Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Pré-candidatos turbinam publicidade para 2010

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 13 de abril de 2009


 


CAMPANHA
Fernando Barros de Mello


Pré-candidatos turbinam publicidade rumo a 2010


‘Os principais pré-candidatos à Presidência estão unidos em um aspecto: seus governos reforçaram o orçamento previsto para publicidade em 2009. É o caso da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e dos governadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP).


As previsões de subida para este ano estão acima da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que fechou 2008 em 5,9%. Mesmo com a crise econômica, ainda não há confirmação de cortes de verbas na área.


Em São Paulo, a expectativa de gastos (excluindo estatais) cresceu 43,6%. Em 2008, foram R$ 158 milhões. Para este ano, previu-se R$ 227 milhões.


‘O valor compreende a divulgação de uma série de novos programas, que só têm razão de existir com a efetiva comunicação à população’, afirma o governo paulista. ‘É o caso da Nota Fiscal Paulista: o projeto só funciona se a população souber de sua existência e pedir a nota ao fazer compras. Com um investimento de R$ 40 milhões em campanhas, a previsão de arrecadação é de R$ 4 bilhões.’


No governo federal, o orçamento da Secom (Secretaria de Comunicação Social) saiu de R$ 123,2 milhões para R$ 155 milhões este ano, o que representa um acréscimo de 25,81%.


‘O aumento ocorreu porque em 2009 serão realizados os serviços de relações públicas voltados para promover a imagem do país no exterior, os serviços de pesquisas de opinião [sobre programas como PAC e Bolsa Família] e também os serviços de reformulação dos portais de internet, que juntos somam R$ 31 milhões’, diz a assessoria de imprensa.


O orçamento da Secom inclui propaganda de ações governamentais. Não estão incluídos publicidade de estatais ou de ‘utilidade pública’ dos ministérios, cujas verbas também cresceram em 2008 para dotação de R$ 542 milhões. No ano passado, o total gasto pelo governo chegou a mais de R$ 1 bilhão (leia texto nesta página).


Em Minas Gerais, a previsão orçamentária é de crescimento de 35,7%, ou R$ 40,7 milhões contra R$ 30 milhões em 2008. Mas, nos últimos dois anos, o gasto foi maior que o previsto inicialmente, cerca de R$ 80 milhões. Segundo o governo, o total de contratos licitados neste ano é de R$ 70 milhões.


‘Os valores constantes na abertura dos orçamentos não correspondem, necessariamente, à expectativa de investimento total na área. Em qualquer área da administração, o valor pode ser suplementado ou contingenciado’, disse a assessoria de imprensa.


‘O valor licitado para comunicação atende a 18 secretarias e 14 órgãos e, ao contrário de outras esferas da administração pública, inclui patrocínios de feiras, eventos esportivos e culturais, realizados pela iniciativa privada, comunicação interna, apoio a Rede Minas e Rádio Inconfidência (emissoras públicas), entre outros.’


Rumo a 2010


O orçamento para publicidade de 2010, um ano eleitoral, é afetado pelos valores de 2009, já que não pode ser maior que a média dos três anos anteriores.


A campanha presidencial já virou tema este ano. Dilma intensificou agendas e viagens. No PSDB, o debate está em torno das prévias para definir a disputa entre Serra, atualmente o favorito por conta da liderança nas pesquisas, e Aécio.


Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, o paulista tem 41%. No mesmo cenário, Dilma tem 11% (eram 3% há um ano). Aécio tem entre 12% e 22%, dependendo do quadro.


As peças veiculadas até o momento focam vitrines das administrações. O governo federal investe em propagandas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Essas ações têm, segundo o governo, o ‘objetivo de mostrar que o Brasil está preparado para enfrentar a crise externa’.


No ar até este mês, o custo das propagandas do PAC é estimado em R$ 30 milhões. Outros R$ 15 milhões foram para a campanha do programa Minha Casa, Minha Vida, que ainda está no papel, mas prevê a construção de 1 milhão de casas.


São Paulo aposta na divulgação do plano de expansão do metrô, das faculdades técnicas e do Rodoanel. O governo contratou em 2008 agências para comunicação do Metrô e CPTM (total de R$ 57 milhões).


