Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Imprensa teme que atentado a jornalista permaneça sem solução

Um dia após o esfaqueamento de Kevin Lau Chun-to, ex-editor do jornal Ming Pao, de Hong Kong, na semana passada, agências de notícias locais expressaram temor de que os agressores ficassem impunes, tal como já ocorreu em outros casos de atentados cometidos contra jornalistas.

A notícia do ataque dominou a capa da edição de quinta-feira (27/2) do Ming Pao, com fotos dos suspeitos – obtidas através de câmeras de segurança – expostas na parte superior da página. O layout do nome do jornal também foi modificado, usando o preto como cor de fundo, em vez de seu habitual vermelho.

O jornal oferecia uma recompensa equivalente a R$320 mil por informações que levassem à prisão dos agressores. Lau foi esfaqueado três vezes por um homem que fugiu em uma moto pilotada por um cúmplice.

O editorial de primeira página disse que o ataque “deixou jornalistas com um sentimento indescritível, um temor de que a liberdade esteja em fuga constante”.

Histórico de ataques

O Apple Daily, diário populista local, externou sua preocupação, mencionando que “ataques anteriores contra jornalistas seguiam sem solução” em Hong Kong. Um artigo no South China Morning Post ilustrou como a polícia tem falhado repetidamente em solucionar casos de agressões a jornalistas, dizendo: “Os autores da maioria destes ataques, bem como seus respectivos mandantes, ainda não foram levados à justiça”.

O veículo citou um ataque particularmente brutal ocorrido em 1996, no qual o jornalista veterano Leung Tin-wai foi esfaqueado nas costas e teve os polegares e um antebraço decepados. Apesar da oferta de uma recompensa de R$1,6 milhão à época, ninguém foi preso.

Ainda assim, tanto Leung Chun-ying, chefe do Executivo de Hong Kong, quanto Clifford A. Hart Jr, cônsul-geral dos Estados Unidos em Hong Kong, expressaram confiança de que os criminosos do caso Lau sejam detidos.

O ataque surgiu como mais um ponto de inflamação nas tensões entre Hong Kong e a China continental. Muitos leitores que comentaram em sites de notícias enxergam um dedo de Pequim – direta ou indiretamente – por trás do ataque, pois Lau era altamente crítico ao governo chinês. O jornalista permanece internado em um hospital de Hong Kong e seu estado é grave.