Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Irritação de ator reflete leviandade do jornalismo de fofocas

George Clooney irritou-se de vez com o sensacionalismo da imprensa de fofocas britânica. O ator americano criticou o jornal inglês Daily Mail por ter afirmado, em uma “reportagem”, que a mãe libanesa de sua noiva se opunha ao casamento por motivos religiosos. O artigo dizia que parentes tinham feito piadas sobre a morte da noiva, a advogada Amal Alamuddin, caso ela desafiasse os desejos de sua mãe.

“Temos parentes pelo mundo todo e a ideia de que alguém pudesse incentivar a raiva em qualquer lugar do mundo com o único propósito de vender jornais deveria ser criminosa”, escreveu Clooney numa resposta publicada no USA Today, acrescentando: “Quando eles põem minha família e meus amigos em perigo, ultrapassam em muito os limites de um tabloide risível, entrando para a arena da incitação à violência.”

Depois da reação do ator, o Daily Mail retirou o artigo de seu site, mas outros veículos já tinham publicado matérias semelhantes. Clooney recusou-se a aceitar um pedido de desculpas do jornal, e voltou a responder pelo USA Today: “O Daily Mail sabia que a matéria em questão era falsa e assim mesmo a imprimiu”, escreveu.

Quem dá as cartas

Diante do grande mercado de fofocas sobre a vida dos famosos, muitas celebridades aprenderam a controlar as informações sobre suas carreiras e vida pessoal. O casal Kanye West e Kim Kardashian, por exemplo, driblou os paparazzi ao colocar uma fotografia do casamento no Instagram. O jogador de basquete LeBron James manteve seus fãs em suspense até revelar ele próprio, em um texto em primeira pessoa publicado na revista Sports Illustrated, sua volta a Cleveland. O próprio Clooney mostrou que sabe como jogar o jogo da mídia, ao usar o espaço do USA Today para criticar o Daily Mail.

O ataque do ator ao tabloide britânico e suas práticas jornalísticas questionáveis chega numa hora em que o site do jornal prossegue em uma estratégia de expansão agressiva nos EUA. O Mail Online [versão digital do jornal] tem mais de 36,4 milhões de leitores únicos por mês no país, segundo a consultoria ComScore – um crescimento de 30% em relação ao ano passado.

Sátira no teatro

Em meio à controvérsia, o Washington Post publicou uma matéria sobre uma peça de teatro em Londres, intitulada Great Britain, que faz uma sátira a um tabloide britânico envolvido em falsificação, invasão de privacidade e intimidação. Baseada em fatos bastante semelhantes aos do escândalo dos grampos telefônicos que levaram ao fim do tabloide News of the World e a uma condenação a 18 meses de cadeia a seu ex-editor-chefe, a peça poderia ter George Clooney na plateia de pé, aplaudindo.