Segundo a Secretaria de Transportes, são campanhas de ‘esclarecimento e informação sobre o transporte coletivo aos usuários e população em geral, assim como para a comunicação das medidas de modernização e ampliação da rede’.’


 


 


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Lula gastou R$ 1 bi em publicidade em 2008


‘O governo federal, comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gastou mais de R$ 1,027 bilhão com publicidade nas administrações direta e indireta em 2008, contra R$ 968,8 milhões no ano anterior (valor já corrigido pela inflação medida pelo IPCA)


Ao fazer comparações com os anos anteriores, a Secom utiliza o IGPM (Índice Geral de Preços ao Consumidor). Dessa forma, o total de 2008 teria variação negativa de 0,1%, contra R$ 1,027 bilhão do ano anterior.


O valor engloba todas as publicidades realizadas pelas empresas estatais, de ‘utilidade pública’, feita por ministérios e outros órgãos da administração direta, além de propagandas de caráter institucional, que divulgam ações governamentais sob responsabilidade da Secom.


A Folha revelou no dia 29 de março que a administração Lula deu um grande salto nos patrocínios de estatais nos últimos anos. Houve um pulo de 96% entre 2003, ano da posse, e 2006, quando o petista foi reeleito, passando de R$ 555 milhões para R$ 1,086 bilhão.


Em 2008, foram R$ 918,4 milhões em patrocínios, valor que, somado ao da publicidade, chega a quase R$ 2 bilhões, número próximo aos grandes anunciantes privados, como Casas Bahia ou Unilever.


Publicidade


Os dados de publicidade mostram que, no ano passado, a maior parte do dinheiro (R$ 641 milhões ou 62,4%) foi para emissoras de televisão. Os jornais ficaram com 13,1% (R$ 134,7 milhões), seguidos por rádios (R$ 88,8 milhões ou 8,7%) e revistas (R$ 81,1 milhões ou 7,9%). A internet recebeu R$ 27 milhões ou 2,6%.


A Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República gastou no ano passado R$ 105,2 milhões em publicidade -a campeã de investimentos. Em seguida, veio o Ministério da Saúde, com R$ 68,6 milhões, o BNDES, com R$ 30,8 milhões, e o Ministério do Turismo, com R$ 23,2 milhões.


A Eletrobras gastou R$ 25,4 milhões; Furnas, R$ 16,9 milhões. Os ministérios da Justiça (R$ 9,8 milhões), Educação (R$ 7,1 milhões) e Desenvolvimento Social (R$ 4,5 milhões) estão na sequência.


As empresas estatais federais gastaram, em 2008, R$ 714 milhões com publicidade. ‘A Secom só pode informar os valores consolidados dos investimentos de empresas estatais que competem no mercado, como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal ou o Banco do Brasil e não está autorizada a revelar os valores de publicidade de cada empresa’, afirma nota da assessoria de imprensa.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Ritmo emergente


‘Desde sexta, Barack Obama está nas páginas iniciais de ‘Financial Times’ e outros anunciando vislumbrar esperança nos EUA.


No ‘China Daily’, o primeiro-ministro Wen Jiabao diz o mesmo, desde sábado. E as manchetes já vinham em direção ‘positiva’ na semana.


Significativamente, ‘New York Times’ e ‘Wall Street Journal’, este com destaque na home, fizeram longas reportagens ressaltando que os ‘Emergentes estabelecem novo ritmo’ e ‘avançam em escalada’.


Referem-se em especial ao desempenho das ações de China, Brasil e Rússia, superior ao de EUA e Europa. O ‘NYT’ reproduz sugestões de comprar ‘Petrobras no Brasil e PetroChina’, além de bancos em ambos. O ‘WSJ’ acrescenta Cyrela.


BRASIL & CHINA


No ‘China Daily’, ‘Exportações agrícolas do Brasil para a China crescem 52,5% em março’. Foi registrado aumento também para Índia e Irã, ‘entre outros’.


ARGENTINA, NÃO


E no argentino ‘La Nación’, ‘Em grãos, o Brasil já produz o dobro da Argentina’, contra apenas ‘um terço mais’, dez anos atrás.


