Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Plínio Bortolotti

‘Sob a rubrica ‘Análise Econômica’, Cléber Aquino escreve quinzenalmente na editoria Economia. São artigos a preencher mais de meia página nas edições de domingo, nos quais ele se identifica como ‘professor-doutor da Universidade de São Paulo (USP) e consultor de alta gestão’.

Fui levado a ler cuidadosamente alguns de seus artigos, depois de uma carta e de uma ligação telefônica recebidas de um executivo cearense reclamando ter o professor passado a lhe fazer ataques violentos, sem citar-lhe o nome, mas dando várias indicações que deixariam clara a sua identificação – e da empresa para a qual trabalha – no seu círculo profissional e de amizade.

Pela sua explicação, ele e Cléber Aquino tiveram alguns desentendimentos quando o professor coordenava um programa de treinamento para jovens administradores na empresa em que o executivo é diretor. Segundo ele, teria sido esse o motivo das agressões que passou a sofrer nos escritos do articulista. Para efeito deste comentário, não importa qual das partes têm razão no conflito, mas a forma como desaguou nas páginas do O Povo.

Pelo menos nos dois últimos textos, Cléber Aquino envereda por um caminho que parece ter pouco a ver com análise econômica. Na edição de 13/2, o professor preocupa-se em espicaçar o que ele chama de ‘executivo/escravo’, ‘principalmente diretores/escravos de empresa familiares’ e passa a falar da rotina de ‘um determinado diretor administrativo e financeiro’, dando várias pistas de quem seria essa pessoa, narrando suas atividades de lazer, tipo de carro usado por ele, a idade aproximada, entre outras coisas. Trata-o de ‘coitado’, ‘escravo de luxo’, entre outros insultos. A empresa e seus proprietários também são hostilizados. A organização, para Aquino, ‘não possuiu estrutura, nem um modelo de gestão’ e é ‘desprovida de estratégia financeira’; os seus donos, são simplesmente ‘senhores feudais’.

Na edição de 27/2, Cléber Aquino volta à carga, aproximando mais o foco de identificação da pessoa e da empresa, objetos de sua catilinária: ‘Esse quadro acaba de ocorrer no ramo de hotéis. Numa determinada cidade, mudança de bandeira de um grupo internacional para outro’. Para quem acompanha o noticiário econômico, fica óbvio, o professor está a falar de Fortaleza, chamada por ele de ‘cidade provinciana, pobre de idéias, de lideranças, de espírito e movida a futilidades’. Tentando justificar sua tese de que este ‘diretor medíocre’ estaria sintonizado com um ‘período histórico de lideranças incompetentes (em todo o mundo)’, acaba sobrando até para o presidente Lula uma frase sugerindo preconceito: ‘Aqui, na América Latina, curiosamente, a personalidade mais expressiva é Lula, pernambucano, segundo ano primário incompleto, detesta ler’.

Para o rigoroso consultor em alta gestão, ‘executivo profissional no Brasil, dedicado à empresa e não aos donos (são), no máximo uns 15, alguns no exterior (sic), o restante em São Paulo e poucos nos demais estados’.

Como escrevi acima, não interessa saber os motivos nem quem está com razão na pendenga. Mas é claro que as páginas do O Povo não podem ser usadas para uma vindita. Lendo-se os artigos, fica evidente que o professor está usando um espaço nobre do jornal como arma para fazer um acerto de contas pessoal. E, o que talvez seja pior, sem citar diretamente a pessoa e a empresa objetos de seu ataque, tirando-lhes a oportunidade de defesa. Portanto, o que ele faz é reprovável, e o abuso tem de ser coibido pelo jornal.

Desde terça-feira tento falar com o professor Cléber Aquino. Liguei para os seus telefones em São Paulo e Fortaleza, sem conseguir contato. Em dois números (um em São Paulo, outro em Fortaleza), deixei recado em secretárias eletrônicas, mas não obtive resposta até sexta-feira.

O leitor tudo vê

1) O leitor Félix Ximenes escreve para mostrar que a foto da Praça do Ferreira, publicada na primeira página do Vida & Arte, edição de segunda-feira (1º/3) estava invertida. E acrescenta: ‘Um detalhe que pode parecer tão insignificante, denota falta de cuidado na edição de um jornal da importância do O Povo’. 2) O leitor Vicente de Paula telefona para apontar erro na reportagem ‘Sons potentes chegam a R$ 12 mil’ (edição de 23/2, pág. 10). O texto afirma que ‘alto-falantes com potência de 10 a 18 watts já podem ser considerados pesados’. O leitor diz que essa potência não dá para fazer muito barulho. Ele tem razão, o redator deve ter confundido watt com polegada – a medida do tamanho dos alto-falantes. 3) Uma leitora afirma que O Povo vem grafando de forma errada a palavra ‘traqueostomia’, para se referir à cirurgia a que se submeteu o papa. Ela diz ser o correto ‘traqueotomia’, sem o ‘s’. Neste caso, não há erro, as duas formas são aceitas e dicionarizadas.

Ouvintes

Em uma manhã de sábado (26/2) estive na Casa Juvenal Galeno conversando com integrantes da Associação dos Ouvintes de Rádio do Ceará sobre a função de ombudsman.

Prestação de contas

Ao lado, o leitor poderá ver quantos e quais tipos de atendimento o ombudsman fez no mês de fevereiro. Também está anotada a quantidade de erros corrigidos pelo jornal, em cada editoria.’