Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalistas debatem a importância da codificação na profissão

Os jornalistas precisam saber HTML? E CSS? E Javascript? …Python?

O debate continua firme e quem botou lenha na fogueira [na semana passada] foi a jornalista Olga Khazan, escrevendo sobre como se ressente do tempo que passou aprendendo a codificar na faculdade de Jornalismo em vez de fazer algo mais próximo do objetivo específico de sua carreira – escrever textos. O artigo assinado por ela na revista The Atlantic provocou debates no Twitter – com argumentos pró e contra. Os sins, os nãos e os talvez continuam girando em círculos.

Eu entraria nessa luta (para além de meus comentários no Twitter), porém acho que Robert Hernandez, um bem-sucedido jornalista da internet que também leciona na faculdade de Jornalismo que frequentou a jornalista acima citada, faz um excelente trabalho explicando por que aprender uma linguagem codificada (ou, pelo menos, se expor a ela) é importante para jornalistas. Ele escreve: “Tive uma carreira incrível porque aprendi o poder que está por trás da frase ‘Olá, mundo’.” Ou, mais adiante na mesma mensagem, referindo-se aos estudantes da faculdade de Jornalismo que não querem aprender: “Estamos em 2013. Você está realmente resistindo a aprender tecnologia?”

Nem todos os jornalistas precisam ficar intimamente familiares com o terminal, mas deveriam ter familiaridade suficiente para identificar aquilo que procuram ou para corrigir alguns erros de formatação nas linguagens HTML/CSS com ferramentas úteis que seu gerenciamento de conteúdo proporciona na própria matéria da internet ou em seu blog. Deveriam compreender um pouco daquilo que pedem a seus desenvolvedores para fazer quando lhes entregam um banco de dados ou uma ideia para um projeto digital. Hernandez faz um excelente trabalho analisando as diferenças entre conhecimento digital e linguagem codificada (o que, por si só, já é outro debate). Ele traça paralelos entre expor os estudantes de jornalismo impresso a escrever para uma transmissão (de rádio ou televisão) e aprender a compor fotos (minha escola de Jornalismo, como muitas outras, exigia que aprendêssemos ambas as coisas, embora eu nunca tenha querido estar na frente ou por trás de uma câmera).

Hernandes explica:

“Quando os estudantes ouvem coisas como ‘Todos os seus estudantes têm que ser programadores’, compreendo a sensação de pânico que os toma. Concordo que nem todos os jornalistas têm que aprender e dominar a linguagem codificada em JavaScript, Python ou Ruby. Mas eles deveriam saber que não se trata de mágica e, para terem êxito em suas carreiras modernas, têm que ser capazes de se comunicar e trabalhar ao lado de diferentes especialistas, inclusive programadores. No mínimo, têm que ter um conhecimento básico digital.

“Na USC Annenberg e em outras escolas, nosso objetivo é preparar você para uma carreira, e não apenas para seu atual emprego. Esses cursos digitais ensinam mais do que apenas uma linguagem, ou como usar um software – estes são apenas ferramentas. Esses cursos usam essas ferramentas para ensinar você a pensar, a resolver problemas, a encontrar soluções inverossímeis dentro de um prazo estabelecido.

“Contar com HTML, CSS, FTP, Adobe Photoshop, Final Pro Cut ou Illustrator em seu currículo vai ajudá-lo, e não prejudicá-lo. E no mercado de trabalho competitivo do jornalismo atual, você precisa de toda a ajuda que puder.”

Obviamente, se você está lendo este blog, pensa: ‘Ele está pregando aos convertidos.’ Mas se você estiver disposto a mergulhar, ou conhecer um jornalista que esteja, nós lhe apresentamos como começar ensinando a você próprio a linguagem codificada e onde começar a fazê-lo gratuitamente.

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Meranda Adams é jornalista e blogueira