Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Soldados americanos vs. profissionais de imprensa

Em uma audiência com o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, na semana passada, o senador republicano John Warner, presidente do Comitê do Senado para as Forças Armadas, levantou a questão da falta de segurança de jornalistas que cobrem o conflito no Iraque. A preocupação tem foco certo: o aumento do número de profissionais de imprensa mortos, feridos ou detidos por soldados americanos.

Dias antes da audiência, Warner teve acesso a cópias de cartas enviadas pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas ao secretário e recebeu uma carta da agência de notícias Reuters com um apelo para que a questão fosse analisada, além de um telefonema de Paul Steiger, presidente do CPJ e editor do Wall Street Journal.

A carta da Reuters, assinada pelo editor global da agência, David Schlesinger, afirmava que a conduta das forças militares americanas diante de jornalistas no Iraque está ‘fora de controle’ e evita que o público tenha acesso a uma cobertura completa da guerra. As detenções e tiroteios acidentais tendo jornalistas como alvo limita as formas de operação da imprensa no país, escreveu Schlesinger ao senador.

Warner afirmou, após a audiência, que havia levantado ‘a questão da segurança da imprensa no Iraque’ e destacado a importância do trabalho dos jornalistas. ‘Discuti o assunto com o secretário. Ele irá levar a questão em consideração’, completou. O general George Casey, comandante das forças americanas no Iraque, também se comprometeu a responder ao apelo. ‘Esta é uma questão que levamos muito a sério. O que farei quando voltar a Bagdá é me reunir com alguns jornalistas locais e debater com eles suas preocupações’, afirmou. Warner sugeriu ao general que também marcasse encontros com as organizações que levantaram o problema.

Segundo dados da organização Repórteres Sem Fronteiras, 73 jornalistas e profissionais de imprensa morreram desde o início da guerra, em março de 2003. Com informações de Julia Day [The Guardian, 28/9/05], Alan Elsner [Reuters, 29/9/05] e Comitê para a Proteção dos Jornalistas [29/9/05].