Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Com a câmera e a caneta

Depois da morte de Cartier-Bresson, o mundo perde outra importante testemunha de grandes eventos do século 20. Morreu, em 16/8, o fotógrafo americano Carl Mydans, em sua casa em Larchmont, no estado de Nova York. Mydans tinha 97 anos e sofreu um ataque cardíaco.

O fotógrafo viajou pelo mundo em companhia de sua câmera e clicou momentos históricos, como a Grande Depressão e a II Guerra Mundial, a Guerra da Coréia e a do Vietnã. Mydans estudou na Boston University e trabalhou no jornal da universidade, no Boston Globe e no Boston Herald. Foi repórter fotográfico da revista Life e, junto com uma equipe formada por grandes fotógrafos – como Alfred Eisenstaedt, Margaret Bourke-White, Thomas McAvoy e Peter Stackpole – foi um dos pioneiros do fotojornalismo.

Sempre unidos

Sua mulher, Shelley Smith, era jornalista, e o casal costumava trabalhar – e se aventurar – junto. Mydans a conheceu em 1938 e, três anos depois, os dois foram escalados para cobrir a II Guerra, na China. Eles estavam em Manila, nas Filipinas, quando os EUA sofreram o ataque japonês em Pearl Harbor. Foram capturados pelos japoneses e passaram dois anos presos. O casal foi repatriado em uma troca de prisioneiros de guerra.

Não satisfeito com a experiência, Mydans voltou à guerra, desta vez na Europa, onde cobriu as invasões dos Aliados na Itália e França. Voltou depois à China e Japão, onde testemunhou o fim do conflito e a Guerra da Coréia. No fim de tudo, continuou a cobrir a vida nos EUA e no resto do mundo para a Life.

Fotógrafo e escritor

Mydans tinha o hábito de sempre carregar sua máquina consigo, onde quer que fosse. Isso o permitia documentar qualquer coisa que achasse interessante – através de imagens e palavras. Isso porque outro de seus hábitos era escrever sobre o que via. Em seus últimos anos como fotógrafo, ele ficou conhecido por manter diários detalhados sobre seus trabalhos e experiências. O gosto pela escrita o transformou também em autor de livros, entre os quais está More Than Meets the Eye (Mais do que encontra o olho), de 1959, sobre fotojornalismo.

Ele deixa uma filha, Shelley, e um filho, Seth Mydans, que hoje é correpondente estrangeiro do New York Times. Com informações de Richard Pyle [AP, 17/8/04].