Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

NBC e CNN afastam correspondentes da Faixa de Gaza

A mídia americana teve dois casos de afastamento de correspondentes na cobertura do conflito entre israelenses e palestinos, na semana passada. Na emissora de TV NBC News, o experiente jornalista Ayman Mohyeldin sumiu da cobertura de um dia para o outro, sem explicação. Já na rede de notícias CNN, a repórter Diana Magnay foi transferida para a Rússia depois de publicar uma mensagem considerada ofensiva no Twitter.

 

O sumiço de Ayman Mohyeldin

O jornalista egípcio-americano Ayman Mohyeldin é um repórter com bastante experiência em conflitos na Faixa de Gaza. Em 2009, quando Israel invadiu Gaza, ele era um dos únicos jornalistas presentes. Em 2012, Mohyeldin cobriu os ataques aéreos israelenses contra Gaza. E, na semana passada, lá estava ele, pela NBC News, informando em primeira mão sobre um ataque que matou quatro crianças palestinas que brincavam em uma praia.

No entanto, no dia seguinte [17/7], quando Israel organizou uma invasão terrestre para erradicar o Hamas, Mohyeldin não realizou a cobertura. Tampouco informou sobre os conflitos em cidades como Jerusalém ou Cairo, ou se manifestou nas redes sociais, onde possui muitos seguidores.

O fato causou estranhamento nos espectadores e também nos colegas que acompanham o trabalho do jornalista – até que se descobriu que ele havia sido afastado de Gaza pela própria NBC News.

A emissora se recusou a comentar o afastamento de Mohyeldin. O jornalista Glenn Greenwald, do site de jornalismo investigativo The Intercept, informou que a decisão veio dos executivos da NBC News e que foi motivada por “questões de segurança” devido à invasão terrestre programada por Israel. Isso não explica, porém, por que a NBC enviou Richard Engel, seu principal correspondente internacional, para substituir Mohyeldin.

Especula-se que um tuíte e um comentário no Facebook publicados por Mohyeldin possam ter irritado os executivos da NBC News. Em ambas as mensagens, o jornalista dizia que o Departamento de Estado acusara o Hamas pelo ataque israelense que matou as crianças na praia por discordar com um cessar-fogo. Posteriormente, as duas postagens foram apagadas.

Uma fonte interna, no entanto, nega que o afastamento do jornalista tenha a ver com as publicações nas redes sociais. Outras fontes mais conservadoras chegaram a sugerir que o afastamento de Mohyeldin tenha relação com seu favorecimento do lado palestino no conflito, mas tais especulações também foram negadas.

O correspondente começou sua carreira na NBC News em Washington, em 2001, e mais tarde trabalhou para a Fox News e para CNN. Também fez parte da divisão inglesa da Al Jazeera e ganhou notoriedade ao cobrir a Primavera Árabe. Em abril deste ano, foi citado pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes.

Diante de toda a polêmica em torno de seu afastamento, a NBC News recuou na decisão e informou que Mohyeldin voltará a fazer a cobertura em Gaza

 

Diana Magnay e o tuíte ofensivo

Uma jornalista da CNN também foi afastada da cobertura na Faixa de Gaza, mas por outras razões. Na quinta-feira [17/7], Diana Magnay apareceu em uma transmissão da rede sobre uma colina com vista para a fronteira entre Israel e Gaza. Enquanto reportava os acontecimentos, era possível ouvir israelenses comemorando o lançamento de mísseis disparados em direção a Gaza.

Após a transmissão, Diana publicou a seguinte mensagem no Twitter: “Israelenses na colina acima da cidade de Sderot comemoram enquanto bombas caem em #gaza; e estão ameaçando ‘destruir nosso carro caso eu diga algo errado’. Escória.”

A mensagem foi apagada cerca de 20 minutos mais tarde, o que não evitou que fosse retuitada mais de duzentas vezes. Uma porta-voz da CNN declarou posteriormente que Diana se arrepende pela linguagem utilizada e que a mensagem se referia exclusivamente àqueles que atacavam a equipe de reportagem: “Ela certamente não quis ofender a ninguém além daquele grupo em especial; a repórter e a CNN pedem desculpas aos que possam ter se sentido ofendidos”, concluiu.

Ainda assim, Diana foi realocada para Moscou.