Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Agressões na rede estimulam depressão

Kirsti Rodrigues entrou em pânico, dois anos atrás, ao deparar, na rede social MySpace, com um post escrito por uma amiga após uma briga, difamando-a. A jovem de 18 anos acabou entrando em depressão. O caso de Kirsti reflete o resultado de um estudo recente do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, que sugere que jovens que são vítimas de ‘cyberbullying’ – atos de violência psicológica pela internet – têm mais chances de desenvolver depressão do que seus agressores. Os resultados diferem de estudos sobre o bullying tradicional, em que tanto as vítimas quanto os agressores têm a mesma probabilidade de ser afetados por distúrbios psicológicos.


Enquanto no bullying tradicional, nas escolas, os adolescentes lançam mão de agressões verbais, violência física e exclusão social, no cyberbullying a hostilidade é disseminada através de ferramentas de maior alcance, como computadores e celulares. ‘Antes, as pessoas tinham de lidar com o bullying apenas na escola. Agora, a internet possibilitou que o cyberbullying fique disponível 24 horas por dia, sete dias por semana’, observa Kirsti.


O estudo perguntou a 7,5 mil estudantes, de 43 países, se eles já foram vítimas ou autores de cyberbullying e se tiveram sintomas de depressão nos últimos 30 dias. Vítimas frequentes de cyberbullying apresentaram níveis de depressão bem maiores que os agressores.


Difícil controle


Uma grande razão para a depressão parece ser a rapidez com que as ofensas se espalham na rede, com comentários em blogs, redes sociais ou e-mails anônimos. ‘Uma vez na internet, os posts ficam disponíveis indefinidamente’, avalia Ronald Iannotti, pesquisador do instituto. ‘O anonimato [do agressor] causa ainda mais estresse à vítima, já que não é fácil identificar o autor e pedir que ele pare’, ressalta.


O resultado do estudo acende uma luz de alerta para os pais diante das relações que seus filhos desenvolvem na rede. Para o pesquisador Jing Wang, do Instituto Nacional para Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano, que faz parte do Instituto de Saúde dos EUA, o envolvimento dos pais é o único fator que parece proteger um adolescente de se tornar vítima ou autor de cyberbullying. Em um próximo estudo, pesquisadores irão avaliar se adolescentes deprimidos têm mais chances de sofrerem cyberbullying. Informações de Amanda Chan [Yahoo News, 21/9/10].