Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Universidades esbarram em falta de autorização para uso de drones

Com os drones sendo cada vez mais usados no jornalismo, duas universidades americanas viram-se envolvidas recentemente em uma situação atípica. No mês passado, elas receberam um pedido da Administração Federal de Aviação para encerrar as atividades com aviões não-tripulados, caso contrário podem enfrentar uma ação judicial.

Os diretores Matt Waite, do Laboratório de Jornalismo de Drones da Universidade de Nebraska, e Scott Pham, do Programa de Jornalismo de Drones da Universidade do Missouri, afirmaram estar nos estágios iniciais do que será provavelmente um processo de meses para obter um certificado de autorização, o chamado COA. Agências públicas, como departamentos de polícia, que pretendem usar drones em espaços abertos devem fazer um pedido de permissão para a Administração Federal de Aviação – e os programas de jornalismo se enquadram nessa categoria, informou Les Dorr, porta-voz do órgão. “Aproximadamente ¼ dos pedidos que recebemos para obter esse certificado vêm da Academia”, diz.

A proibição dos voos afetou o calendário das universidades e provocou o cancelamento de um curso da Universidade do Missouri para o segundo semestre de 2013, assim como gerou uma reavaliação da viabilidade dos projetos de reportagem com base nos drones e nas missões dos programas.

Não é possível prever as notícias

Os programas de jornalismo com drones das universidades de Nebraska e Missouri foram criados, respectivamente, em 2011 e 2012. Desde então, os professores vêm trabalhando com os alunos para desenvolver as tecnologias e as habilidades necessárias para usar drones em reportagens, principalmente em pautas sobre desastres naturais, tendências agrícolas e protestos políticos. No ano passado, eles produziram matérias em vídeo sobre uma grande seca que atingiu parte dos EUA e sobre a migração de gansos, por exemplo.

Anteriormente, esses programas usavam os drones sob regras estabelecidas para amadores, o que significava manter os aviões abaixo de 120 metros e longe de pessoas e aeroportos, ao alcance da vista. O conteúdo produzido pelos programas atraiu atenção internacional – e também da Administração Federal de Aviação. Em uma carta enviada às universidades em julho, a agência escreveu que os programas estavam operando os drones “sem autorização própria” e poderiam enfrentar “ações legais”.

Para solicitar a autorização, é preciso dizer que tipo de drone será usado, quando e onde. A prioridade do órgão de aviação é a segurança. Os termos limitam a aplicabilidade jornalística. “É algo anti-ético para o jornalismo. A não ser que você tenha como prever um evento noticioso em determinada localização com meses de antecedência, não vai funcionar para o trabalho regular de jornalismo com o qual estamos acostumados”, opina Waite. Ainda assim, ele quer continuar com sua pesquisa e possivelmente realizar voos no campo indoor de futebol. “Estou vendo isso como uma oportunidade de aprendizado. Vou escrever sobre o processo e compartilhar essa informação”. Como parte da resposta à agência, Waite está organizando a primeira conferência de jornalismo de drones, de 24 a 26 de outubro.