Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Paulo Machado

‘O leitor Felipe Lavorato escreveu para esta Ouvidoria no dia 3 de abril sobre a matéria Empresa apresenta relatório ambiental de hidrelétrica para comunidade quilombola, publicada no dia anterior, solicitando: ‘ correção da informação apresentada no texto sobre a área que o empreendimento deverá ocupar no território kalunga. Diferentemente do que foi apresentado (67 mil dos 253 mil hectares), o empreendimento ocupará apenas 297 hectares (ou seja, 2,97 quilômetros quadrados, o que corresponde a apenas 0,11% da área total do território quilombola e não 26%).’

A Agência Brasil respondeu para o leitor em nove de abril que: ‘A informação sobre o tamanho da área que o empreendimento da Rialma Centrais Elétrica deverá ocupar no território kalunga foi retirada de um documento oficial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ao qual a reportagem da Agência Brasil teve acesso. Na página 2 do documento extraímos a INFORMAÇÃO TÉCNICA: ‘…a área em estudo pelo empreendimento abrange 67.045 hectares (26,5%) dos 253.000 hectares do Sí tio Histórico Kalunga. A área de reservatório, correspondente a 2,97 km², 0,11% da extensão total do território quilombola’’.

O leitor procurando demonstrar o problema a que havia se referido desde o primeiro momento reiterou, em 14 de abril: ‘O equi voco está na interpretação da informação apresentada na matéria publicada pela Agência Brasil, o texto abaixo destacado, de fato extraí do dos estudos ambientais do Empreendimento (EIBH e EIA/Rima), remete à área em estudo, ou seja, a área da Bacia Hidrográfica do Rio das Almas que ocupa os 67.045 hectares (26,5%) do território kalunga, sendo que a PCH – Pequena Central Hidrelétrica Santa Mônica (empreendimento em questão) corresponde a uma área de apenas 297 hectares (0,11% do território kalunga).’

Na referida matéria consta que: ‘A PCH Santa Mônica deverá ocupar [negrito nosso] 67 mil dos 253 mil hectares da área kalunga, 26,5% do total, de acordo com o EIA. A área a ser alagada para formação do reservatório deverá ser de 2,97 quilômetros quadrados, 0,11% do território.’

A Agência Brasil não mais respondeu ao leitor sobre sua contestação e a notícia até hoje não foi alterada.

O leitor Leonardo Amaral escreveu para esta Ouvidoria dizendo que: ‘Eu moro em Paragominas, e tenho certeza de que não estamos falando sobre a cidade. O prefeito daqui é Adnan Demacki, nossa população é 90.000 habitantes, e nossa produção de farinha não é tão grande assim!’, referindo-se à matéria Estradas de Tocantins dificultam transporte da Região Norte para estados do Centro-Sul do país, publicada dia seis de maio.

Segundo a notícia ‘As estradas do estados [sic] Tocantins usadas para escoar a produção de farinha de Paragominas, localizada no Pará, estão intransitáveis, causando prejuízo de cerca de R$ 1 milhão ao município. A estimativa é do prefeito da cidade, Antônio Mota.’

No ultimo parágrafo a matéria afirma que:’ O município tem 5,2 mil habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 7,8 mil, de acordo com os agentes de saúde municipais, que também têm suas atividades prejudicadas em função das dificuldades de locomoção.’

Em resposta ao leitor a ABr informou que: ‘já estamos fazendo a correção. Na realidade, a cidade é Aragominas, no Tocantins, e não Paragominas, no Pará.’

O leitor Flávio Velame Teixeira da Costa escreveu para esta Ouvidoria para apontar que: ‘Há evidente engano na notícia Ministério aprova medidas de apoio a brasileiros que trabalham no exterior, publicada dia 6 de maio. Segundo ele ‘ O Japão não tem a maior concentração de brasileiros que trabalham no exterior. Dados oficiais divulgados pelo Ministério das Relações Exteriores expressam que a população brasileira residente nos EUA é de três a cinco vezes maior.’

A Agência Brasil respondeu que: ‘a notícia e os dados foram retirados de releases do próprio Ministério do Trabalho. A informação de que o Japão é o país que mais concentra brasileiros que trabalham no exterior também é do ministério. Não há, no site, tabelas ou banco de dados que comprovem esses números.’