A vantagem brasileira teria aumentado por causa de ações como a ampliação de hidrovias.


SEIS MESES DEPOIS


No enunciado de despacho da agência Reuters, sobre a semana passada, ‘Bolsa brasileira sobe ao maior nível em seis meses’. Também a moeda, o real. Seria efeito de uma alta mundial nos preços de petróleo e minerais.


POR OUTRO LADO


Da mesma Reuters, sobre a semana que começa hoje, ‘Vendas no varejo do Brasil devem desacelerar’, sobre o levantamento que deve ser divulgado na quinta.


O PAPE


O espanhol ‘El País’ deu especial sobre a China, que ‘reclama seu papel de potência’. Em suma, ‘convertido num dos motores do mundo, o gigante asiático trata de assegurar um lugar privilegiado na ordem que vai surgir da crise’.


Em entrevista, Shujie Yao, diretor da escola de estudos chineses da universidade de Nottingham, na Inglaterra, avalia que ‘outros países, como Índia e Brasil, também se beneficiaram, mas a China ocupa uma posição de liderança entre as novas nações no G20’ que foi ‘um bom começo’ para o envolvimento nas decisões econômicas globais.


A DESDOLARIZAÇÃO


No especial do ‘El País’, atenção para a proposta levantada no encontro de Lula com o presidente Hu Jintao, de ‘realizar o comércio bilateral em suas respectivas moedas, real e yuan’, não dólar.


E na agência Telám, ontem, representantes dos bancos estatais argentinos ‘revelaram que os países da região avaliam, em maio, a possibilidade de ‘desdolarizar’ seu comércio, num esquema semelhante ao que decidiram Argentina e Brasil, meses atrás’.


VIOLÊNCIA E FÉ


Com entrevista e cinco fotos, o ‘FT Weekend’ mostra ‘a brutalidade, a superlotação’ e o ‘estranho poder de um pastor’ sobre os presos do Rio.


VALE GLOBO


A CNN encontrou um novo ‘vale do Silício’ no Brasil, na região da avenida Berrini, ‘no Brooklin de São Paulo’. Cita escritórios de multinacionais como AT&T, HP, LG, Microsoft, Nokia, Samsung, Philips e até de ‘start-ups’, como a holandesa Nimbuzz.


‘Mas talvez o mais expressivo’, arrisca a reportagem, ‘seja a mudança do quartel-general do maior e internacionalmente mais renomado conglomerado de mídia do Brasil, a Globo.’’


 


 


TELEVISÃO
Leandro Fortino


Para ator de ‘Lost’, 5ª temporada é a mais louca


‘O episódio de ‘Lost’ que o canal pago AXN exibe hoje será dedicado ao personagem John Locke e as suas tentativas de convencer os sobreviventes que já deixaram a ilha a voltar para lá. O momento é, portanto, um dos mais importantes dessa quinta temporada, que marcará a volta de cinco personagens do grupo chamado Oceanic 6 (Kate, Jack, Sayid, Sun, Hurley e o bebê Aaron) ao paraíso perdido e cheio de mistérios.


‘Esta temporada é definitivamente a mais louca’, conta Jorge Garcia, ator que faz o papel de Hurley, em entrevista à Folha, por telefone, do Havaí, onde a série é filmada. Boatos sobre a morte de seu personagem se espalham pela internet, mas, é claro, Garcia não pode comentar o assunto.


Questionado sobre o final ideal para Hurley, afirma: ‘Não morrer será o melhor para Hurley’. Isso significaria mais um ano de trabalho, uma vez que ‘Lost’ deve terminar na próxima temporada. ‘Ainda estou pensando no que fazer depois. Moro no Havaí desde o início do programa e acho que vai ser difícil voltar para Los Angeles, agora que me tornei um astro da TV.’


Na série, sua família é retratada seguindo o estereótipo de imigrantes latinos nos EUA: o pai exagerado e a mãe católica e dramática. ‘Não reflete o que a minha família é na realidade.


