Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Vale o escrito?

A Folha de S.Paulo publica, na edição de sexta-feira (28/5), na íntegra, a carta enviada pelo presidente americano Barack Obama a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil. A mensagem diz claramente que os Estados Unidos apoiariam um acordo com o Irã como o que foi obtido pela diplomacia brasileira, junto com o governo da Turquia.


‘Desde o começo, considerei a solicitação iraniana como uma oportunidade clara e tangível de começar a construir confiança mútua e assim criar tempo e espaço para um processo diplomático construtivo’, diz literalmente a carta de Obama.


O presidente dos Estados Unidos se refere claramente à proposta que foi levada e aprovada pelos dirigentes do Brasil e da Turquia, de transferir 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do Irã, considerando-a ‘de importância fundamental para os EUA’.


Esse foi exatamente o termo do acordo obtido e confirmado oficialmente pelo governo iraniano junto à Agência Internacional de Energia Atômica.


Na carta, Barack Obama lembra ainda das tentativas anteriores de atrair o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para um acordo, e afirma que os Estados Unidos continuariam levando adiante sua busca por sanções.


Os fatos que se seguiram ao anúncio do acordo entre Brasil, Irã e Turquia confirmam estritamente o que é enunciado na carta.


Outro patamar


O que parece mais claro agora é que a imprensa internacional, e mais flagrantemente a imprensa brasileira, não conseguiu ou não teve interesse em esclarecer que o Brasil estava encarregado de liderar uma tentativa de atrair o Irã para um novo patamar nas negociações.


A carta de Barack Obama, cuja cópia foi obtida com exclusividade pelo jornalista Clóvis Rossi, esclarece tudo que os jornais haviam deixado obscuro ou distorcido nos dias anteriores.


Ainda não sabemos se o mundo ficou mais seguro depois da ação diplomática do Brasil no Irã, mesmo porque pipocam por todo lado novos focos de tensão, como o estado de guerra entre as duas Coréias e a viagem do navio com ajuda humanitária, patrocinado pela Turquia, para a Faixa de Gaza, que o governo de Israel ameaça obstruir.


O que não se pode negar é que o Brasil deixou sua posição subalterna nas relações internacionais para se tornar protagonista central de um processo de paz.