes, mas nos encontramos no PT e formamos uma grande organização política no PT. Mas o PT precisa mudar e muito, renovar e muito, umas das principais tarefas. E eu disse pra ele: tudo bem, presidente, a África, a América Latina, a frente partidária internacional, um novo Fórum de São Paulo, tudo bem, os problemas sociais, levar a Embrapa pra África, combater a fome no mundo, mas o senhor tem que cuidar é do PT. O PT é a coisa mais importante que nós temos…


Lúcido e atuante


O político, visceralmente partidário, Zé Dirceu, não fez por menos, durante seu encontro com os petroleiros na Bahia. Promoveu auto-análise do partido do qual foi presidente por tantos anos, falou em necessidade de mudanças, propostas de além fronteiras, o papel do Brasil de combater a fome no mundo, ressaltando sobretudo a importância do PT como um patrimônio dos seus militantes e filiados.


O extenso pronunciamento, que pode ser classificado como histórico – e que neste artigo tento resumir, com fidelidade, em pequenos trechos da transcrição da fita –, na verdade faz um balanço que poderia ser definido como uma sucessão forte, incisiva, histórica e detalhada de um momento brasileiro a partir da visão de um líder partidário que, embora cassado em seus direitos políticos, encontra-se lúcido e atuante, militando no seu partido e buscando emitir, com clareza, o que vai nas lides partidárias internas, a partir de uma necessidade de repensar sua conexão com o que se passa nos muros fora do PT, a partir das suas coligações e seus desafios.


Nós, brasileiros, merecemos respeito


Ele acrescenta:




‘Então, acredito que a principal agenda do nosso primeiro ano de governo seja a reforma política. Lógico que nós temos grandes tarefas pra fazer no primeiro ano de governo: tem propostas do PAC 2 para ser implementadas na área da educação, na área da infra-estrutura social, saneamento, habitação. Por exemplo, o problema de transporte nas grandes cidades é um problema gravíssimo. O Brasil é um país urbano. Nós não fizemos um PAC, como fizemos pra infra-estrutura, para as cidades, que, de certa maneira, começou com o Minha Casa Minha Vida do PAC 1. Os problemas vão se agravar de tal maneira, e nós estamos vendo com as chuvas, o trânsito, a ocupação ilegal e irregular de terras… Acredito que esse primeiro ano de governo vai ser marcado pela política. Eles estão preparando o enfrentamento. De certa maneira, o combate que eles estão dando agora não é pra ganhar a eleição, porque já sabem que não vão ganhar, é pra carimbar…


‘Nós somos um partido e uma candidatura que coloca em risco o que eles tão batendo, todos os articulistas da Globo escrevem e falam na TV, todos os analistas deles: a noção das garantias individuais e da Constituição, que nós queremos censurar a imprensa, que o problema no Brasil é a liberdade de imprensa? Gente do céu. Como alguém pode afirmar isso? Não existe excesso de liberdade. Pra quem já viveu em ditadura.


‘Dizem que nós queremos censurar a imprensa. Dizem que o problema é a liberdade de imprensa. O problema do Brasil é excesso, bom, é que não existe excesso de liberdade, mas o abuso do poder de informar, o monopólio e a negação do direito de resposta e do direito da imagem. Que está na Constituição, igualzinho a liberdade. A Constituição não colocou o direito de resposta e de imagem, a honra, abaixo ou acima da proibição da censura e da censura prévia, corretamente, ou do direito de informação e da liberdade de imprensa, de expressão. São todas cláusulas pétreas.


‘Mas os tribunais brasileiros estão formando jurisprudência. Se vocês lerem os discursos do Carlos Ayres Britto, que aquilo não é voto, é discurso político, a liberdade de imprensa está ameaçada no Brasil, que é um escândalo. Mas eles estão preparando a agenda deles para o primeiro ano de governo. Como a imprensa já está pressionando pela constituição do governo, já está disputando a constituição do governo. Pode começar a ler nas entrelinhas, quem quer que ela empurra para ser ministro disso, ministro daquilo, e já está disputando para fazer ajuste fiscal….


‘Como a gente está vendo, como a mídia está se comportando com a Dilma, já dá para imaginar como vai ser comigo no dia do julgamento. Estou até fazendo dieta, mantendo os 80 quilos para me preparar para o debate.


‘A mensagem que eu tenho é que a primeira coisa que nós temos que fazer é fortalecer nosso partido. Porque ele é âncora, o fiador, o avalista, o garantidor do projeto político e das mudanças que nós estamos fazendo no Brasil’.


Isto posto, aparece agora a retratação do grande jornal Folha de S.Paulo. É o mínimo que desejamos para que tanto a grande mídia quanto as mídias alternativas, redes sociais e tantas outras formas de interatividade nacional transitem pelos problemas brasileiros com lucidez, respeito democrático, liberdade de expressão, justiça atenta e, principalmente, ausência de manipulação dos conteúdos afetos face aos traumas recentes que todos temos pelo que sofremos com a ditadura e seus cerceamentos de ideias e ações.


Melhor ler e reler, ouvir atentamente, observar que há uma mudança de eixos na corrida de bastão em torno do Brasil que aos poucos vai deixando para trás hegemonias e oligarquias e aprende a conviver com a ascensão de minorias, de esquecidos, de gente que não tinha voz e agora tem voz e voto, vide as pesquisas de opinião e vide, sobretudo, o papel do nosso país no panorama mundial hoje.


Apesar de tudo, vale especular a celeuma, destrinchar a fala do Zé aos petroleiros, cobrar retratação e permanecermos atentos, é claro, pois o Brasil merece nossa atenção e nós, brasileiros, merecemos respeito, sempre!

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Jornalista e escritora, Rio de Janeiro, RJ