Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Os jornalões se mexeram

O grave acidente ocorrido com o piloto Felipe Massa nos treinos para o Grande Prêmio da Hungria de Fórmula 1, perto de Budapeste, no sábado (25), ganhou um grande destaque nos jornalões de domingo.


Isso é raro. Geralmente o que acontece no sábado é registrado no dia seguinte com muita parcimônia, já que a edição dominical – a mais importante da semana – é preparada e fechada no dia anterior. Requentada.


Mas com Fórmula 1 não se brinca: a mídia gasta uma fortuna para acompanhar o circo pelos autódromos do mundo, muitos anunciantes só querem saber de automobilismo e o público não admitiria ficar por fora de um assunto tão empolgante. Significa que os jornais de domingo não deveriam sair tão mornos como acontece, bastaria que adotassem regularmente o mesmo esquema que tornou possível acompanhar o acidente na Hungria.


Touros condenados


Porém, o mesmo lamentável acidente nos obriga a uma reflexão mais grave: será que automobilismo pode ser considerado um esporte? O número de acidentes fatais não tira dele o caráter de competição salutar e busca do equilíbrio físico e mental?


O Globo lembrou o acidente que tirou a vida de Ayrton Senna há 15 anos e o Estado de S.Paulo lembrou a morte no domingo anterior (19/7) de um piloto de 18 anos, da Fórmula 2.


Esporte é vida, é saúde, mas nas pistas voam rodas, extintores de incêndio e molas matando, ferindo e aleijando pilotos, trabalhadores e espectadores. Sem a indispensável segurança, o circo automobilístico converte-se aos poucos numa espécie de tourada onde há mais touros condenados a morrer do que toureiros vitoriosos.