Hurley nem mesmo era para ser um personagem latino, isso só foi definido depois’, explica. Segundo ele, uma das maiores dificuldades do trabalho não é entender o complicado roteiro que dá saltos no tempo.


‘Filmar na selva é difícil. Você não pode se esquecer de levar muito protetor solar e repelente’, ensina o ator, que mantém um blog (dispatchesfromtheisland.blogspot.com) atualizado com as suas aventuras.


LOST – 5ª TEMPORADA


Quando: hoje, às 21h


Onde: AXN


Classificação: 14 anos’


 


 


INFLUÊNCIA
Tim Arango e Brian Stelter, NYT


Mensagens beneficentes de infiltram na televisão


‘A Fundação Bill e Melinda Gates recentemente gastou US$ 2 milhões para ampliar o acesso à internet em bibliotecas da Letônia, US$ 90 milhões para ajudar produtores africanos de cacau e caju e US$ 11 milhões para novas pesquisas nas Filipinas que levem a uma melhor produtividade dos arrozais.


E o dinheiro da fundação colaborou com outra causa: a redação do roteiro de um recente episódio de ‘ER’ que teve uma participação especial de George Clooney. A enorme fundação, abarrotada com os bilhões de dólares de Gates e de Warren Buffett, é bem conhecida por sua miríade de projetos de saúde e educação mundo afora. É menos conhecida, no entanto, por sua influência nos bastidores, ao ajudar a moldar tramas e inserir mensagens em entretenimentos populares, como os programas da TV norte-americana ‘ER’, ‘Law & Order: SVU’ e ‘Private Practice’.


As mensagens da fundação a respeito de prevenção anti-HIV, segurança cirúrgica e transmissão de doenças contagiosas foram parar nessas séries. Agora a Fundação Gates deve ampliar seu envolvimento e gastar mais dinheiro para influenciar a cultura popular, graças a um acordo com a Viacom, que controla os canais MTV, VH1, Nickelodeon e BET. Esse tipo de merchandising é o equivalente social ou filantrópico ao merchandising de produtos na TV e no cinema. Em vez de vender Coca-Cola ou carros da General Motors, por exemplo, essa prática promove uma vida saudável. A meta é entremear tramas com temas educativos nos programas já existentes, ou criar novas atrações voltadas para a educação.


Os esforços das entidades filantrópicas para influenciar o entretenimento não são novidade, embora o público provavelmente tenha menos consciência disso do que dos merchandisings óbvios nos quais, por exemplo, uma lata de Coca-Cola aparece nas mãos de um personagem. A Fundação Família Kaiser, que trata de questões de saúde, faz esse trabalho há 12 anos. Já colocou tramas sobre HIV/Aids em programas da CBS e UPN (atual CWnetwork).


‘Fazemos isso há muito tempo, mas só mais recentemente começamos a ver mais fundações e [entidades] não lucrativas trabalharem com esta abordagem’, disse Tina Hoff, vice-presidente e diretora de parcerias com a mídia de entretenimento da Fundação Kaiser.


Hoff disse que a principal razão para essa estratégia é combater informações imprecisas a respeito da saúde que aparecem na cultura popular. ‘Não se trata de plantar uma mensagem’, disse ela. ‘Partimos do ponto de vista de garantir a precisão.’


Instituições que já usaram esse método dizem que ele foi eficaz no sentido de influenciar o comportamento da opinião pública. ‘Há muitas pesquisas que demonstram que, quando um personagem de uma série diz ‘Vou ser um doador de órgãos’, é mais eficaz do que distribuir um panfleto’, disse Martin Kaplan, diretor do Centro Norman Lear, entidade de pesquisas e políticas públicas, cujo programa intitulado ‘Hollywood, Saúde e Sociedade’ recebeu no ano passado uma verba da Fundação Gates.


