Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Sony libera ‘A Entrevista’ e comemora faturamento alto

Após ceder a ameaças de crackers e cancelar a estreia do longa A Entrevista, que parodia a morte do líder norte coreano Kim Jong-un, a Sony Pictures voltou atrás e decidiu manter o lançamento do filme nos EUA para o dia de Natal. A polêmica acabou sendo lucrativa: o estúdio faturou US$ 1 milhão em bilheteria apenas no primeiro dia de exibição, embora tenha sido colocado em cartaz em pouco mais de 300 salas, apenas 10% do inicialmente planejado para o lançamento.

A Sony também liberou A Entrevista na internet, e em apenas quatro dias arrecadou mais de US$ 15 milhões. De acordo com o estúdio, o longa foi comprado ou alugado nas lojas virtuais mais de duas milhões de vezes entre quarta-feira (24/12) e sábado (27/12). Inicialmente, ele foi disponibilizado para compra ou aluguel no YouTube, Google Play, na loja de vídeos do videogame Xbox, da Microsoft, e no site See The Interview. No domingo (28/12), a loja da Apple também passou a comercializá-lo com aluguel a US$ 5,99, mesmo preço das concorrentes.

A decisão de liberar o longa ao público ocorreu depois que o presidente Barack Obama criticou a Sony por ceder às exigências para cancelar o lançamento do filme, logo após um ataque cibernético grave ao estúdio. Seth Rogen, co-roteirista, co-diretor e uma das estrelas do filme, chegou a comparecer a um cinema em Los Angeles, na primeira (e esgotada) sessão para agradecer pessoalmente ao público.

Lançamento alternativo

O lançamento nada convencional do longa não apenas refletiu a tensão devido a ameaças terroristas contra os cinemas que exibissem o filme, como também mostrou que o jeito de se ganhar dinheiro na indústria cinematográfica pode mudar bastante no futuro.

Embora a Sony pudesse faturar muito mais caso tivesse lançado o filme em duas ou três mil salas de cinema, conforme planejado inicialmente, o faturamento de US$ 1 milhão é bastante significativo se considerarmos que o filme ganhou rotas alternativas para chegar ao público.

Mesmo podendo ser assistido online, o longa teve lotações esgotadas nos cinemas onde foi exibido, mostrando que um formato não prejudica o outro. Este tipo de lançamento, no entanto, ainda gera controvérsias em Hollywood. Ao passo que empresas como a Netflix lutam para lançar filmes em seu serviço simultaneamente aos cinemas, alguns executivos resistem à ideia. A pirataria também continua sendo um problema; estima-se que A Entrevista tenha sido baixado ilegalmente 900 mil vezes.

Além disso, embora as perspectivas sejam positivas, o formato alternativo de lançamento do filme talvez não seja um progresso, pois muitos críticos o enxergam como “um ato de desespero” da Sony para sanar seus prejuízos.