Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Políticos e editores discutirão órgão regulador em janeiro

Com sinais de divisão surgindo de dentro da indústria jornalística – o que poderia levar a um confronto com alguns políticos –, donos e editores de jornais deverão encontrar-se no dia 10 de janeiro para sugerir suas últimas propostas para um regulador da imprensa no Reino Unido. Na quinta-feira (20/12), o Partido Trabalhista estava enfatizando – após conversas com a secretária da Cultura, Maria Miller, e parlamentares liberal-democratas – que estava aberto a discutir como desenvolver um sistema permanente para verificar se a indústria está se regulando de forma adequada, mas isso também dependeria de a indústria oferecer um sistema de autorregulação que esteja em conformidade com as propostas apresentadas pelo juiz Brian Leveson.

Alguns políticos trabalhistas estão começando a questionar a sinceridade das promessas da indústria de seguir os princípios de Leveson, inclusive o fato de o presidente do órgão regulador ser independente. Também foi enfatizado que a indústria poderia ter que comparecer perante a comissão seletiva de Cultura para expor suas opiniões definitivas. O Partido Trabalhista também pressiona para que um novo debate parlamentar aprofunde algumas das propostas que foram discutidas em particular, em conversações interpartidárias, acrescentando que ainda acredita contar com uma maioria na Casa dos Comuns para impor as reformas de Leveson à indústria, caso os editores dos jornais não mudarem de posição. Ed Miliband determinou que a resolução seja tomada até final de janeiro e até agora não mudou de posição.

Em nome do primeiro-ministro David Cameron, o ministro Oliver Letwin propôs a adoção de um documento chancelado pela realeza – chamado de “royal charter” para nomear juízes ou personalidades independentes para verificarem o sistema da indústria de autorregulação. Na quinta-feira, ele encontrou-se com o grupo Hacked Off, que coordena uma campanha representando vítimas de intromissão da imprensa. Na sexta-feira (21/12), autoridades iriam apresentar aos líderes políticos detalhes por escrito dos planos do “royal charter”.

“A urgência é de suma importância”

Aparentemente, o Partido Trabalhista quer explorar a proposta desde que ela esteja sujeita a alguma forma de suporte legal para garantir que não possa ser alterada pelo poder executivo. Em conversas durante a semana, o próprio Cameron referiu-se à possibilidade de um “toquezinho legal” para garantir o sistema de autorregulação. Os liberal-democratas propuseram que o “royal charter” não fosse alterado a menos que uma maioria de dois terços dos parlamentares concordasse com a proposta, uma barreira que teria que constar do estatuto.

Após o encontro com o grupo Hacked Off na quinta-feira, uma fonte citou o vice-primeiro-ministro Nick Clegg: “Nick queria falar com as vítimas para ouvir suas últimas opiniões. Ele sabe que o sentido de urgência é de suma importância. E quer que isto chegue a uma conclusão no novo ano. Não se trata de debater o que Leveson recomendou – o debate é sobre como fazê-lo.” Informações de Patrick Wintour [The Guardian, 21/12/12].