O jornalista grego Kostas Vaxevanis, que causou furor na Grécia há pouco mais de um ano ao revelar os nomes de milhares de suspeitos de evasão fiscal, foi inocentado esta semana. A decisão da corte, em uma sessão que durou cinco horas, foi considerada uma vitória sobre a corrupção e um grande dia para a liberdade de imprensa. Vaxevanis lutava com o sistema judiciário na Grécia contra acusações de violação de privacidade. “Com essa decisão unânime, saímos totalmente vitoriosos hoje. Nossos adversários são todos aqueles que queriam encobrir o sistema de corrupção e de interesses que governa este país”, afirmou o editor de 47 anos, que publicou a lista em sua revista investigativa Hot Doc, em um período no qual a Grécia passava pela pior crise econômica de sua história recente.
A lista revelava o nome de mais de dois mil gregos que tinham contas secretas em um banco em Genebra, na Suíça. Muitos pertenciam à elite do país, como políticos e empresários. O documento ficou conhecido como “Lista Lagarde” porque foi entregue por Christine Lagarde, na época ministra das Finanças da França, ao então ministro das Finanças da Grécia, Giorgos Papaconstantinou, na esperança de que autoridades em Atenas pudessem fazer uma auditoria com os envolvidos. Desde 2011, Christine é presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Um promotor da Suprema Corte sugeriu, na semana passada, que Papaconstantinou seja julgado por negligência na manipulação do documento. O ex-ministro, que foi expulso de seu próprio partido, é acusado de remover da lista os nomes de três parentes seus.
Vaxevanis havia sido inocentado no ano passado, mas um promotor público reverteu o veredicto, em uma ação sem precedentes, alegando que a decisão havia sido precipitada, e desta forma ele foi julgado novamente.