Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Prisão para o prefeito

Sim, prisão para o prefeito Luiz Olinto Tortorello. E prisão sem direito a defesa, sem direito a condições especiais, sem direito a nada. Que seja execrado em praça pública, como nos piores tempos da ‘Santa’ Inquisição.

Afinal, este político, juiz e triprefeito de São Caetano do Sul, cometeu o supremo ato ilegal de ficar doente. Cometeu o infame ato de sucumbir à doença.

Depois de levar São Caetano do Sul ao posto de cidade com as melhores condições de vida do Brasil, sendo reconhecida internacionalmente pelos seus excelentes índices nas áreas de educação, saúde, transportes, segurança, saneamento, entre outros, o prefeito Tortorello ficou doente e – suprema afronta à sociedade, a certos meios de comunicação e jornalistas – está hospitalizado. Mas como pode um homem destes ficar doente e hospitalizado?

E, pior ainda, da cama do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ainda conseguiria comandar manobras ‘escusas’ no Legislativo Municipal para continuar no poder. De seu leito, estaria, junto com seu ‘exército de aliados’, ‘com sua tropa de choque’, alterando como um trator a Lei Orgânica do município para se manter no poder…

Ora, como se manter no poder se ele é o poder legalmente instituído, e apoiado pela população, para comandar a cidade até o último dia de seu mandato, que se encerra apenas no último dia deste ano?

Versões pioradas

Estas cenas, se não fossem apenas trágicas – pelo drama humano de um prefeito que antes de tudo é um ser humano –, são retratadas diariamente no que se diz ser o maior jornal do Grande ABC, na região metropolitana de São Paulo, com essa desfaçatez, essa falta de compromisso com a verdade, essa falta de ética e de respeito ao ser humano.

Ou seja, com a nítida e perversa intenção de prejudicar ainda mais o delicado estado de saúde do prefeito, abalar ainda mais a tranqüilidade da família, causar pânico na população e irritar todos os que continuam trabalhando, sob o comando do prefeito, para manter São Caetano funcionando como melhor cidade do Brasil, até o seu sucessor político, José Auricchio Jr., assumir o comando.

Perguntariam os ingênuos, os ignorantes ou os leitores de má-fé: mas este não é o dever de um jornal, de um veículo de comunicação? Não. Jornalistas e veículos de comunicação sérios, éticos e comprometidos com a verdade – mesmo que seja muito difícil encontrá-la – devem ter muito claros os limites da informação que envolve o ser humano e o homem público. E não tratar um prefeito e um ser humano respeitado como Luiz Olinto Tortorello como se fosse um criminoso caçado pela Justiça.

Se esse limite, muitas vezes tênue, não é respeitado, trata-se de invasão de privacidade, de jornalismo marrom, de sensacionalismo barato, do pior tipo a que assistimos diariamente em reality shows de mau gosto, que desabonam e humilham o ser humano.

Ou jornalismo tão barato quanto a programas que apenas usam os fatos – ou melhor, apenas usam as piores versões dos fatos – para tornar a nobre arte do jornalismo em entretenimento de mau gosto, em show de horrores e, para aumentar, de forma antiética e sem escrúpulos, os índices de leitura e audiência.

Detalhes sórdidos

É exatamente isso o que o maior jornal da região – o Diário do Grande ABC – está fazendo neste caso do drama humano do prefeito Luiz Olinto Tortorello. E faz esse tipo de bizarrices já há algum tempo, depois que sua antiga direção foi desfeita, há uns sete anos, e o jornal ficou nas mãos de pessoas que não têm compromisso com o jornalismo, com a credibilidade, com o serviço público de informar, de fiscalizar o Poder Público e de ajudar a comunidade a resolver seus problemas – e não aumentá-los e tornar a vida uma sucessão de cenas bizarras, de mau gosto, de mentiras, de acusações infundadas, de humilhações e de terrorismo mental e espiritual.