O leitor Diogo de Siqueira e Silva escreveu para esta Ouvidoria para reclamar sobre informações contidas na matéria Relatório final da CPI dos grampos é lido na Câmara, publicada dia 7 de maio. Segundo ele: ‘O último parágrafo está confuso, e pode levar a diversas interpretações, como a de que o ‘sargento’ indiciou outro, e tudo isso somado ao fato de que atuaram a pedido de Protógenes (o que é uma inverdade, pois os agentes foram cedidos pela Abin, e não a pedido pessoal de Protógenes), enfim… Está muito mal redigida.’

A Agência Brasil não respondeu ao leitor sobre sua mensagem.

O leitor José Altair Monteiro Sampaio escreveu para esta Ouvidoria dizendo que: ‘o texto desta matéria está sem finalização’ referindo-se à notícia Ipea: primeiro trimestre de 2009 mostrou uma melhoria em relação ao final do ano passado, publicada dia 8 de maio. O ultimo parágrafo dizia: ‘Pochmann citou as medidas adotadas pelo governo, como a redução de juros, impostos, a ampliação do crédito, a elevação do salário mínimo, de programas de transferência de renda. Para ele, são medidas decisivas para que não seja interrompida positvia [sic] dos últimos’.

A Agência Brasil respondeu ao leitor ‘Já fizemos a correção, inclusive no título.’

O titulo da matéria, depois de corrigido, ficou assim: Ipea: primeiro trimestre mostrou melhoria no cenário econõmico [sic] em relação ao fim de 2008, e o ultimo parágrafo, depois de corrigido: ‘Pochmann citou medidas adotadas pelo governo, como a redução de juros, impostos, a ampliação do crédito, a elevação do salário mínimo e os programas de transferência de renda.’

Sobre a matéria Brasil e Paraguai não fecham acordo sobre Itaipu, publicada dia 7 de maio, o leitor Joni Madruga Garcia escreveu: ‘Gostaria de alertar que, no quinto parágrafo, a cifra relativa à linha de crédito do BNDES oferecida ao Paraguai deve ser da ordem de US$ 1 bilhão, e não de US$ 1 milhão.’

A Agência Brasil não respondeu ao leitor sobre sua mensagem.

Essas são apenas algumas das 44 mensagens de leitores que, ou não foram respondidas, ou a resposta dada pela Agência Brasil não atendeu à demanda do leitor, encontrando-se os processos em aberto, alguns desde outubro de 2008. Elas mostram a percepção dos leitores sobre a qualidade da informação produzida e constituem importantes indicadores de eventuais problemas no processo de produção jornalística que precisam ser analisados e, se for o caso, enfrentados com medidas eficazes. Ignorá-las ou simplesmente não respondê-las pode ser mais um indicador de que essas medidas são urgentes e extremamente necessárias, pelo menos no que tange à transparência e ao respeito com a opinião do leitor. Em jogo está a credibilidade da agência pública de notícias.

Aqui terminava esta Coluna na semana passada. A pedido da Chefia da Agência Brasil adiamos sua publicação apostando na eficácia do diálogo para solucionar os ‘eventuais problemas’ citados no parágrafo anterior, conforme nos foi solicitado. Faz parte das diretrizes do trabalho de uma Ouvidoria sempre negociar soluções e jamais tentar impô-las. Por isso mesmo as Ouvidorias são vistas administrativamente como um dos mais eficazes instrumentos de gestão democrática das organizações. As ouvidorias públicas subsidiam os administradores públicos com informações, críticas, elogios e sugestões do público, procurando mostrar a qualidade do serviço prestado ao cidadão no que tange ao atendimento de seus direitos fundamentais, no nosso caso, o direito à informação de qualidade e a formação de cidadãos críticos e conscientes.

No diálogo com os gestores da ABr ficou decidido que todas as demandas dos leitores que se encontram pendentes serão solucionadas no menor espaço de tempo possível, uma vez que algumas delas necessitam de um trabalho mais aprofundado e portanto demorado. Também ficou decidido que se estabelcerá uma agenda de reuniões periódicas para tratar das questões que são comuns à Agência e a Ouvidoria, dentre elas, as respostas regulares aos leitores.

Até a próxima semana’