Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Onda de repressão assusta profissionais de imprensa

O jornalista cubano Guillermo Espinosa Rodríguez, da agência de notícias independente Libre Oriental, foi detido pela polícia na cidade de Santiago de Cuba em 25/10 e, segundo a Repórteres Sem Fronteiras [7/11/06], corre o risco de ser condenado por ser considerado ‘um perigo à sociedade’. Se isso acontecer, Rodríguez será o 25º profissional de imprensa encarcerado atualmente na ilha de Fidel Castro.


A organização em defesa da liberdade de imprensa condenou a detenção do jornalista, pedindo às autoridades cubanas sua imediata soltura, e aproveitou para ressaltar um aumento recente nos casos de jornalistas independentes molestados e ameaçados pela polícia política do país. ‘Rodríguez deve receber sentença de prisão não por algum crime que tenha eventualmente cometido, mas pela ameaça que supostamente representa’, afirma a RSF. ‘Seu caso é um novo exemplo do absurdo de um sistema judiciário que pode condenar uma pessoa sem nenhuma base concreta’.


De acordo com informações do sítio de notícias Cubanet, operado de Miami, o jornalista é mantido em uma cela de isolamento da polícia de segurança do Estado em Santiago de Cuba, onde aguarda julgamento. Por uma provisão do código criminal cubano, uma pessoa pode ser presa, julgada e condenada pelo perigo que supostamente representa à comunidade.


Ameaça constante


Em um dos casos recentes citados pela RSF, o correspondente do Cubanet Roberto Santana Rodríguez foi preso com dois ativistas de oposição em 2/11, em Havana, logo após ter se conectado à internet. Santana foi libertado depois de ter seu material jornalístico confiscado.


Já o repórter de 21 anos Ahmed Rodríguez Albacia, que trabalha para a agência independente Jóvenes sin Censura, foi expulso da cidade de Antilla, onde nasceu, por paramilitares, em 31/10. A justificativa: falar mal de Antilla em uma estação de rádio financiada pelo governo americano que, com sede em Miami, é transmitida em território cubano.


Em 26/10, policiais invadiram a casa de Lamasiel Gutiérrez Romero, correspondente do sítio de notícias Nueva Prensa Cubana, em Nueva Gerona. Os oficiais disseram a ela que não voltasse à casa e ameaçaram prendê-la caso continuasse com seu trabalho jornalístico. Lamasiel já havia ficado cinco meses na prisão, de outubro de 2005 a março de 2006, por ‘resistir às autoridades’ e por ‘desobediência civil’.