Enfim, este jornalismo (?) do rancor, do sangue nos olhos, do fígado contaminado pelos péssimos humores, deste que foi um dos maiores jornais regionais do país, só ganhou (?) até hoje tiragens ainda mais sofríveis, perdendo a cada dia mais leitores e anunciantes e sendo vítima de piada dos moradores do Grande ABC. É só isso o que se ouve nas ruas, nas reuniões de clubes, de entidades de classe, nas bancas de jornais, nos bares e restaurantes da cidade.

E ainda tentam ludibriar os leitores e os cidadãos com a criação de Conselho de Leitores, uma enganação em que só ingênuos ou mal-intencionados entram. Este jornal escolheu justamente agora, como boi-de-piranha, o prefeito Luiz Tortorello para seu show de horrores, assim como já fez no passado recente, por meio de outras mentiras e falsas acusações, com outros políticos e prefeitos do Grande ABC, inclusive alguns pesos-pesados eleitos no último pleito.

Aliás, esta é uma prática já bem conhecida do jornal, de seduzir os pretensos aliados políticos com promessas de um jornalismo (?) chapa-branca, totalmente favorável às suas administrações, e, depois de pegar o dinheiro da publicidade oficial – ou seja, do nosso bolso –, esfaqueá-los por trás. Mas essa é uma outra história…

No caso do prefeito Tortorello, se estivesse cumprindo com seu dever público, este jornal teria apenas dado matéria informando, com discrição, sem entrar em detalhes tão especulativos quanto sórdidos, que o prefeito está doente. Até porque Tortorello não foi eleito para um novo mandato nem está se candidatando a novos cargos públicos, pelo menos oficialmente.

Portanto, São Caetano não corre o risco de sofrer uma crise institucional. A população não corre o risco de ficar à deriva, sem prefeito, sem governo, caso aconteça algo de mais grave – e isto não é uma praga, mas apenas uma possibilidade – ao prefeito atual.

Questão de Justiça

Luiz Tortorello está a menos de um mês de passar as chaves da cidade ao novo prefeito, José Auricchio Jr, a quem preparou, juntamente com toda a equipe que trabalhou pela cidade nos últimos 20 anos, para continuar e melhorar ainda mais o excelente trabalho já realizado pela Prefeitura de São Caetano, reconhecido pela população nas urnas de outubro último.

Mas o jornalismo marrom, invasivo, de quinta categoria, do desespero para reverter as trágicas quedas de tiragens, de leitores e de anunciantes – provocadas por alguns jornalistas incompetentes e antiéticos, apoiados por alguns diretores e proprietários de veículos de comunicação sem nenhum preparo para exercer função tão primordial para a sociedade – não entende nada disto. Prefere ser algoz, provocar pânico, ser o médico-monstro que decide o dia em que o paciente deve morrer.

Alguns jornalistas, executivos e empresários de veículos de comunicação, infelizmente só conseguem viver como abutres, sempre à espera de carne nova para triturar, sem contribuir com nada para a melhoria da qualidade de vida da população.

É essa a fórmula que usam para tentar ganhar mais leitores, audiência e mais dinheiro.

Mas os leitores, os anunciantes e o público em geral percebem facilmente este jogo sujo e repelem este tipo de estratagema sórdido, como estão fazendo com este jornal. E ao cancelar assinaturas e deixar de compra-lo nas bancas demonstram seu desprezo pelo pior tipo de jornalismo (?) que se pode praticar.

É o que os cidadãos, anunciantes, consumidores, leitores e telespectadores dos países mais desenvolvidos fazem.

E que a Justiça, que já está há muito tempo de olhos bem abertos para o que se passa dentro desse jornal, exija um comportamento mais ético de alguns poucos jornalistas que só envergonham nossa categoria.

******

Jornalista, professor de Comunicação e Marketing, trabalhou por 13 anos no Diário do Grande ABC