Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Blogueiros chineses recorrem a códigos para discutir política

À primeira vista, palavras como Teletubbies, miojo e tomate não tem nenhuma relação com política, certo? Mas termos como estes vem ajudando blogueiros chineses a enganar censores e discutir problemas do governo. Dede que Bo Xilai foi destituído do cargo de chefe do Partido Comunista em Chongqing, no mês passado, rumores sobre o futuro político no país aumentaram na web, ainda mais com a transição de poder que será realizada este ano, no congresso do Partido Comunista.

Internautas recorreram, então, a apelidos para se referir a líderes que não podiam ser mencionados. “Há poucos dias, Pequim foi palco de um cabo de guerra inovador para os mais velhos; o jogo tem nove participantes”, escreveu um blogueiro, referindo-se aos nove membros do Bureau Político do Partido Comunista, principal órgão politico do país. “A primeira batalha ainda é intensa. O time de Teletubbies tem vantagens e, de maneira relativa, o do Master Kong [marca de miojo] está caindo”. Teletubbies é o código para o premiê Wen Jiabao, que repreendeu Bo publicamente antes de sua saída – um dos personagens da versão chinesa do programa infantil tem o nome do premiê. Já Master Kong é uma referência a Zhou Yongkang, que apoia Xilai e é uma das principais autoridades de segurança do país. “Tomate aposentou-se; qual sabor terá o Master Kong?”. Tomate é código para Xilai.

Segundo Jeremy Goldkorn, fundador do Danwei, site sobre mídia chinesa, esta é a maneira clássica de enganar filtragem de palavras. “Nós últimos dias há muitas palavras novas. É necessário estar seguindo chats regularmente para pegá-las e censurá-las”, disse. Muitas das mensagens parecem estranhas a leitores casuais. Até mesmo bem informados lutam para entender grande parte das referências. No entanto, segundo o blog Offbeat China, “Master Kong” foi o sétimo termo mais buscado na ferramenta Sina Weibo – uma espécie de Twitter – em março. Informações de Tania Branigan [The Guardian, 22/3/12].