Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Argumentos finais da defesa concluem que soldado teve boas intenções

Na semana passada, a defesa e a acusação forneceram suas conclusões finais sobre o soldado Bradley Manning, fonte da massiva quantidade de informações confidenciais entregues ao WikiLeaks. Agora, a juíza Denise Lind poderá dar seu veredicto para o caso de Manning, que já admitiu ter entregue, em 2009 e 2010, mais de 70 mil documentos oficiais ao WikiLeaks, incluindo arquivos das guerras do Iraque e do Afeganistão, mensagens diplomáticas, arquivos de presos de Guantánamo e um vídeo de um ataque de um helicóptero Apache que matou civis em Bagdá. Somente essa admissão pode levá-lo a mais de 20 anos de prisão. Mas o governo seguiu adiante com um julgamento para acusações mais sérias, incluindo violação do Ato de Espionagem e ajudar o inimigo. Se condenado por essas, pode enfrentar prisão perpétua.

Para o promotor Ashden Fein, ele foi um anarquista e um traidorque usou seu treinamento e suas habilidades para prejudicar deliberada e sistematicamente os EUA e para fornecer assistência ao al-Qaeda. Já para o advogado de defesa, David E. Coombs, que apresentou seus argumentos um dia após a acusação, ele foi um “jovem inocente porém bem intencionado” e pediu à juíza para ter clemência ao decidir seu destino. Para Coombs, seu cliente foi um “humanista” e um “denunciante” que divulgou apenas os arquivos que acreditava que não seriam prejudiciais, mas estabeleceriam um debate e levariam a mudanças.

Coombs argumentou que Manning, que tem 25 anos, escreveu em chats online que nunca sabia que iam se tornar públicos. Ele também exibiu trechos do ataque de um helicóptero Apache que matou civis em Bagdá – incluindo dois jornalistas da Reuters – e que atingiu uma van com crianças. “Todos esses mereceriam morrer? Era isso que o soldado está pensando quando vê esse vídeo e o questiona”. Ele ainda alegou que o WikiLeaks era uma parte legítima da mídia, não sendo diferente de organizações como NYTimes, Guardian ou Der Spiegel, que também publicam informações online. “Ele entregou informações a uma organização jornalística. Ele não agiu desenfreadamente. Ele selecionou informações que acreditava que o público deveria saber”, afirmou.

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