Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Premiê se opõe a censura de foto de ‘topless’ em tabloide

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que lidera uma campanha contra a pornografia online no Reino Unido, declarou-se contrário à proibição de fotos de mulheres de topless na famosa Page 3 do tabloide The Sun. A Page 3 (ou Página 3) é uma seção que traz, desde a década de 1970, uma foto de uma modelo de topless. A seção sempre provocou controvérsia e existe uma campanha para que ela seja extinta.

Em junho deste ano, a deputada Caroline Lucas, do Partido Verde, vestiu uma camiseta com o slogan da campanha “No More Page Three” durante um debate da Câmara dos Comuns sobre o sexismo na mídia. Ela chegou a defender que o governo interfira pelo fim da seção se o Sun não a remover até o fim do ano. Cameron, por sua vez, afirmou que não pretende intervir na polêmica. “Essa é uma questão que nós deviamos deixar para que os consumidores decidam, e não os reguladores”, respondeu em julho.

Pornografia acessível na web

Questionado na semana passada em um programa de rádio da BBC sobre a divergência de opiniões, o primeiro-ministro esclareceu: para ele, há uma diferença entre jornais impressos, que os pais podem manter longe das crianças, e a internet, onde menores de idade podem esbarrar em pornografia legal, mas pesada para sua idade. “Você pode controlar o acesso dos seus filhos a jornais, livros e revistas. O problema com a internet é que as nossas crianças estão online”, completou, insistindo que há diferença entre a publicação de imagens em jornais e na web. Cameron disse que conversou com pais que lhe contaram que seus filhos já esbarraram em conteúdo impróprio quando faziam pesquisas inocentes.

Há alguns meses, o governo anunciou um plano de medidas contra a pornografia online – a pornografia infantil já é crime no Reino Unido, mas Cameron argumenta que existem diversos tipos de “pornografia legal” acessíveis na internet. Entre as medidas está o bloqueio a esse tipo de conteúdo por filtros instalados pelos provedores. Para ter acesso a conteúdo bloqueado, o adulto terá que pedir a liberação a seu provedor. O premiê também defende que ferramentas de buscas não retornem resultados com termos associados a pornografia infantil.

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