Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

2006, um ano letal para jornalistas

O ano de 2006 termina como um dos mais letais para jornalistas. Apenas no Iraque, a violência tirou a vida de 32 profissionais de imprensa, segundo dados do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, em relatório que contabiliza os assassinatos, ataques e ameaças sofridas por eles em todo o mundo [20/12/06]. Na maioria dos casos no Iraque, os jornalistas não eram vistos como figuras neutras no lugar errado e na hora errada; eram alvos específicos de insurgentes.

Mas os números não são melhores em outros países. O CPJ contabilizou 55 jornalistas mortos por ligação direta com seu trabalho em 2006. A organização investiga outras 27 mortes para tentar determinar suas relações com o jornalismo. Em 2005, foram 47 jornalistas mortos por sua profissão, e 17 assassinatos cuja motivação não pôde ser determinada.

O relatório do CPJ afirmou que 30 dos 32 jornalistas mortos este ano no Iraque eram iraquianos. A organização lembrou de alguns casos que marcaram a violência enfrentada pelos profissionais de imprensa, como o assassinato da correspondente da emissora al-Arabiya, Atwar Bahjat.

Impunidade

Depois do Iraque – que, por quatro anos consecutivos, é considerado o lugar mais perigoso para jornalistas –, foram listados como países de risco em 2006 Afeganistão, Filipinas, Rússia, México, Paquistão e Colômbia. Assassinato foi a principal causa de morte de jornalistas este ano, contabilizando 85% dos casos. Pouco mais de 10% morreram em incidentes em combate e 4%, enquanto cobriam eventos tumultuados, como protestos violentos.

Pesquisa realizada pelo CPJ deu conta também de que pouco progresso foi apresentado nas investigações dos casos, o que reforça o resultado de um estudo mais antigo que determinou que menos de 15% dos casos de jornalistas assassinados acabam com a condenação dos criminosos.

A organização lembrou o brutal assassinato da repórter investigativa Anna Politkovskaya, na Rússia, as mortes de dois jornalistas que cobriam atividades paramilitares na Colômbia e os riscos enfrentados por profissionais que se aventuram no violento estado mexicano de Oaxaca.

O CPJ, fundado em 1981, compila e analisa as mortes de jornalistas anualmente. O relatório original pode ser encontrado no sítio da organização, que também disponibilizará, a partir de 2/1, uma lista final com todos os profissionais assassinados em 2006.