Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

São Paulo e Rio de Janeiro no centro da notícia

A prisão preventiva do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foi decretada na tarde do dia 7 de maio pelo juiz Maurício Fossen. Na noite desse mesmo dia, mais de 600 pessoas acompanhavam os trabalhos da polícia na prisão do casal. Os dois agora passam a ser réus no caso que chocou o Brasil no dia 29 de abril.

O trabalho de muitas emissoras, como a Rede Record de televisão, seguiu a linha já traçada desde o início da cobertura sobre as investigações do crime. Quem quis saber cada detalhe da prisão pôde acompanhar pela emissora que nos últimos meses vem mudando sua ideologia de programação, que antes era baseada na evangelização.

Outros canais seguiram a mesma linha de raciocínio, explorando o que não dá mais para ser explorado, uns atentando para o emocional, outros unicamente para ganhar alguns pontos na guerra da audiência, mais uma vez colocando em cheque a credibilidade da imprensa brasileira.

A Record ocupou espaço considerável em seus programas jornalísticos e consultou peritos em linguagem labial para saber o que Alexandre Nardoni dizia para seus advogados na delegacia.

O tempo precioso dos jornalistas

Enquanto o caso da pequena Isabella Nardoni é explorado incansavelmente pela mídia brasileira, dá a idéia de que é um fato isolado na sociedade brasileira, como se todos os dias, neste país, crianças não são maltratadas e assassinadas muitas vezes pelos próprios pais.

Enquanto isso, no Pará, grupos de extermínio agem para grilar terras, pessoas são executadas em um estado onde as leis não são para todos. Prova disso foi o resultado do julgamento do acusado de mandar matar a missionária Dorothy Stang, Vitalmiro Bastos de Moura, que foi inocentado. Mas o Pará não faz parte do eixo Rio-São Paulo, assim como o Recife, uma das capitais mais violentas da nação, onde foi inaugurado no dia 30 de abril um ‘contador de homicídios’, o primeiro do mundo, que já no primeiro dia de existência registrou 11 assassinatos.

Mas tudo isso não interessa à imprensa sensacionalista, que se baseia na guerra pela audiência. O que prende a atenção dos telespectadores é essencial que seja divulgado, o que passa despercebido toma apenas poucos minutos do tempo precioso dos jornalistas do Brasil.

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Jornalista precário, Santo Antonio do Aracanguá, SP