Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Política na Idade Mídia

O cenário político contemporâneo caracteriza-se pela ascensão do moderno aparato midiático, em detrimento da comunicação direta. A mídia atual manipula pensamentos, uniformiza idéias e influencia comportamentos. Isto é feito de forma mascarada, quase que imperceptível, através de suposições, notícias descontextualizadas, opiniões tendenciosas, em suma, o superficialismo ideológico encobrindo o que realmente é relevante.

Estamos vivenciando a Idade Mídia, onde a sociedade se encontra desmobilizada e alguns dos legítimos direitos sociais, obtidos com tanta luta, foram suplantados. Este afirmação pode ser ilustrada com o caso das greves, que se tornaram um anacronismo.

Com o advento do século 21, as configurações do mundo global têm delimitado novos modelos de conduta por parte dos diversos segmentos sociais. A maioria das pessoas vive hoje existências individualistas, competitivas, nas grandes cidades, onde se sentem inseguras e separadas dos demais. A violência predomina, sob todas as formas. O uso exagerado do fumo, do álcool e das drogas assume proporções alarmantes. O conflito entre as gerações e as classes sociais se intensifica. A busca por maior inclusão social está na ordem do dia, haja vista a organização crescente de movimentos sociais das minorias e das ONGs. Estresse, depressão, problemas de saúde como hipertensão, transtornos mentais, obesidade etc. diminuem cada vez mais a qualidade de vida.

Comunicação, informação, tecnologia e desenvolvimento tornam-se temas imperativos em meio a uma conjuntura que almeja alcançar a produtividade satisfatória segundo os moldes exigidos pelo sistema capitalista.

Ações inovadoras

Em época pré-eleitoral, os candidatos em potencial não exercitam mais a imaginação. Foi-se o tempo em que predominavam as particularidades, a liberdade de discurso e o entusiasmo, costumeiros às velhas raposas políticas. A campanha eleitoral que se inicia será regida pela ‘sabedoria’ dos marqueteiros e publicitários, que enxergam a opinião pública como um território de consumidores dispostos a engolir falácias televisivas.

No âmbito local, o apelo dos recursos da mídia é intenso e voraz. Dentre os prováveis candidatos, podemos observar vários apresentadores de TV, bem como profissionais do rádio e jornalistas. Grande parte deste elenco de candidatos/comunicadores se alicerça no prestígio histórico dos monstros sagrados do cenário político potiguar, os quais são os detentores das empresas de comunicação.

Antes a política era feita de porta em porta, em cada aperto de mão, distribuindo-se panfletos, e não nos espaços privilegiados, editados, e muitas vezes corrompidos dos veículos de comunicação. A ausência da mediação da TV, por exemplo, é algo tido como inimaginável, em meio à conjuntura atual.

José Saramago, em recente entrevista sobre o seu novo livro – Ensaio sobre a lucidez –, afirmou que ‘não há muita política nas colunas dos jornais, o que há é muitos políticos. Ambições, em vez de idéias’.

Essas premissas sugerem o implemento de ações inovadoras, que unam a eficácia comunicativa à busca por uma sociedade mais humana. É preciso, de alguma maneira, idealizar novas fórmulas para contrapor-se aos modelos atuais, marcados pela violência, a injustiça e a ausência de paz social.

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Estudante de Jornalismo da UFRN