Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Restrições prejudicam cobertura internacional

Primeiro Mianmar, agora o Paquistão. Pela segunda vez em poucos meses, explode um conflito com direito a líderes de oposição presos e manifestantes mortos em um país vizinho à China, e mais uma vez o público chinês tem que se contentar com reportagens curtas e frias e, algumas vezes, bastante imprecisas dos eventos.

Apesar da proximidade geográfica e de diversos interesses importantes em jogo, a cobertura internacional é cada vez menos presente na mídia chinesa, noticia Howard W. French [The New York Times, 7/12/07]. Os contrastes com a cobertura doméstica são imensos. Mesmo com a censura governamental, as notícias locais vivem um período de bonança.

Mais publicações

Há menos de três décadas, havia apenas dezenas de jornais no país, todos administrados pelo governo. Em 2005, uma pesquisa revelou que a China tem mais de dois mil jornais e nove mil revistas, fornecendo uma cobertura mais profunda dos eventos que ocorrem em território chinês. No entanto, o que os chineses podem ler sobre o que acontece em outros países continua extremamente limitado e controlado pelo governo. No final de setembro, um dia após soldados de Mianmar terem aberto fogo contra manifestantes desarmados, incluindo monges, o Oriental Morning Post, de Xangai, e o Youth Daily, de Pequim, reproduziram um artigo da agência oficial Xinhua informando que o governo de Mianmar não havia atacado os monges.

Apenas poucas publicações têm sucursais no exterior e correspondentes internacionais. Até as publicações que usam freelancers ou que eventualmente enviam repórteres para determinadas ocasiões usam muitas informações de agências de notícias e evitam temas delicados. Muitas delas alegam que é complicado fazer uma boa cobertura internacional porque o governo requer autorização para a abertura de escritórios no exterior ou para mandar repórteres para outros países.