Foi o esforço de Kaplan que conseguiu influenciar a trama da volta de Clooney a ‘ER’. O Centro Lear organizou uma reunião entre os roteiristas do programa e Atul Gawande, cirurgião e articulista da revista ‘The New Yorker’, que informou o grupo a respeito da lista de recomendações da Organização Mundial da Saúde para cirurgia seguras. O assunto era parte de uma das tramas de ‘ER’: o transplante renal do personagem de Noah Wyle, o dr. Carter. ‘Nossa opinião é de que não é preciso sacrificar o valor do entretenimento para ser preciso’, afirmou Kaplan.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 13 de abril de 2009


 


TELES
Renato Cruz


GVT acusa a Oi de ‘práticas ilegais’


‘As operadoras de telecomunicações GVT e Oi travam uma batalha que foi parar na delegacia, com registro de boletins de ocorrência de ambos os lados. A GVT, que surgiu como concorrente da Brasil Telecom, acusa a Oi de práticas ilegais e anticompetitivas.


Em uma ação na Justiça Federal de Brasília e em uma reclamação encaminhada à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a GVT afirma que funcionários da Oi ligaram para a sua central de atendimento, passando-se por clientes da Oi que haviam pedido que seu número fosse transferido para a GVT, e solicitando o cancelamento da portabilidade.


A empresa também aponta que funcionários da Oi ameaçaram seus terceirizados, impedindo-os de fazer ligações de telefones em edifícios de Salvador e cortando ligações já feitas. Além disso, segundo a GVT, a Oi teria prejudicado e impedido, propositalmente, ligações de seus clientes para a GVT, para prejudicar a avaliação de sua qualidade.


Antes do carnaval, a GVT entrou com pedido de liminar para que a Oi parasse de cortar seus cabos telefônicos em edifícios. Em sua ação, a operadora acusa a Anatel de ‘omissão’, pois a agência recebeu a reclamação e não tomou nenhuma atitude a respeito. Procurada, a Anatel não se manifestou. A TV Cidade, empresa de televisão a cabo que compartilha caixas de ligação com a Oi em Salvador, informou que mantém um bom relacionamento tanto com a Oi quanto com a GVT.


‘Competimos 10 anos com a Brasil Telecom e nunca tivemos problemas desse tipo’, afirma Gustavo Gachineiro, vice-presidente Jurídico da GVT. ‘Eles começaram a aparecer no ano passado, quando chegamos à região da Oi.’ Em 2008, a Oi comprou a Brasil Telecom (BrT). A briga com a GVT acontece num momento em que a empresa aguarda o sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para concretizar o negócio.


A GVT teve, no ano passado, uma receita líquida de R$ 1,3 bilhão, com 1 milhão de telefones em serviço. Mas nem se compara à Oi depois da compra da BrT – receita de R$ 30 bilhões em 2008, com 22 milhões de linhas em serviço e posição dominante em todos os Estados do País, com exceção de São Paulo. Como a compra da BrT aconteceu com forte apoio governamental, as concorrentes até temem vir a público para se queixar da operação.


Em uma reclamação administrativa à Anatel, datada de 17 de março, a GVT afirma que o diretor financeiro da Oi, Alex Zornig, disse em uma palestra para investidores que iria impedir o crescimento a GVT com ‘a) atrasos em todas as solicitações feitas pela GVT à Oi, inclusive para expansão da rede da GVT (ignorando qualquer prazo previsto em lei ou na regulamentação); e b) ?mau funcionamento? da rede da Oi, que prejudicará a GVT’.


A Oi rebate as acusações. ‘Não foi feito esse comentário’, garante João de Deus, diretor de Planejamento Executivo da Oi. Sobre as ligações de funcionários da Oi para a GVT, se passando por clientes, o executivo afirma: ‘Se ocorreram, foram falhas de algumas pessoas. Não é uma diretriz da empresa.’ Segundo a GVT, foram quase 3 mil ligações saídas de centrais de Oi, várias delas gravadas pela GVT, o que mostraria que não foram casos isolados.


João de Deus diz que o relacionamento entre as empresas desandou quando técnicos da Oi descobriram uma ligação ilegal de energia, ou ‘gato’, feito pela GVT em Salvador, com boletim de ocorrência registrado em 20 de novembro de 2008. ‘A GVT resolveu partir para o ataque para se defender’, acredita o diretor da Oi.


