Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Agressividade e destaque para a crise

A imprensa brasileira é agressiva e não tem medo de correr riscos, segundo artigo de Terry Wade para a agência de notícias Reuters [24/7/05]. O texto tem como mote o recente escândalo político que atingiu em cheio o Partido dos Trabalhadores. Wade explica brevemente o que é o escândalo do mensalão e ressalta que a imprensa nacional tem tido papel de destaque na crise, divulgando informações reveladoras e impulsionando a queda de altos personagens políticos – a matéria cita a saída de José Genoíno da presidência do PT e a renúncia do ‘poderoso’ ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Desde que o Brasil retornou ao regime democrático, em 1985, ‘a imprensa assumiu um importante e crescente papel e teria ajudado a eleger e, anos depois, a derrubar o presidente Fernando Collor’, diz o artigo. O correspondente afirma que as matérias mais impactantes nos últimos dois meses, ‘como as publicadas pela revista Veja‘, baseiam-se no depoimento de fontes confidenciais e em fotos de documentos bancários que comprovariam a corrupção praticada pelo PT.

Wade diz ainda que a disposição da mídia em se arriscar tanto por um furo pode levar a erros e fazer com que ela acabe arriscando sua própria credibilidade. O jornalista Alberto Dines, editor deste Observatório, é citado na matéria. Para ele, os veículos de comunicação brasileiros têm uma personalidade dividida: criticam seus concorrentes por publicarem matérias sem identificar suas fontes, mas acabam fazendo o mesmo.

Quaisquer erros que tenham sido ou venham a ser cometidos pela imprensa brasileira, ressalta o artigo da Reuters, não geram tanta comoção como nos EUA, onde casos recentes estremeceram a confiança do público na mídia. O resultado é uma cautela redobrada da imprensa americana na apuração de matérias complicadas ou sensíveis. ‘Uma imprensa vibrante [no Brasil], que poderia passar algumas dicas para os colegas nos EUA, consegue furo atrás de furo’, conclui o colunista do International Herald Tribune Roger Cohen.