Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Como a internet fez reviver um fantasma de 22 anos atrás

No fim de 2013, um artigo da Vanity Fair tornou-se, rapidamente, o quinto mais lido da história dos arquivos da revista. O inusitado é que a reportagem, que abordava uma acusação de abuso sexual sofrida pelo renomado cineasta Woody Allen, havia sido publicada em 1992. Na ocasião, Allen e a atriz Mia Farrow estavam em meio a uma separação violenta – ele se casaria posteriormente com uma filha adotiva dela, Soon-Yi Previn. O diretor havia sido acusado de abusar sexualmente de uma filha do casal, Dylan, o que ele nega até hoje.

Tudo começou quando a autora do artigo, Maureen Orth, achou, no início de 2013, que seria “interessante” procurar Mia Farrow e sua família para descobrir como estavam as coisas quase 22 anos depois do suposto abuso sexual. Os Farrow concordaram com a aproximação, e em abril Maureen começou a apurar um novo artigo sobre o assunto, publicado em outubro. Foi esta peça que ampliou a procura ao link da reportagem escrita duas décadas atrás.

Twitter

O interesse pelo assunto aumentou ainda mais quando Ronan Farrow, filho biológico de Allen e Mia, postou no Twitter comentário sobre o suposto abuso contra sua irmã, em janeiro, quando o pai recebeu uma homenagem na premiação Globo de Ouro. (Curiosidade: no artigo da Vanity Fair publicado no ano passado, questionada se Ronan poderia ser filho do cantor Frank Sinatra, com quem fora casada, Mia respondeu apenas “Talvez”.)

 

 

 

 

Diante do poder das redes sociais de proliferar descontroladamente qualquer tema mais cabeludo, a própria Dylan Farrow resolveu dar sua versão. Dylan escreveu, no início de fevereiro, uma carta contando o que lembrava sobre sua relação com o pai quando era criança. A versão dela – que relata o suposto abuso em um sótão – foi publicada pelo colunista do New York Times Nicholas Kristof, que é amigo de Mia.

A carta da filha levou Allen – que é conhecidamente tímido e reservado em relação à mídia – a publicar um artigo sobre a questão no mesmo New York Times. O cineasta nega que tenha abusado de Dylan e sugere que Mia tenha inventado a história porque tinha raiva por conta da separação. Segundo ele, foi sua última palavra sobre o assunto.

 

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