Sobre o corte de cabos nos edifícios em Salvador, o executivo confirma que eles foram feitas, e acusa a GVT de ‘invasão de propriedade, sem contrato comercial’, dizendo que a infraestrutura é da Oi. A GVT argumenta que as caixas de ligação pertencem aos edifícios. E exibe três boletins de ocorrência, em que denuncia corte de cabos, registrados em fevereiro em Salvador.’


 


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Cannes faz festival mais compacto


‘A crise econômica global não poupou nem mesmo os que vivem de vender otimismo e incentivar o consumo. A organização do mais importante evento anual para publicitários e executivos de marketing – o Festival Internacional Publicidade de Cannes -, viu cair o número de peças este ano e resolveu prorrogar o prazo de inscrições por mais 12 dias.


Agora, os participantes têm até 24 de abril para cadastrar suas peças. Na última edição, foram mais de 22 mil peças publicitárias, avaliadas em duas semanas de atividade dos diferentes júris. Este ano, ninguém arrisca prognósticos sobre quantas inscrições serão feitas. A crise já derrubou as tradicionais festas promovidas por redes mundiais de agências, como DDB e Leo Burnett. As palestras e os debates, entretanto, ganharam cunho mais econômico. Está na agenda da programação a presença de CEOs da Procter & Gamble, Kraft, McDonald?s e Google.


No Brasil, esse cenário de cautela não é diferente. Os dez brasileiros que farão parte do júri compartilham de uma mesma sensação – ainda que menor, o Cannes Lions segue sendo a melhor vitrine para expor a criatividade.


‘A crise pode até ajudar os jurados em suas tarefas, ao limitar os trabalhos inscritos aos melhores dos melhores’, diz Eco Moliterno, vice-presidente de criação da agência Wunderman e jurado na categoria Cyber, que avalia os trabalhos criados para mídia online.


‘Será o Festival da qualidade, e não da quantidade’, acrescenta Sophie Schoenburg, redatora da AlmapBBDO, que julgará os anúncios em filmes publicitários, a categoria que deu origem ao Festival, que este ano realiza a sua 56ª edição.


Mesmo que o Festival seja menor, o número de peças que alguns jurados têm de avaliar requer preparo de atleta. Para contornar isso, a empresa organizadora do evento, a inglesa Emap, avisou aos jurados da estreante categoria PR – que vai julgar ações de comunicação corporativa e relações públicas – , que terão de chegar ao evento já tendo visto pelo menos 25% dos trabalhos. ‘É emocionante participar em um ano de crise, que por si exige esforço excepcional, e ainda estar na estreia do PR Lions’, diz Andrew Greenless, vice-presidente da agência de comunicação CDN.


Já o colombiano de nascimento, mas brasileiro, com leve sotaque, Leo Macias, diretor de criação da Talent, não nega a responsabilidade de fazer parte do júri – ele é o representante brasileiro na categoria Press, de anúncios impressos. ‘Acho mesmo que teremos menos peças para julgar, mas de escolha muito mais difícil’, diz.


‘A crise é financeira, e não criativa’, defende outro jurado, André Faria, da F/Nazca Saatchi & Saatchi, que julgará propaganda para rádio. Para ele, a atual edição do Festival pode até mesmo surpreender por estimular a habilidade em se buscar soluções com menos dinheiro. Sua agência, um das grandes participantes de Cannes, anunciou este ano que ficará de fora. A agência preferiu preservar empregos a gastar com inscrições em festivais, como informou em comunicado interno.


Em 2008, o Brasil concorreu com 2.461 trabalhos e, mesmo sem a presença de concorrentes importantes, o diretor executivo do Grupo Estado, Odmar de Almeida Filho, espera que o País consiga manter sua participação. O jornal O Estado de S.Paulo é o representante oficial do Festival Internacional de Publicidade de Cannes no Brasil. Para estimular inscrições, entre as iniciativas apresentadas pelo Grupo está o prêmio ‘Melhor Anunciante de Cannes’, que será entregue à empresa mais premiada na França este ano.


