Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

BBC incentiva jornalistas à demissão voluntária

O Serviço Mundial da BBC incentivou jornalistas de sua rede a considerarem a possibilidade de demissão voluntária, uma vez que pretende evitar demissões compulsórias para enfrentar cortes de 42 milhões de libras (cerca de R$ 145 milhões) em seu orçamento. No total de sua rede mundial, a BBC está fechando 73 postos de trabalho na área editorial após os cortes que sofreu no financiamento, em 2010, por parte do governo.

Stephen Mitchell, vice-diretor da BBC para o setor de notícias, incentivou sua equipe a aderir à demissão voluntária num e-mail enviado quinta-feira (1/11) pela manhã que dizia: “Comprometemo-nos a evitar demissões compulsórias onde for possível, o que já fizemos anteriormente e fomos muito bem-sucedidos. Esperamos manter nosso histórico e, por isso, perguntamos uma vez mais a todos de nossa equipe da rede jornalística se querem considerar a demissão voluntária.” Mitchell solicitou à equipe que registre seu interesse em demissão voluntária até 19/11. No mesmo e-mail, Mitchell disse que a rede jornalística teria “importantes postos de trabalho em vias de fechar” até 1º de abril de 2013. Um porta-voz da BBC confirmou que os “importantes postos de trabalho” não significavam mais demissões.

O programa de demissões voluntárias provocou duas saídas do Serviço Mundial da BBC no ano passado. A BBC disse que o fechamento dos 73 postos de trabalho representava uma redução na estimativa original de mais de 100. Cerca de 1.250 pessoas trabalham no Serviço Mundial em todo o mundo.

Compromisso com programação de qualidade

O Sindicato Nacional de Jornalistas criticou os cortes no Serviço Mundial. A secretária-geral, Michelle Stanistreet, alegou que a perda de postos de trabalho contraria o compromisso da empresa com uma programação de qualidade e solicitou que o diretor-geral, George Entwistle, tentasse renegociar a proposta de demissões. “O Serviço Mundial [da BBC] é uma fonte de informação para pessoas do mundo todo, descrito pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, como ‘talvez a maior dádiva que o Reino Unido deu ao mundo’”, acrescentou Michelle.

Ela reforçou que os cortes prejudicariam a abrangência e os serviços da rede. “[O diretor-geral de notícias] Peter Horrock fala, sem pensar duas vezes, sobre como as audiências do mundo todo, em especial do mundo árabe, confiam cada vez mais nas transmissões de onda média, e logo em seguida anuncia cortes maciços nos serviços de onda média sendo transmitidos da Síria, do Líbano, do Egito e da Jordânia. Esses cortes irão prejudicar profundamente a abrangência e os serviços da BBC num momento em que são mais necessários do que nunca. A BBC precisa de parar e repensar sua abordagem sobre os Serviços Mundiais antes que cometa um dano irreparável.” Informações de Josh Halliday [The Guardian, 1º/11/12]