Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Soldado que vazou informações diz que já pagou o suficiente

Bradley Manning, soldado do exército acusado pelo maior vazamento de documentos secretos da história dos EUA declarou, na semana passada, que se sentia como um animal marcado, enjaulado desde que foi preso, em Bagdá, no Iraque, e acusado de enviar documentos militares e diplomáticos ao site WikiLeaks, que se especializou no vazamento de tais documentos. O soldado depôs pelo terceiro dia numa audiência que antecede seu julgamento em Fort Meade, nos arredores de Baltimore, nos EUA. Seus advogados procuram isentá-lo das acusações sob o argumento de que a detenção que sofreu, anterior ao julgamento, numa brigada da Marinha em Quantico, Virgínia, foi desnecessariamente penosa.

Antes de ser mandado para Quantico, em julho de 2010, o soldado Manning passou um tempo numa cela, numa tenda incomunicável, em Camp Arifjan, uma instalação do exército no Kuwait. “Lembro-me que pensava ‘Vou morrer’”, disse. “Estou preso dentro desta jaula. Eu achava que ia morrer naquela jaula. E era assim que eu a via: uma jaula para animais.”

Manning está tentando evitar ser julgado no caso WikiLeaks. Ele argumenta que já foi punido demais quando estava preso, sozinho, numa cela pequena, por nove meses na brigada da Marinha em Quantico e teve que dormir despido por várias noites. Os militares afirmam que o tratamento foi adequado, levando em consideração sua condição de preso de segurança máxima que representava um risco para si próprio e para os outros.

Infrações representam prisão perpétua

Na manhã de quinta-feira (29/11), uma juíza militar, a coronel Denise Lind, aceitou os termos segundo os quais o soldado Manning admitia a culpa por oito acusações de ter enviado documentos secretos ao WikiLeaks. A decisão da juíza não significa que as petições sejam formalmente aceitas. Isso poderia acontecer em dezembro. Mas ela aprovou a linguagem que Manning reconheceu e disse que isso corresponderia a uma sentença máxima de 16 anos.

O soldado Manning fez a oferta como forma de aceitar a responsabilidade pelos vazamentos. As autoridades governamentais não disseram se irão continuar a processá-lo pelas outras 14 acusações que enfrenta – inclusive, a de ajudar o inimigo. As infrações representam uma pena máxima de prisão perpétua. De acordo com sua proposta, Manning admite ter enviado voluntariamente o seguinte material: um arquivo com um vídeo de batalha, alguns comunicados secretos, mais de 20 relatórios sucintos sobre a guerra do Iraque, mais de 20 sobre a guerra do Afeganistão e outros materiais secretos. Ele também reconheceria a culpa em não ter armazenado adequadamente informações secretas. Informações do New York Times [30/11/12].