Os outros jurados brasileiros da 56ª edição do Cannes Lions são: Alexandre Peralta, da Peralta Strawberry Frog, julgando Outdoor; Gleidys Salvanha, da W, em Projetos de Mídia; Marcelo Heidrich, da Ponto de Criação, em Promoções: Rui Piranda, da Giovanni +DraftFCB, em Marketing Direto; e Luciano Deos, do GAD Branding & Design, em Design.’


 


 


INTERNET
Miguel Helft


Google insiste que é amigo, e não inimigo dos jornais


‘Havia todos os ingredientes para um grande confronto: Eric E. Schmidt, presidente do Google, falou na semana passada numa convenção de executivos de jornais num momento em que um coro crescente do setor acusa o Google de obter sucesso, em parte, às custas dos jornais.


Porém, qualquer controvérsia aberta reverberou pouco mais que um jornal encharcado batendo na soleira de uma porta. O discurso de Schmidt encerrando a reunião anual da Newspaper Association of America foi uma fala prolongada sobre a importância dos jornais e os desafios e oportunidades trazidas por tecnologias como o celular.


Seu discurso foi seguido por perguntas polidas de executivos do setor que só tocaram superficialmente no ponto dolorido: se o uso de manchetes e fragmentos de matérias de jornais no Google News é um ‘uso justo’, segundo a lei de direitos autorais, ou uma apropriação indevida de conteúdo.


‘Fiquei surpreso pelo fato de as editoras de jornais terem deixado o Google se safar’, disse Jim Chisholm, consultor da iMedia Advisory que assessora companhias jornalísticas. ‘Embora o Google News crie muito público, a questão será, em última instância, quem vai ganhar dinheiro com isso: o Google ou as empresas jornalísticas?’


Na segunda-feira da semana passada, a agência de notícias Associated Press anunciou que vai exigir que sites que usam o trabalho de organizações noticiosas, incluindo a AP e seus jornais associados, obtenham permissão e dividam a receita com eles. ‘A resolução final disso tudo será determinada por como se interpreta uso justo’, afirmou Schmidt. Mas ele disse estar ‘um pouco confuso’ por notícias que identificavam o Google como alvo da iniciativa da AP, uma vez que sua empresa atualmente licencia e abriga matérias noticiosas da AP.


Há muito que o Google insiste em que o uso de fragmentos e manchetes no Google News é legal. O Google News, lembrou Schmidt, direciona um grande volume de tráfego para sites de jornais, que capitalizam via publicidade.


É tecnologicamente simples para qualquer site de jornal manter seu conteúdo fora do Google e do Google News, mas poucos jornais – se é que há algum – escolheram esse caminho. Mas os jornais se ressentem do fato de a companhia, que recentemente começou a exibir anúncios no Google News, lucrar em cima do seu conteúdo.


A AP não deu detalhes sobre como exatamente pretende lidar com a questão. Pouco antes do discurso de Schmidt, William Dean Singleton, presidente do conselho da AP e presidente executivo do MediaNews Group, disse: ‘Não produzimos para alguém usar nosso conteúdo, a menos que pague por ele. As licenças que daremos no futuro limitarão onde e quanto de nosso conteúdo poderá ser usado.’ Nas próximas semanas, executivos da AP devem oferecer recomendações sobre como proceder. As companhias jornalísticas não têm se mostrado dispostas a testar a questão nos tribunais, nos quais os argumentos de uso justo do Google poderia se impor.


Em seu discurso, Schmidt encorajou os jornais a criar produtos noticiosos mais personalizados que pudessem ser distribuídos com eficácia na internet, em telefones celulares e outros dispositivos. ‘Achamos que podemos construir um negócio – de novo, com vocês – com recursos publicitários significativos, em que a publicidade é visada para o conteúdo’, disse.’


 


 


VANITY FAIR
Matthew Shirts


Gisele


‘Senti uma fisgada de orgulho ao ver a Gisele Bündchen na capa da revista americana Vanity Fair este mês. É um sentimento irracional, reconheço. Não conheço Gisele, nem presto muita atenção ao planeta das supermodelos. Nada sei de moda. Zero. Minha comoção expressa apenas um nacionalismo curioso, um tanto ou quanto brega, diriam alguns, bem resumido na famosa música Mulher Brasileira em Primeiro Lugar.


