Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Três anos depois, o jornal que se transformou

Há três anos, o Christian Science Monitor começou uma profunda transformação digital. O jornal americano matou sua edição impressa distribuída em cinco dias da semana, lançou uma revista semanal e migrou as operações diárias inteiramente para a web.

Por um período – a maior parte do primeiro ano –, a redação sofreu com a alteração do velho processo industrial de deadlines uma vez ao dia, lembra o editor John Yemma. No entanto, ao longo dos últimos dois anos, uma equipe levemente reduzida entrou no ritmo com melhorias no tráfego e nas finanças da organização. A audiência digital aumentou cinco vezes após as mudanças – são atualmente 42 milhões de páginas vistas por mês e de 8 a 10 milhões de visitantes únicos mensais. As vendas de conteúdo e receita publicitária cresceram mais de 50% no ano fiscal que se encerrou no dia 30/4.

Com um orçamento operacional de US$ 18,6 milhões (cerca de R$ 35,5 milhões), o Monitor obteve US$ 8 milhões (em torno de R$ 15,27 milhões) de operações e outros US$ 6 milhões (R$ 11,4 milhões) da Primeira Igreja de Cristo, Cientista – o jornal foi criado, em 1908, pela fundadora da igreja, em Boston. O subsídio adicional da igreja reduziu-se a US$ 4,5 milhões (R$ 8,5 milhões) neste ano fiscal e no próximo será de US$ 3,3 milhões (R$ 6,3 milhões). O objetivo é que o Monitor seja autossuficiente até 2017.

Tendências

Yemma ressalta que houve muito aprendizado no caminho para adaptar o estilo do jornalismo às possibilidades da web. Por exemplo, o uso de vídeos pesados foi abandonado e a seleção é feita de maneira mais criteriosa, em parceria com uma produtora – o que atrai mais usuários e anunciantes.

Na avaliação de Rick Edmonds [Poynter, 2/5/12], é possível que o padrão escolhido pelo Monitor – uma versão impressa semanal e outra digital atualizada constantemente – se espalhe pela indústria jornalística, na medida em que edições diárias continuam a encolher e as edições dominicais permanecem intactas. “A mudança de cultura é a maior oportunidade, mas também o maior problema”, diz Yemma. “Se não for feita uma mudança radical, é algo esquizofrênico para uma organização tentar inovar digitalmente com um pé ainda no impresso diário. Você pode indagar se somos um modelo para o resto da indústria. Eu diria que sim e que não. Nunca tivemos uma grande tiragem local para proteger. Mas você pode ver a redução da doação da igreja como algo semelhante à erosão da publicidade em um jornal local”.

O Monitor Weekly tem hoje 60 mil assinantes pagos, o que significa um aumento de 40% na tiragem impressa quando esta foi interrompida (embora a um preço mais baixo). Um dos problemas da edição semanal é que sua tiragem dispersa aumentou os custos de entrega.

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