Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Morre o criador do humorístico ‘Balança mas não cai’

O humorista Max Nunes morreu na madrugada desta quarta-feira [11/6] em decorrência de complicações após sofrer uma queda e fraturar a tíbia. Ele tinha 92 anos e estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.

Formado em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele chegou a exercer a profissão na sua especialidade, cardiologia. Mas sua grande paixão era o entretenimento. Antes mesmo da universidade, ele se envolveu com a música: era vizinho de Noel Rosa em Vila Isabel, que o incentivou a cantar. Participou de concursos nas rádios e compôs marchinhas nos anos 1950. É dele, ao lado de Laércio Alves, a clássica “Bandeira branca”, gravada por Dalva de Oliveira.

Sua estreia como roteirista se deu na Rádio Nacional, no programa “Barbosadas”, apresentado por Barbosa Jr. Escreveu diversos programas na Rádio Nacional e na Tupi até criar aquele que seria seu maior sucesso: “Balança mas não cai”, que fez sucesso na Rádio Nacional nos anos 1950 e 1960 e marcou a história do humor no Brasil, não apenas no rádio, porque ganhou versões para o cinema, o teatro de revista e a televisão. Na atração contracenavam personagens como Primo Rico (Paulo Gracindo) e Primo Pobre (Brandão Filho), Fernandinho (Lúcio Mauro) e Ofélia (Susana Mamede), entre outros. Em 1968, o humorístico foi adaptado para a TV Globo.

A primeira vez que Max Nunes escreveu para a TV foi em 1962, criando os programas “My fair show” e “Times Square”, na TV Excelsior. Dois anos depois migrou para a Globo para dirigir e escrever “Bairro feliz” ao lado de Haroldo Barbosa. Daí em diante esteve à frente de inúmeros projetos, como o pioneiro “TV0-TV1”, que parodiava a programação televisiva e influenciou humorísticos como “TV Pirata”, “Casseta & Planeta, Urgente!”, e segue inspirando até hoje, como se vê no “Tá no ar: a TV na TV”.

Um dos seus maiores parceiros na TV foi Jô Soares, com quem trabalhou por mais de 30 anos. Em 1972, Max integrou a redação do “Faça humor, não faça guerra”, ao lado de Jô. Depois, estiveram juntos também em “Satiricom”, “Planeta dos homens” e “Viva o Gordo”.

Foi também ao lado de Jô Soares que Max Nunes se transferiu para o SBT, onde produziram “Veja o gordo” e “Jô Soares Onze e Meia”. Desde 2000, ambos também voltaram para a Globo para conduzir o talk show “Programa do Jô”.

Por telefone, Jô Soares disse ao programa “Estúdio I”, da Globo News, que está “profundamente sensibilizado”. “Meu padrinho tão querido. Um gênio, um criador, um amigo querido, uma pessoa de uma doçura inacreditável, de uma força criativa inesgotável. Sempre com um humor na ponta de língua. Uma vez eu estava entrevistando um paraquedista e ele falou para mim: ‘É o único meio de transporte que, quando enguiça, você chega mais depressa’. Era sempre muito afiado. Só fica uma saudade imensa e o consolo de que ele teve uma vida vitoriosa, fazendo o que sempre quis fazer e fazendo sucesso”, disse Jô.

Max Nunes deixa duas filhas, Bia Nunnes e Maria Cristina Nunes. O velório será realizado nesta quinta-feira [12/6], a partir das 8h, na Capela 1 do cemitério São João Batista, em Botafogo. O enterro acontece logo em seguida, ao meio-dia.

>> Assista a um depoimento de Max Nunes ao site Memória Globo.