Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A morte como oportunidade

A polêmica sobre a divulgação de fotos digitalmente manipuladas e erroneamente legendadas pela Reuters não chegou perto da dimensão que deveria ter tido na mídia, segundo Tim Rutten, colunista de assuntos midiáticos do Los Angeles Times (12/8/06).

Isso se deve há duas razões. Primeiro, algumas imagens manipuladas no Líbano dão fortes indicativos de que haja fabricações mais amplas no fotojornalismo que a Reuters e outras agências de notícias têm obtido de seus free-lancers. Segundo, a mídia noticiosa americana respondeu extremamente mal às revelações de má-conduta de Hajj, demonstrando desinteresse no assunto e em tentar descobrir se o caso é único ou se representa uma série.

Rutten lamenta que nenhuma publicação nos EUA tenha encarado o desafio de tentar descobrir se há algo fora da ordem de maneira geral nas fotos de free-lancers da Reuters e outras agências – inclusive a Associated Press, que também publicou fotografias tiradas por Hajj. Uma rápida olhada no blog de Charles Johnson, Little Green Footballs, é o suficiente para perceber a má-conduta dos fotojornalistas. Várias fotos são claramente posadas para efeito de dramatização. Uma delas chama a atenção de Rutten: uma série de brinquedos de criança sobre as montanhas de destroços. Impressionantemente, os brinquedos estão limpos e intocados pela devastação. Em outra situação, o blogueiro parece ter descoberto que um mesmo fotógrafo usou mais de uma identidade.

Há muito mais, e vale a pena perder alguns minutos dando uma olhada, acrescenta Rutten. Esse é um dos poderes da internet e da blogosfera, e o fato de que pode ser empregado para ajudar a manter um jornalismo honesto é benefício de todos.

É importante notar, disse Rutten, que não há equivalente de manipulação propagandística no lado israelense do conflito. Isso porque um dos lados – o governo democraticamente eleito de Israel – vê a morte como tragédia, enquanto o outro – a organização terrorista Hezbollah, financiada pelo Irã – a vê como uma oportunidade.