Sou grande fã e leitor de revistas, no entanto, e, entre elas, a Vanity Fair é das melhores e mais chiques.


Voltava do almoço acompanhado de boa parte da redação – três ou quatro pessoas – da National Geographic Brasil, onde trabalho, quando vi a capa da garota. Comprei a revista no ato. E por isso paguei um preço alto em gozação.


Como a Vanity Fair é uma publicação estrangeira, talvez seja importante explicar que não se trata apenas de uma revista de celebridades e moda. Traz, é verdade, fotos produzidíssimas, glamour hollywoodiano, e fofoca, mas ao lado de reportagens sérias e discussões sofisticadas de economia, política e história. Juro. Escreve para a revista o prêmio Nobel Joseph E. Stiglitz, por exemplo, um dos mais lúcidos economistas do mundo, tal como William Langewiesche, que considero dos melhores repórteres em atividade.


Tentei explicar aos colegas que me interessava, na edição, sobretudo, o ‘relatório verde’ sobre o legado ambiental de Teddy Roosevelt e o que Barack Obama pode apreender com as políticas desse seu antecessor ilustre. É um debate relevante à National Geographic que sou obrigado a acompanhar, por motivos profissionais. Mas ninguém queria ouvir minhas justificativas. Não me pouparam de comentários irônicos que atribuíam minha curiosidade tão-somente às fotos da Gisele despida.


Achei a gozação divertida, confesso. Diria até que, de um modo geral, a gozação é uma das características mais simpáticas da cultura brasileira. Nos seus melhores momentos transmite um carinho que reconhece traços da personalidade de cada um.


Mas depois, em casa, ao folhear a Vanity Fair achei curiosa a combinação de anúncios de joias e roupas do mais alto luxo, fotos de celebridades e modelos e fofocas, com artigos dedicados a assuntos tão sérios como os conflitos do mundo árabe e a história do ambientalismo. E me ocorreu que essa é uma das chaves do sucesso da cultura sofisticada de grande público nos Estados Unidos.


Foi uma epifania. A Vanity Fair faz os intelectuais se sentirem chiques e os chiques se sentirem intelectuais. Mas ela não é a única publicação americana a combinar elementos destoantes. A New Yorker, por exemplo, pontua seus textos longos e densos com uma produção imensa de cartuns hilários. A National Geographic cobre ciência e história com a melhor fotografia do mundo.


Esse talento não é restrito ao mundo das revistas. Hollywood faz algo semelhante nos seus melhores momentos. Para ficar apenas nos últimos dois filmes que vi. O magnífico Gran Torino, de Clint Eastwood, por exemplo, discute a violência urbana e o racismo, indo ao âmago da sociedade americana por intermédio de uma historinha comovente. Milk recupera um momento trágico e importante do passado recente com uma narrativa comum.


Uma vez realizada a epifania, pude voltar à revista. Concluí que Teddy Roosevelt foi ainda mais importante do que pensava.’


 


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


A notícia pelo celular


‘A chegada dos telejornais da Globo à telinha do celular é fator que só depende de negociação entre o departamento comercial da emissora e operadoras de telefonia móvel. Segundo o diretor da Central Globo de Jornalismo (CGJ), Carlos Henrique Schroder, a área está pronta para inaugurar o serviço.


A ideia é oferecer ao consumidor breves resumos de cada noticiário, por meio de download, sempre com uma apresentação de seu titular especialmente gravada para a ocasião. Sandra Annenberg, por exemplo, aparece para dizer algo como ‘É o Jornal Hoje no seu celular’.


JN, 40 anos


Novas mídias à parte, um dos principais focos da CGJ para este ano está no aniversário de 40 anos do Jornal Nacional, em setembro. Primeiro programa a ser transmitido em rede nacional no Brasil, o noticiário terá direito a novo cenário – uma simulação gráfica da bancada foi apresentada à imprensa na semana passada, quando a Globo anunciou os rumos da casa para 2009, mas a reforma no JN promete ir além da fachada.


Até lá, o JN endossa a proposta, já em vigor, de incentivar o telespectador a sugerir reportagens via internet.’


 


 


 


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