Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Resposta a Merval Pereira

Prezado senhor Merval Pereira,

Tenho mais de vinte anos de profissão, detenho, dentre outros, três Prêmios Esso de Jornalismo, e ao longo desta estrada aprendi que o bom jornalista, esteja ele na redação ou do outro lado do balcão, precisa estar bem-informado. A intenção desta mensagem é lhe deixar bem-informado. Vamos lá:

1. Em 2002, na campanha presidencial, não trabalhei para o candidato José Serra, nem formal nem informalmente. Nem me parece que ele gostaria. No período pré-eleitoral, fui o promotor de uma exposição fotográfica, noticiada inclusive em O Globo, jornal que o senhor chegou a dirigir, que revelava o caos da saúde pública no país à época gerenciada por José Serra;

2. Não estive por trás do Caso Lunus. Muito pelo contrário. Deixei a redação da IstoÉ e assumi minha empresa, a Free Press, justamente para trabalhar com a então pré-candidata Roseana Sarney. Na realidade, minha única participação no Caso Lunus foi denunciar ao senador José Sarney que havia uma manobra sombria do candidato José Serra no sentido de aniquilar a candidatura Roseana Sarney. Como aconteceu. Minha denúncia tornou-se pública em discurso proferido no Senado pelo próprio pai da pré-candidata, José Sarney;

3. Não terceirizei ‘minhas habilidades’ depois de ter descoberto o motorista Eriberto França. Antes de deixar a redação da IstoÉ – por vontade própria –, onde, desde 1993, era editor na sucursal de Brasília, denunciei o Caso Sivam, no governo de Fernando Henrique Cardoso, tucano, como todos sabem; trabalhei no caso da fraude do painel do Senado, que levou à renúncia do senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) e do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA); isto apenas para citar alguns casos de razoável repercussão;

4. O senhor se refere a mim como ‘uma espécie de repórter investigativo de aluguel’. Na realidade, repórter sempre fui e continuo sendo, buscando sempre estar bem-informado. Não tive a oportunidade de ser promovido do cargo de diretor de redação a colunista. Resolvi sair da redação – o que desagradou meus superiores – e tocar minha própria empresa que tem, naturalmente, sua carteira de clientes regida por contratos transparentes com impostos devidamente pagos;

5. Em sua coluna de 2 de abril, o senhor diz que ‘o governo continua, através de diversas fontes, convencido de que Pedrosa…’. Com minha experiência de repórter investigativo – condição que muito me orgulha – não cometeria tal erro. Como o senhor bem sabe, uma coisa é opinião, outra muito diferente é informação errada. Alguém está sendo muito bobo ou muito esperto nesse episódio.