Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ataque ao ‘Charlie Hebdo’ mudou percepção do público americano

O ataque ao semanário francês Charlie Hebdo parece ter mudado a forma como os cidadãos americanos encaram a representação do profeta Maomé. Uma pesquisa do Pew Research Center divulgada no fim de janeiro revelou uma grande diferença de opiniões no intervalo de uma década.

Nove anos atrás, seis em cada 10 americanos achavam que a publicação de cartuns representando o profeta – algo considerado ofensivo pelos muçulmanos – era irresponsável. Hoje, este número virou: seis em cada 10 americanos acreditam ser OK a publicação destes cartuns.

A pesquisa datada de fevereiro de 2006 – quando a publicação de cartuns do profeta por um jornal dinamarquês provocou violentos protestos em diversos países – foi conduzida em parceria pelo USA Today, CNN e Instituto Gallup. Nela, 61% dos americanos entrevistados disseram que os jornais europeus que publicavam tais imagens agiam de modo irresponsável. Na pesquisa do Pew conduzida em janeiro de 2015, após o ataque à redação do Charlie Hebdo em Paris, que deixou 12 mortos, este número se inverte, com 60% dos entrevistados dizendo aprovar a publicação dos cartuns.

Tensão contínua

De acordo com o relatório do Pew, os motivos dados pelos americanos entrevistados para suas opiniões sobre o assunto enfatizam uma tensão contínua entre o valor da liberdade de expressão e a tolerância religiosa. “Quando questionados a explicar sua posição sobre ser OK ou não publicar os cartuns, a maioria daqueles que ouviram falar do ataque [ao Charlie Hebdo] e disseram ser OK publicar os cartuns citou a liberdade de expressão e de imprensa (70%)”, afirmou a pesquisa.

Já na França, a simpatia aos cartuns de Maomé parece um pouco menor – ou, por outro ângulo, a cautela com relação a eles é maior. Uma pesquisa conduzida pelo semanário Le Journal du Dimanche após o atentado ao Charlie Hebdo mostrou que 42% dos entrevistados consideram que tais cartuns não devem mais ser publicados pela imprensa do país, enquanto 57% disseram que os veículos franceses deveriam ignorar as reações contrárias e continuar a publicá-los.

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