Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Tim Berners-Lee: “Vigilância prejudica confiança das pessoas na web”

“A vigilância online está prejudicando a confiança das pessoas na internet”. O alerta é do britânico Tim Berners-Lee, considerado o criador da internet, que complementa, entretanto, que a longo prazo os direitos dos usuários estariam garantidos.

Na opinião de Berners-Lee, vazadores como Edward Snowden, que revelou documentos secretos da Agência Nacional de Segurança dos EUA e de agências de vigilância britânicas, são muito importantes. “Acredito que devemos protegê-los e respeitá-los. Os países devem muito a eles. (…) Não teria como termos essa conversa sem eles”, disse no lançamento de um novo índice mundial de liberdade na web, compilado pela World Wide Web Foundation.

O ranking, que teve sua primeira edição no ano passado, mostra que a internet e as redes sociais estão estimulando as pessoas a se organizar, a agir e a tentar expor transgressões em cada região do mundo. “Mas alguns governos estão se sentindo ameaçados com isso e agora uma crescente onda de vigilância e censura ameaça o futuro da democracia”, constatou ele.

Diferentes definições de liberdade

Jimmy Wales, co-fundador da Wikipedia, afirmou que após as revelações sobre vigilância optou-se por começar a encriptar as comunicações da enciclopédia colaborativa online com seus usuários em todo o mundo, para evitar que haja espionagem sobre o que as pessoas estão acessando ou editando. Wales avalia que as revelações sobre a extensão da espionagem tiveram um efeito muito prejudicial na reputação do Ocidente. “Se os EUA e o Reino Unido monitoram as comunicações de todos, então os chineses podem justificar fazer o mesmo”.

Berners-Lee explicou que o foco do significado de “liberdade” mudou nos últimos dois anos, de censura de sites, passando pelo medo de que governos cortem a conectividade, até a vigilância silenciosa. “Agora a força mais traiçoeira é sobre o efeito de autocensura”, resume.

O índice de liberdade na web comparou 81 países (20 a mais do que no ano passado), combinando diferentes medidas, como o alcance do acesso à internet, o efeito que a disponibilidade da rede têm sobre a sociedade, e as manifestações de censura. De 2012 para 2013, os EUA caíram da segunda para a quarta posição no ranking. A Suécia ficou em primeiro lugar, seguida por Noruega e Reino Unido. O Brasil ficou na 33ª posição, logo atrás da Colômbia, de Cingapura e do México.