Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Diretor da al Jazeera reage a vazamento de e-mails com ironia

O diretor de jornalismo da Al-Jazeera English, Salah Negm, enviou um memorando aos funcionários da emissora com a linha de assunto “Para ser vazado”. No comunicado, ele usa de ironia e agradece aos funcionários que divulgaram ilegalmente mensagens com instruções para a equipe de jornalismo.

Nas referidas mensagens, o diretor solicitava abertamente a repórteres, âncoras e editores que não utilizassem os termos “terrorista”, “militante” e “islâmico” durante a cobertura do atentado contra o semanário francês Charlie Hebdo.

Negm foi altamente criticado pela imprensa internacional por sua postura e acusado de censura.

Nada a esconder

Em comunicado distribuído à imprensa, ele diz que a linha editorial da Al Jazeera não é segredo para ninguém e que os ditos vazamentos não provam nada de condenatório ou sinistro nas redações da emissora.

O diretor diz que outros podem interpretar os vazamentos como uma tentativa de espalhar a falsa noção de que a Al Jazeera está criando medo ou censura entre seus jornalistas, ou que está tentando intimidar e fazer brotar autocensura. No entanto, ele advertiu que o vazamento dos comunicados internos foi uma “bênção”, pois assim as pessoas podem conferir por si mesmas a lógica que rege as decisões editoriais da emissora. “Quem quer que tenha transmitido os e-mails a seus amigos, agradeço pelo enorme serviço prestado ao nosso canal. Sempre fui a favor de ser transparente e aberto, não temos nada a esconder”, escreveu.

Negm diz que no futuro vai publicar o guia de estilo e diretrizes editoriais no site da emissora para consumo público, pois a Al Jazeera “não tem nada a esconder, nem nada a temer”. Em sua mensagem, ele brinca e diz que a equipe bem que poderia transmitir as reuniões de pauta ao vivo, mas que talvez ninguém se interessasse em assisti-las.

Negm cita, ainda, que há diversas tentativas de distorcer e intimidar empresas de comunicação em muitos países – e que algumas delas foram bem-sucedidas, resultando de fato em autocensura e em polarização do jornalismo e de jornalistas; ele deixa claro, porém, que este não é o caso da Al Jazeera. “Defendo nossa redação e nossa equipe editorial para que continuem a lidar com fatos puros, cobertura equilibrada e uma terminologia clara, e que ela sempre exponha dúvidas ou preocupações em nossas reuniões editoriais, afinal a Al Jazeera protege toda forma de opinião”, concluiu.