Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Uma matéria sobre pessoas e tragédia, não sobre a mídia

O massacre na escola Sandy Hook, na cidade americana de Newtown, gerou diversas discussões: o modo como é regulada a venda de armas deveria ser mudado? Estão sendo investidos recursos suficientes no cuidado de doenças mentais? As escolas deveriam se tornar fortalezas armadas? E, claro, o que pode ser feito sobre a mídia irresponsável?

No site TheWeek.com, o comentarista conservador Matt K. Lewis escreve os motivos pelos quais a mídia devia se envergonhar da cobertura sobre o massacre em Connecticut, sem, entretanto, condená-la por um crime grave. Ao criticar os erros da imprensa ao errar o nome do atirador, por exemplo, Lewis menciona que na verdade o dado errado veio de autoridades – mas todo veículo deveria checar as informações.

Um outro ponto de ataque foram os pedidos de entrevistas de parentes e amigos das vítimas pelo Twittter e as entrevistas – algumas ao vivo – com crianças sobreviventes. Na opinião de Erik Wemple [The Washington Post, 17/12/12], repórteres não deveriam ser criticados por buscar entrevistar fontes. Além disso, “crianças são pessoas que, algumas vezes, querem ser ouvidas”, sendo a decisão de falar dos pais e delas mesmas.

Wemple alega, a favor da mídia, que Newtown é uma matéria sobre o insondável: o que motivou alguém a levar o horror a uma escola primária, um dos poucos lugares cuja inviolabilidade e a inocência são uma constante? Repórteres estão buscando responder essa questão, assim como reunindo histórias das vítimas, em um processo para garantir que elas sejam lembradas.

Não há muito que um crítico de mídia possa falar, bem diferente das eleições presidenciais americanas, que teve um ângulo midiático a cada disputa, ou o futuro de Hillary Clinton, que não passa de uma história da mídia. Já Newtown é uma matéria sobre pessoas e tragédia, não sobre a mídia – pelo menos até agora.